Como o mergulho submete o organismo a um aumento da pressão ambiental, caso não se tome determinadas precauções, pode originar vários tipos de problemas.
Generalidades
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Como a principal dificuldade do ser humano ao submergir em água é o facto de não conseguir respirar naturalmente, tem de recorrer a uma das possíveis formas de mergulho: a imersão em apneia, incorrectamente designada "a pulmão livre, na qual o indivíduo tem de suster a respiração, o que apenas possibilita uma curta permanência debaixo de água, no máximo de 2 a 3 minutos, ou a imersão com escafandro, na qual se recorre a um equipamento autónomo com garrafas de ar comprimido que permitem ao indivíduo respirar no interior da água, o que favorece uma permanência muito mais prolongada debaixo de água, até mesmo de várias horas. No entanto, a imersão provoca um outro problema igualmente grave, ou seja, um aumento da pressão ambiental que o organismo aguenta, que vai aumentando rapidamente à medida que o indivíduo vai submergindo. De facto, enquanto que ao ar livre e ao nível do mar o organismo se encontra submetido à pressão de uma atmosfera (760 mmHg), a 10 m de profundidade essa pressão duplica e a cada 10 m de descida soma-se outra atmosfera de pressão, enquanto que na subida ocorre o contrário. Estas alterações da pressão ambiental provocam alterações fisiológicas que, caso não se proceda à adopção de determinadas precauções, podem provocar graves problemas, conhecidos por "acidentes disbáricos de mergulho", entre os quais se destaca a síndrome de excesso de pressão pulmonar e o acidente de descompressão.Síndrome de excesso de pressão pulmonarQuando um mergulhador realiza uma imersão em apneia, o efeito da pressão ambiental sobre as cavidades do corpo constituídas por paredes elásticas, como a torácica, faz com que o seu volume diminua de forma directamente proporcional à da profundidade alcançada. Esta diminuição do volume do tórax proporciona a redução do tamanho dos pulmões no interior da cavidade: a 10 m de profundidade, o volume dos pulmões reduz-se para metade; a 20 m, para 1/3; a 40 m, para 1/4... Como é óbvio, na subida ocorre o contrário, já que nos últimos 10 m de subida, os pulmões duplicam o seu volume, regressando a dimensões normais ao ar livre, à medida que a pressão intratorácica se equivale à da exterior.Por outro lado, quando se realiza mergulho com garrafas de ar comprimido, a pressão intratorácica e a do interior dos alvéolos pulmonares mantêm-se ao nível da pressão ambiental sem que o volume dos pulmões seja alterado. Quando o mergulhador subir com os pulmões cheios de ar comprimido, deve fazê-lo lentamente, de modo a conseguir controlar a sua respiração e equilibrar a pressão intrapulmonar com a ambiental, que vai progressivamente diminuindo, sendo necessário que as suas expirações sejam mais prolongadas do que as inspirações. Caso o mergulhador, enquanto sobe, não expulse o ar comprimido presente nos seus pulmões da forma acima caso retenha a respiração numa subida rápida pode proporcionar um excesso de expansão pulmonar e uma possível ruptura dos septos alveolares e capilares. Este quadro é extremamente grave, já que a injecção de ar provoca graves complicações no tecido celular subcutâneo e no mediastino (enfisema subcutâneo e mediastínico), na cavidade pleural (pneumotórax) ou mesmo directamente no interior dos vasos sanguíneos (embolia). Embora esta última complicação, denominada aeroembolismo traumático, possa provocar a morte do indivíduo, pode ser facilmente prevenida caso se respeite as normas de respiração apropriadas durante a subida, sendo por isso que este acidente é muito mais raro nos mergulhadores experientes do que entre os novatos.
