Esterilização

Este método contraceptivo, o único permanente, baseia-se numa intervenção cirúrgica realizada no homem ou mulher, com vista a bloquear a passagem das células germinativas, impedindo a sua eventual união com as do outro sexo.

Esterilização masculina: vasectomia

Topo A esterilização masculina realiza-se através de uma simples intervenção cirúrgica, denominada vasectomia, baseada no corte dos canais deferentes. Estes canais estão directamente ligados aos epidídimos e encarregam-se do transporte dos espermatozóides produzidos nos testículos até ao canal ejaculador, para que possam ser arrastados até ao interior da uretra e misturados com o líquido seminal ao longo da ejaculação. Após a operação, os espermatozóides deixam de pertencer ao sémen, não chegando a entrar em contacto com o óvulo feminino, o que acaba por impossibilitar a fecundação. Deve-se destacar que a intervenção não altera o desejo sexual, nem pressupõe qualquer alteração nas relações sexuais, já que os testículos continuam a produzir normalmente hormonas sexuais masculinas e espermatozóides, embora estes não passem para o sémen.

Procedimento. Dado que a intervenção costuma ser realizada sob anestesia local e em regime ambulatório, não necessita de hospitalização. Em primeiro lugar, deve-se efectuar uma pequena incisão na pele num dos lados do escroto, de modo a aceder-se ao canal deferente correspondente e realizar o corte do mesmo, após o qual se deve proceder à ligação ou cauterização das extremidades para que não fiquem unidas, devendo-se por fim suturar a ferida cutânea. Em seguida, deve-se repetir o mesmo procedimento com o canal deferente do outro lado. No total, a intervenção dura entre 15 a 20 minutos.

Resultados e eficácia. O resultado da vasectomia não é imediato, já que as primeiras ejaculações após a intervenção podem ser constituídas por espermatozóides previamente presentes na parte dos canais deferentes relacionados com as estruturas ligadas com o exterior, sendo por isso que, no período imediato à operação, se deve recorrer temporariamente a outro método contraceptivo seguro até se comprovar que não chegam espermatozóides à uretra. De facto, deve-se aguardar um certo período de tempo até que se produzam, no mínimo, 10 a 15 ejaculações, após as quais se deve realizar uma análise ao esperma. Só quando a análise comprovar a ausência de espermatozóides é que se pode começar a manter relações sexuais sem se ter de recorrer a outro recurso contraceptivo.

A eficácia da vasectomia é muito elevada, mas apesar de teoricamente rondar os 100%, o método não é infalível, porque existe a possibilidade, embora rara se a técnica for correctamente realizada, de se produzir uma fusão espontânea de algum canal deferente. De qualquer forma, os pouco frequentes insucessos do método costumam ser provocados pelo facto de não se adoptar os meios contraceptivos adequados ao longo do período imediato à operação, altura em que se aguarda pela comprovação, através da análise, que o sémen não é constituído por espermatozóides.

Esterilização feminina: laqueação das trompas

Topo A esterilização feminina baseia-se na realização de uma intervenção cirúrgica ao longo da qual se bloqueia a continuidade das trompas de Falópio, os canais onde se produz a união entre os óvulos libertados pelos ovários e os espermatozóides provenientes do exterior, que sobem desde o útero. A operação costuma ser denominada "laqueação das trompas", devido ao facto de se recorrer ao corte e laqueação destes canais, embora a obstrução, actualmente, seja efectuada mediante cauterização ou através da utilização de anéis e clipes. Deve-se referir que a operação não altera em nada o funcionamento dos ovários, nem do restante aparelho genital feminino, pois para além de não afectar as relações sexuais ou o desejo sexual, também não modifica o ciclo menstrual normal.

Procedimento. Embora se possa efectuar a intervenção ao longo de toda a etapa reprodutora feminina, existem muitas mulheres que se submetem à mesma no pós-parto, altura em que as alterações da zona possibilitam um fácil acesso às trompas através de uma pequena incisão abdominal, ou após uma outra operação realizada na região pélvica.

A abordagem às trompas de Falópio pode ser efectuada, como já foi dito, através de uma incisão abdominal, também por via vaginal ou, como se costuma realizar habitualmente, mediante uma laparoscopia. Neste caso, a intervenção deve ser realizada sob anestesia geral ou local e em regime ambulatório, através de uma pequena incisão na parede abdominal, na qual se deve inserir um fino tubo constituído por um sistema óptico que permite localizar as trompas, devendo-se introduzir no seu interior o instrumento necessário para a laqueação tubárica. A laqueação das trompas pode ser efectuada através de vários métodos, nomeadamente através de um corte cirúrgico (electrocoagulação ou termocoagulação) ou através da aplicação de anéis de silicone ou clipes. A intervenção costuma durar cerca de meia hora e, caso seja realizada através de uma laparoscopia, apenas são necessárias algumas horas de hospitalização.

Resultados e eficácia. A intervenção provoca uma imediata esterilidade permanente, tendo uma taxa de eficácia teórica de 100%, ainda que raramente se produzam insucessos devido a uma técnica cirúrgica deficiente ou devido a uma fusão espontânea de alguma trompa.

Informações adicionais

O médico responde

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Já não quero ter mais filhos e pensei submeter-me a uma esterilização, mas tenho receio de me poder vir a arrepender. Existe alguma técnica para que a operação seja reversível?

Antes de se submeter a uma esterilização, deve ponderar muito bem sobre o assunto, pois embora existam procedimentos cirúrgicos para a reverter, os seus resultados são inconstantes. A intervenção passa por voltar a unir as extremidades das trompas de Falópio ou dos canais deferentes através de uma microcirurgia, de modo a obter-se a reversão da situação e, apesar de a técnica utilizada ser a correcta, nunca se pode garantir o êxito do procedimento. Em suma, é muito importante reflectir antes da intervenção, para que tenha a certeza de ter tomado a decisão correcta numa questão tão importante.

Indicações

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A esterilização é a forma mais eficaz para que as pessoas ou casais que não desejem ter filhos obtenham uma protecção definitiva face à gravidez, tendo em conta que é uma intervenção que elimina, quase por completo, o risco de gravidezes não desejadas - por isso, constitui um método contraceptivo seleccionado, sem que exista qualquer indicação específica, por um número cada vez maior de pessoas nos países onde não existem restrições à sua realização. Por outro lado, existem várias circunstâncias em que a esterilização constitui uma indicação médica, nomeadamente quando a gravidez representa um risco para a mãe, por exemplo devido a uma cardiopatia ou outra doença que se possa agravar com a gravidez, ou quando uma pessoa ou casal seja portadora de alguma alteração genética hereditária, a qual poderia provocar graves alterações psíquicas ou orgânicas nos filhos.

Para saber mais consulte o seu Obstetrícista / Ginecologista ou o seu Urologista
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