Leite materno, alimento ideal
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A menos que existam contra-indicações específicas, o que apenas ocorre em aproximadamente 5% dos casos, recomenda-se que os bebés se alimentem, pelo menos até aos primeiros 4 a 6 meses de vida, com leite materno, a secreção que as glândulas mamárias femininas começam a produzir, naturalmente, após o parto. Embora, actualmente, existam no mercado tipos de leite adaptados ou artificiais, cuja composição nutritiva é semelhante à materna, deve-se ter em conta que as virtudes da amamentação natural não se restringem à qualidade nutritiva do leite, já que as suas vantagens em relação à artificial são, sem qualquer dúvida, muito maiores.Um dos principais atributos do leite materno é o facto de ser constituído por anticorpos provenientes do organismo materno, os quais protegem o bebé contra uma ampla gama de infecções até que o seu próprio sistema defensivo seja, mais tarde, capaz de os elaborar. Para além disso, ao contrário do leite adaptado, o alimento materno é naturalmente esterilizado, sai dos seios à temperatura adequada, é mais fácil de digerir no ainda imaturo sistema digestivo do bebé e origina, com muito menor frequência, problemas alérgicos.Todavia, o maior beneficio da amamentação materna é, sem qualquer dúvida, o facto de permitir que mãe e filho disponham de um contacto corporal íntimo, até certo ponto insubstituível, que terá repercussões muito positivas no amadurecimento psicológico e emocional do bebé.A amamentação materna deve começar o mais cedo possível, de modo a propiciar a subida do leite, favorecer a regularização mais prematura dos processos de elaboração e secreção deste alimento e possibilitar que o recém-nascido comece imediatamente a treinar o seu reflexo de sucção. Em suma, a menos que existam contra-indicações específicas em algum caso concreto, deve-se começar a dar de mamar ao longo das primeiras dozes horas após o parto, quando os seios ainda não dão leite, mas colostro (ver caixa).
Técnica
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A selecção do sítio onde se vai dar de mamar deve ser criteriosa, já que este gesto deve ser efectuado com calma, num local tranquilo que propicie o relacionamento íntimo entre mãe e filho. Dado que a adopção de uma posição cómoda para ambos é igualmente importante, o mais recomendável é a mãe sentar-se numa cadeira ou cadeirão, e enquanto mantém as costas direitas, apoiar o bebé no seu colo e, caso seja necessário, colocar uma almofada entre ambos, de modo a que o bebé fique numa posição inclinada e a sua cabeça fique próxima do peito da mãe, a um nível superior que o resto do seu corpo. Por outro lado, não é aconselhável que a mãe dê de mamar deitada na cama, já que, caso adormeça, o seu corpo pode cair em cima do bebé.Embora algumas mulheres, de início, se sintam um pouco estranhas ou desajeitadas ao darem de mamar, ao fim de algumas amamentações acabam por fazê-lo correctamente e com confiança, pois trata-se, no fundo, de um acto natural.A primeira coisa a fazer é aproximar o peito da face do bebé e roçar o mamilo na bochecha, uma manobra que desencadeia o reflexo de procura e sucção, no qual o bebé abre a sua boca, procura o mamilo, aplica os seus lábios sobre a aréola e começa, instintivamente, a sugar de forma rítmica e mecânica. Deve-se igualmente observar se o peito não obstrui o nariz do bebé, pois caso não consiga respirar à vontade, o bebé cansa-se e rejeita o alimento antes de se sentir satisfeito. Também se deve assegurar que os lábios do bebé ficam apoiados sobre a aréola e não se prendam aos próprios mamilos, uma região do peito muito sensível que se irrita e fica com fendas com muita facilidade.Os primeiros movimentos de sucção, quando o seio está cheio de leite, podem originar incómodo e dor. Todavia, a partir do momento em que o seio se começa a esvaziar, a sucção começa a tornar-se agradável. De qualquer forma, caso se evidencie algum incómodo ou dor, deve-se sempre consultar o médico, já que estas sensações podem ser provocadas pela existência de fendas e outros problemas nos seios.Ao fim de cinco minutos, a mama está praticamente vazia, o que proporciona uma diminuição da força e velocidade de sucção, sendo essa a altura ideal para se separar suavemente os lábios do bebé e retirar o peito: caso o bebé continue a mamar, deglute mais ar do que alimento.Depois de se retirar o peito, o bebé irá descansar, provavelmente arrotar e talvez adormecer. Contudo, caso não tenha saciado todo o seu apetite, mantém-se activo e chora, manifestando o desejo de continuar a mamar, devendo-se-lhe dar o outro peito, ainda cheio de leite, de modo a que tenha a oportunidade de obter mais alimento realizando um esforço menor. Alguns minutos mais tarde, o bebé satisfaz totalmente as suas necessidades; depois de se retirar o segundo peito, ficará tranquilo e profundamente adormecido.