Acidente de descompressão
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Quando um mergulhador utiliza garrafas de ar comprimido, inala uma mistura de gases em pressão, algo extremamente útil para que se nivele a pressão intratorácica com a pressão ambiental, que vai gradualmente aumentando ao longo da descida. Todavia, o próprio aumento de pressão altera o comportamento e a solubilidade dos gases no organismo, já que o seu volume diminui em consonância com o aumento da pressão. No entanto, deve-se destacar que, enquanto o oxigénio é rapidamente metabolizado e utilizado pelos tecidos, o nitrogénio presente no ar actua como um gás inerte, já que como não é metabolizado, vai-se progressivamente acumulando no organismo, dissolvendo-se no sangue e, caso a imersão seja prolongada, também nos tecidos, sobretudo no adiposo. Embora esta situação não seja prejudicial para o mergulhador enquanto o mesmo se mantiver submergido, já que a pressão elevada faz com que o nitrogénio permaneça dissolvido, nem provoque problemas caso suba gradualmente à superfície, respeitando as devidas regras, de modo a eliminar o excesso de nitrogénio, em caso de subida demasiado rápida, o nitrogénio não consegue permanecer dissolvido e forma bolhas, uma situação semelhante a quando se tira a tampa de uma garrafa de cerveja, já que estes bolhas podem tapar os vasos sanguíneos e provocar vários problemas nos tecidos onde são libertados. Uma subida segura implica a realização de paragens a diferentes níveis e durante determinados períodos em função da profundidade e duração da imersão, de acordo com quadros de descompressão específicos.Caso as citadas regras de subida à superfície não sejam respeitadas, pode-se produzir um acidente de descompressão. Embora as manifestações mais comuns sejam dores osteomusculares, ardor na pele e manchas cutâneas, os casos mais graves também originam dificuldade respiratória e dor torácica, problemas neurológicos como debilidade ou paralisia nos membros, descoordenação, problemas visuais e até alterações da consciência que podem conduzir a um estado de coma. É um problema potencialmente grave, por vezes fatal, que necessita de um imediato tratamento de recompressão através da utilização de uma câmara hiperbárica.
Informações adicionais
Barotraumatismos
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Os barotraumatismos são lesões provocadas pelas variações do volume dos gases presentes em certas cavidades aéreas que não estejam em contacto com as vias respiratórias perante bruscas alterações de pressão, em que as zonas mais afectadas são os ouvidos e os seios perinasais.
Ao longo da descida, o ouvido médio do mergulhador, separado do ouvido externo pela membrana timpânica, actua como uma cavidade fechada, já que à medida que a pressão ambiental vai aumentando, o tímpano vai-se encolhendo para dentro, o que pode provocar uma sensação de dor nos ouvidos. Caso a dor se torne intensa, o mergulhador pode atenuar a mesma ao abrir as trompas de Eustáquio através de simples deglutições de saliva ou com procedimentos como forçar a respiração mantendo a boca fechada e o nariz tapado como se pretendesse soprar pelo nariz, já que desta forma o ar das vias respiratórias irá passar para o ouvido médio, o que equilibra as pressões de ambos os lados do tímpano. Caso não se adopte esta precaução, o tímpano, cada vez mais encolhido à medida que se vai descendo de profundidade, pode romper-se para dentro, provocando um barotraumatismo timpânico implosivo. Deve-se referir que, como este problema é mais intenso nos primeiros metros de imersão do que caso se desça a uma grande profundidade, basta descer-se entre 3 a 5 m sem se equilibrar as pressões em ambos os lados do tímpano para que exista risco de ruptura desta delicada membrana.
Durante a subida sucede o inverso, embora o excesso de ar no ouvido médio seja drenado pela trompa de Eustáquio sem que o mergulhador tenha de proceder a uma manobra específica. A drenagem do ouvido médio apenas é perturbada caso exista uma obstrução do canal, como um tampão mucoso provocado por um processo inflamatório, já que a dilatação aérea desta câmara provoca a expansão do tímpano para o exterior, ou até mesmo a sua ruptura, provocando um barotraumatismo explosivo no mergulhador.