Embora a maioria dos acidentes de trabalho seja provocada pela inalação de gases ou substâncias voláteis tóxicas, pode ser prevenida através da adopção de uma apropriada higiene no trabalho.
Generalidades
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A maioria das intoxicações é provocada pela inalação de gases ou emanações de líquidos voláteis tóxicos. As causas mais habituais são os acidentes profissionais e domésticos, a falta de conhecimento sobre a toxicidade dos produtos e as tentativas de suicídio. Embora existam muitos gases e substâncias voláteis que podem provocar intoxicação, os que o fazem com mai- or frequência são o monóxido de car- bono e os dissolventes orgânicos. Pe- rante uma intoxicação por inalação de gases ou substâncias voláteis, deve-se retirar o indivíduo afectado do local para respirar ar puro, obter o máximo de informação sobre a substância inalada e solicitar a rápida transferência para um centro de saúde, de modo a que receba o tratamento adequado.
Monóxido de carbono
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O monóxido de carbono é um gás inodoro e insípido originado por combustão incompleta, que se encontra presente, por exemplo, nos gases emanados dos motores dos automóveis, no gás de carbono para acender o lume, nos gases das cozinhas e esquentadores e no fumo do tabaco.
A intoxicação aguda por monóxido de carbono reside no facto de este gás, depois de ser inalado, se fixar à hemoglobina do sangue e impedir o transporte de oxigénio, provocando um quadro de asfixia. A afinidade do monóxido de carbono com a hemoglobina é tão grande que a sua concentração em apenas 0,1% do ar inspirado provoca uma intoxicação grave, enquanto que caso se evidencie em concentrações superiores provoca a morte do indivíduo afectado por asfixia. Felizmente, a fixação do monóxido de carbono à hemoglobina é reversível, pois caso se consiga separar o intoxicado do ambiente contaminado a tempo, pode-se obter a sua recuperação.
As manifestações da intoxicação por inalação de monóxido de carbono variam segundo as quantidades de gás absorvido. Nos casos moderados, o intoxicado encontra-se débil e evidencia dor de cabeça e, por vezes, vómitos, enquanto que nos casos mais graves fica inconsciente, debilitado e respira com muita dificuldade. Por outro lado, a pele adquire uma tonalidade rosada, muito intensa e característica, que reflecte o tom vermelho vivo adoptado pela hemoglobina quando transporta moléculas de monóxido de carbono.
Perante uma pessoa nestas condições e num ambiente fechado, deve-se pensar numa eventual intoxicação aguda provocada por monóxido de carbono. Caso se confirme a intoxicação, a primeira coisa a fazer é retirar o indivíduo afectado do ambiente contaminado, realizar respiração boca a boca, caso seja necessário, e chamar uma ambulância para transportar o paciente para um centro de saúde. O tratamento consiste essencialmente na utilização de um aparelho de respiração assistida e na administração de oxigénio puro, o que proporciona, na maioria dos casos, a recuperação do intoxicado. Todavia, por vezes, sobretudo se a exposição ao monóxido de carbono tiver sido prolongada, podem restar sequelas neurológicas.
Dissolventes orgânicos
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Os dissolventes orgânicos são líquidos tóxicos muito voláteis cujas emanações podem provocar um dos tipos mais graves de intoxicação. Como os que provocam intoxicações com maior frequência são os mais voláteis e tóxicos, os dissolventes mais utilizados, por estarem presentes em inúmeros produtos químicos, são o benzol e derivados (sobretudo o toluol, o xilol e o nitrobenzeno), o tetracloreto de carbono, o sulfureto de carbono, o tricloroetileno e a benzina. Entre as actividades em que se utilizam estes dissolventes destacam-se a fabricação de lacas, borrachas, derivados da celulose, peles, perfumes, explosivos e produtos anti-inflamáveis.
As manifestações da intoxicação aguda por inalação destes gases variam consoante o dissolvente orgânico em causa e o tempo de exposição. As principais são a irritação e inflamação da pele, conjuntivas, laringe e estômago, com consequentes náuseas e vómitos, e diversos sinais e sintomas que evidenciam a afectação do sistema nervoso, como debilidade, sensação de formigueiro na pele, dor de cabeça, tonturas, sonolência, tremores e convulsões. Nestes casos ligeiros, as lesões neurológicas costumam desaparecer sem deixar sequelas; nos casos mais graves, provoca estado de coma ou complicações potencialmente mortais.
Por outro lado, a exposição constante a estes gases proporciona uma intoxicação crónica, na qual se evidenciam problemas neurológicos irreversíveis, como polineurite, atrofia do nervo óptico, impotência sexual e alterações psíquicas, ou afectações hematológicas, como o benzolismo, provocado por uma intoxicação crónica por benzol e que se caracteriza por um défice das células sanguíneas.
O tratamento da intoxicação aguda necessita da transferência do paciente para um centro de saúde, no qual se devem administrar antídotos e medicamentos específicos. Para além do tratamento dos problemas presentes, em caso de intoxicação crónica é imprescindível que o paciente deixe de ficar exposto ao tóxico de forma definitiva.
Informações adicionais
O perigo dos insecticidas
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Nos últimos anos e à medida que a utilização de insecticidas e pesticidas se vai difundindo no trabalho agrícola, observou-se um aumento significativo das intoxicações provocadas por estes produtos. Os mais utilizados são os organofosforados, como o parathion, e os halogéneos, como o DDT. A toxicidade destes produtos é tão grande que, para além de conseguirem desencadear uma intoxicação caso sejam ingeridos acidentalmente por via digestiva, também o podem fazer quando são inalados e, até mesmo, através do contacto com a pele.
A intoxicação por pesticidas organofosforados provoca náuseas e vómitos, dor abdominal, diarreia, debilidade muscular, tremores e, nos casos mais graves, convulsões, estado de coma e paragem cardiorespiratória. Por outro lado, a intoxicação provocada pelos pesticidas halogéneos manifesta-se através de tremores, irritabilidade, convulsões, depressão respiratória e, apenas às vezes, paragem respiratória. Em qualquer caso, o tratamento necessita da urgente hospitalização do intoxicado.
A prevenção destas intoxicações passa por proporcionar a informação e roupa adequada às pessoas que manipulam estes produtos na sua actividade profissional. Todavia, como a população deve igualmente evitar o contacto ou a ingestão destes produtos, convém que lavem cuidadosamente a fruta e a verdura antes do seu consumo.