Duração da amamentação e alternância dos peitos
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Uma das dúvidas mais comuns entre as mulheres que optam pela amamentação materna é a duração de cada mamada. Cada bebé e mulher têm, obviamente, o seu ritmo específico que, em princípio, deve ser respeitado. De qualquer forma, recomenda-se que as mamadas durem cerca de dez a quinze minutos, ou seja, um máximo de cinco minutos para cada peito, com um eventual intervalo de cerca de cinco minutos entre ambas as mamadas.Esta recomendação baseia-se no facto de o bebé extrair aproximadamente 50% do leite presente no peito durante os dois primeiros minutos de sucção, cerca de 90% ao fim de quatro minutos, fazendo com que, ao fim de cinco minutos, a mama esteja praticamente vazia. Mesmo que o bebé continue, após estes cinco minutos, a sugar, o mais provável é que apenas consiga deglutir ar, uma circunstância que pode originar problemas digestivos.A menos que exista algum inconveniente específico, a mulher deve utilizar alternadamente os dois seios para alimentar o bebé, de modo a que ambos se esvaziem regularmente. De início, recomenda-se que dê de mamar com ambos os peitos de forma sequencial, esvaziando primeiro um e oferecendo depois o outro, que provavelmente não é totalmente esvaziado. Embora exista a dúvida, muito frequente, da atitude a adoptar quando o bebé, após ter mamado de um peito, rejeitar o outro, o melhor a fazer é não insistir, pois na maioria dos casos esta situação apenas ocorre devido ao facto de o bebé já se encontrar satisfeito. De qualquer forma, deve-se iniciar a próxima mamada com o último peito dado ao bebé, pois é o que estará mais cheio.
Frequência e horário das mamadas
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Embora os pais, sobretudo em caso de primeiro filho, tenham com alguma frequência receio de não saberem definir a correcta frequência e os horários das amamentações, esta é uma preocupação injustificada desde que se sigam normas rígidas. Ao longo das duas ou três primeiras semanas de vida é o próprio bebé que, ao pedir o peito através do seu choro sempre que tiver fome, estabelece o ritmo das amamentações, normalmente entre seis a dez por dia. Como é óbvio, ao longo destas primeiras semanas, o ritmo das mamadas costuma ser bastante irregular e, para além disso, não existe qualquer distinção entre o dia e a noite. Existem casos em que os pais, após comprovarem que o seu filho recém-nascido continua a dormir mais tempo do que o que lhes parece apropriado, sentem-se tentados a acordá-lo para lhe dar leite, o que constitui um erro - como a principal preocupação destes bebés é conseguirem o alimento de que necessitam, caso continuem a dormir é porque não têm fome.Felizmente, as mamadas começam, ao longo das semanas seguintes, a serem mais intervaladas e regulares, sendo necessárias entre cinco a sete diárias, a uma frequência de uma de quatro em quatro horas.
