Intoxicação por venenos de animais

Como existem inúmeros animais que produzem venenos, independentemente de ser para se defenderem ou para atacarem outros seres vivos, as suas mordeduras e picadas podem ser tóxicas.

Mordedura de serpentes venenosas

Topo A intoxicação por mordedura de serpentes venenosas é muito frequente nas regiões rurais onde estes répteis abundam, independentemente de serem zonas selvagens ou montanhosas, pântanos, matos ou desertos. Embora este fenómeno seja muito pouco habitual nas zonas industrializadas e urbanas, existem casos de mordeduras de serpentes venenosas que fugiram dos recipientes ou dos barcos nos quais foram transportadas desde os seus países de origem.

Apesar de existirem inúmeras espécies de serpentes venenosas, cada uma das quais com um aspecto característico, normalmente evidenciam características básicas que as distinguem das não venenosas. Por exemplo, as víboras (venenosas) costumam ter a cabeça triangular e plana, inúmeras e pequenas escamas entre os olhos e as pupilas verticais, enquanto que as cobras (não venenosas) possuem uma cabeça arredondada ou cilíndrica, grandes e escassas escamas entre os olhos e as pupilas arredondadas. Para além disso, a mordedura das víboras costuma evidenciar dois pontos sanguinolentos separados por vários milímetros, enquanto que as cobras não deixam marcas relevantes.

A primeira manifestação de uma intoxicação por mordedura de serpente venenosa corresponde ao aparecimento de inflamação e dor na zona afectada, normalmente num dos membros. Em primeiro lugar, deve-se extrair o veneno o mais rápido possível, de modo a evitar-se que alcance a circulação sanguínea e se dissemine pelo organismo. O procedimento mais simples consiste em sugar o veneno com a boca, tendo-se o cuidado de colocar um plástico entre os lábios e a ferida - caso seja possível, deve-se aspirar o veneno com uma seringa; por outro lado, não se deve colocar um torniquete acima do nível da ferida, já que iria intensificar as manifestações locais da intoxicação.

Caso não se consiga extrair o veneno, a zona da ferida continua a inflamar-se e, pouco depois, evidenciam-se manifestações gerais, tais como náuseas, vómitos, dor abdominal, problemas da coagulação sanguínea, alterações neurológicas e cardiorespiratórias. Caso não se proceda ao tratamento oportuno, nos casos mais graves a mordedura pode provocar várias complicações que podem originar a morte do paciente.

Para além da administração de analgésicos e de anti-inflamatórios e a aplicação de compressas frias sobre a ferida, de modo a atenuar as lesões locais, o tratamento consiste na administração de um soro antiofídico, de preferência um antídoto específico contra o veneno da serpente responsável, na vigilância e monitorização das funções vitais e na correcção das alterações que possam surgir em cada caso.

Picadas de aranhas e escorpiões

Topo Embora muitas das aranhas sejam venenosas, são poucas as espécies que possuem os elementos necessários para que o veneno atravesse a pele humana após uma picada e a maioria destas habitam em zonas selvagens. As intoxicações graves por picadas de aranha são muito pouco frequentes na América do Norte e na Europa, onde são, na maioria dos casos, provocadas pela Latrodectes mactans (viúva negra), sendo mais habituais nas zonas tropicais da América, África, Ásia e Oceânia, locais onde habitam várias espécies perigosas.

Não obstante que, na maioria dos casos, a picada apenas origine manifestações locais, nomeadamente inflamação, dor e formação de uma bolha no ponto de inoculação do veneno, por vezes podem surgir, ao fim de algumas horas, manifestações gerais, tais como febre, mal-estar, náuseas e problemas no ritmo cardíaco e respiração, que apenas excepcionalmente podem originar complicações graves. No entanto, em caso de picada de aranha, deve-se curar sempre a ferida, aplicar gelo sobre a zona para reduzir a inflamação e a dor e, caso seja necessário, administrar o soro ou o antídoto respectivo.

Por seu lado, a situação dos escorpiões é algo semelhante, já que quase todas as espécies que habitam na América do Norte e na Europa são inofensivas para o ser humano, pois a sua picada e consequente inoculação do veneno apenas origina dor e inflamação na zona afectada, embora se deva aplicar sempre gelo para aliviar os sinais e sintomas e levar a vítima para um centro de saúde, com vista a proceder-se ao devido tratamento da ferida. Todavia, nas várias regiões quentes do mundo existem espécies muito perigosas, como o escorpião Centuroides exilicauda, que habita nas regiões desérticas do México e no sul dos Estados Unidos, visto que a sua picada pode originar um quadro geral que se manifesta através de formigueiros, febre e convulsões, perante o qual a vítima necessita de ser hospitalizada para que lhe seja aplicado o tratamento específico.

Informações adicionais

Serpentes venenosas

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Existem inúmeras espécies de serpentes venenosas no mundo, algumas delas características de cada continente. Na Europa, as principais são as espécies Vipera berus, Vipera aspis e Vipera latastei. Na América, predominam as do género Crotalus (serpentes de cascavel), do género Bothrops e a serpente de coral norte-americana (Micrurus). Na Ásia, entre outras perigosas, habitam a Naja naja (cobra indiana), a Opiophagus hannah (cobra real), as víboras do género Echis, as do género Trimeresurus (arborícolas) e as dos géneros Hydrophis e Laticauda (marinhas). Na África, destacam-se as mambas negras ou verdes, que habitam em toda a zona húmida, e as espécies Naja haje e Naja nigricoIhs (presentes em todo o Magreb até ao Egipto), Cerastes cerastes (víbora cornuda do Saara), Echis carinatus e as dos géneros Bitis (B. gabonica ou víbora do Gabão, B. Arietans, B. Nasicornis ou víbora rinoceronte), Atheris (arborícolas) e Causus. Por último, na Austrália, habitam as espécies do género Oxyuranus, a espécie Notechis scritatus (serpente tigre) e várias serpentes venenosas aquáticas.

O médico responde

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As vespas e abelhas inoculam venenos através das suas picadas?

Embora alguns destes Insectos elaborem substâncias venenosas que podem inocular no ser humano caso cravem o ferrão na sua pele, a toxicidade destes venenos é muito ligeira, pois calcula-se que apenas podem provocar a morte de uma pessoa em caso de inoculação de secreções de centenas de abelhas. De facto, uma picada apenas provoca dor na zona, devido à inflamação provocada pelo veneno, e lesões consequentes do ferrão cravado na pele - a melhor maneira de aliviar o problema é aplicar gelo sobre a lesão e extrair o ferrão com uma unha ou navalha, mas sem tentar arrancá-lo com os dedos ou com pinças, porque assim pode-se injectar o veneno que ainda contém. Todavia, deve-se referir que, como algumas pessoas são alérgicas a estes insectos, uma simples picada pode provocar o desenvolvimento de alterações graves, como por exemplo um choque anafiláctico, devendo estes indivíduos tomar as devidas precauções antes de se aproximarem de uma zona habitada pelos insectos em causa e informar-se com o médico sobre o comportamento que devem adoptar perante uma eventual picada.

As incómodas medusas

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A s medusas são animais marinhos com uma forma um pouco esférica, da qual emergem tentáculos constituídos por pequenas cápsulas com uma substância que pode originar uma irritação cutânea, caso entre em contacto com a pele. Apesar de as medusas terem a tendência para se evidenciarem às centenas ou aos milhares, podendo literalmente infestar as margens, por vezes podem aparecer sozinhas. O contacto com as secreções venenosas das medusas apenas costuma originar uma lesão local, nomeadamente uma zona avermelhada e dolorosa, cujo contorno reproduz muitas vezes, minuciosamente, a forma da extremidade do tentáculo. Todavia, algumas pessoas evidenciam igualmente manifestações gerais, como dor de cabeça, vómitos, espasmos musculares e até alterações cardíacas ou respiratórias. Após um contacto com medusas deve-se proceder a algumas medidas para evitar a infecção da lesão e para se eliminar o veneno nela depositado. Deve-se lavar a lesão com água salgada, aplicar compressas impregnadas em álcool, água com vinagre, sumo de limão ou amoníaco sobre a zona. Caso a dor não desapareça, deve-se submergir a zona afectada em água o mais quente que se consiga aguentar, de modo a eliminar-se o veneno, e solicitar a devida assistência médica.

Para saber mais consulte o seu Médico Internista ou o seu Especialista em Medicina Tropical
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