Ablactação
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Entre os 3 e os 6 meses de vida, deve-se iniciar a ablactação, que consiste na substituição progressiva do peito da mãe pelo biberão de leite adaptado e paulatina incorporação de outros alimentos. Embora o momento exacto em que se deve proceder ao início da ablactação dependa, entre outras coisas, das características do bebé e da disponibilidade da mãe, deve-se sempre ter em conta dois aspectos importantes: por um lado, que a substituição do peito da mãe pelo biberão deve ser realizado num momento em que o bebé goze de uma excelente saúde, já que esta alteração representa para o bebé uma separação afectiva da sua mãe; por outro lado, sempre que for possível, não se deve suspender a amamentação materna subitamente, devendo-se fazê-lo progressivamente, já que desta forma a elaboração e secreção de leite também vão diminuindo gradualmente.Caso se tenha em conta estas considerações, a ablactação não costuma criar grandes inconvenientes, pois embora alguns bebés levem algum tempo a aceitar o biberão, a maioria costuma habituar-se rapidamente, pois depressa se apercebem de que o leite flui mais facilmente da tetina do biberão do que do peito da mãe. Para além disso, a incorporação do biberão permite que o pai participe na alimentação do seu filho, uma circunstância que reforça a comunicação e os laços afectivos entre ambos.Em suma, o mais recomendável é substituir o biberão de forma progressiva e sucessiva nas mamadas do meio-dia e da tarde, devendo-se manter até ao fim a primeira mamada da manhã, quando os seios estão cheios, e a que antecede o sono nocturno, que permite esvaziá-los antes que a mãe comece a dormir.
Informações adicionais
Colostro, leite e reflexo de sucção
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Nos dias seguintes ao parto, em vez de leite, os seios segregam colostro, um líquido semelhante e muito nutritivo, de tonalidade amarelada, mais rico em proteínas e minerais, embora mais reduzido em açúcares e gorduras. A elaboração do leite começa bruscamente entre 2 a 6 dias após o parto, altura em se evidencia a "subida do leite", um fenómeno que se manifesta através de tumefacção e dor nos seios. Como é óbvio, estas manifestações desaparecem quando as glândulas mamárias começam a segregar, através dos mamilos, o leite acumulado no seu interior.
Embora os processos de produção e secreção de leite materno sejam controlados por duas hormonas, a prolactina e a oxitocina, ambos são activados por via nervosa reflexa, quando o bebé começa a sugar os mamilos, sendo por isso que quanto mais cedo o bebé começar a chupar o peito, mais depressa se começa, igualmente, a evidenciar a subida do leite e a regularização dos processos de elaboração e secreção láctea.
O médico responde
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Para que serve e como se usa uma bomba de peito?
Existem alguns casos em que é necessário ou recomendável extrair o leite acumulado nas glândulas mamárias e vertê-lo para um recipiente onde pode ser conservado nas condições ideais durante algumas horas, até que seja dado ao bebé através de um biberão. Embora se possa extrair o leite através de manipulações manuais, o método mais recomendável é a utilização de uma bomba de peito, um dispositivo semelhante a uma bomba de extracção, cuja aplicação é muito simples e não origina problemas. Costuma-se recorrer à utilização da bomba quando a mãe, embora tenha optado pela amamentação materna, não dispõe do tempo necessário para cobrir todas as mamadas, quando o bebé é prematuro ou está internado e em alguns casos em que não consegue sugar adequadamente os mamilos. Antes de utilizar a bomba de peito, a mulher deve lavar as mãos, ferver todo o equipamento e aplicar toalhas mornas sobre os seios durante alguns minutos, de modo a dilatar os canais que transportam o leite até aos mamilos. Em seguida, a mulher deve colocar o funil da bomba de peito, de modo a revestir toda a aréola ele um peito, e puxar de forma suave, mas firme, a parte cilíndrica do dispositivo para que se gere uma pressão negativa uniforme que proporcione a aspiração do leite.