Estes contraceptivos baseiam-se na abstinência do coito vaginal durante o período fértil do ciclo menstrual, altura considerada propícia para uma fecundação e, consequentemente, para uma gravidez.
Fundamentos
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A fecundação apenas se pode produzir durante um período limitado do ciclo menstrual, já que o óvulo libertado pelo ovário apenas se encontra apto a ser fecundado durante as 24 horas seguintes à ovulação, enquanto que os espermatozóides eventualmente depositados na vagina com a ejaculação apenas sobrevivem cerca de 72 horas no interior do aparelho genital feminino. Em teoria, um único coito pode provocar uma fecundação, desde que seja efectuado num período compreendido entre o terceiro dia anterior à ovulação e o dia posterior à mesma, um facto que resume a intenção dos métodos contraceptivos naturais de abstinência periódica - evitar-se o coito vaginal durante o período fértil.
Tendo em conta que o ciclo menstrual tem uma duração média de 28 dias e que a ovulação produz-se até metade do mesmo, considerando o primeiro dia do ciclo como o do início da menstruação e contemplando uma margem de segurança, calcula-se que o período fértil se prolonga desde o décimo dia do ciclo até ao décimo sexto, ambos incluídos. Em teoria, o facto de se evitar o coito vaginal durante esse período iria garantir uma eficaz contracepção, mas o facto de tanto a duração dos ciclos como o momento em que se produz a ovulação variarem de mulher para mulher, e até na própria mulher, conduziu a vários métodos para tentar prever ou detectar o momento da ovulação com algumas garantias, baseados no cálculo do período de abstinência sexual observável em cada ciclo.
Métodos
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Método do calendário (método de Ogino-Knaus). Este método consiste em determinar o período em que se deve evitar o coito vaginal, mediante o cálculo antecipado do provável dia da ovulação, variável de mulher para mulher, tendo como base a duração de uma série de ciclos anteriores. Para tal, é preciso registar a duração de seis a doze ciclos menstruais consecutivos, de modo a determinar-se o mais curto e o mais longo, informações a partir das quais são realizadas operações matemáticas que permitem estabelecer o período em que se deve manter a abstinência sexual.
Existem várias formas para se proceder aos cálculos, baseadas nos trabalhos de Ogino e de Knaus. Uma das formas mais simples consiste na subtracção de 20 ao número de dias do ciclo mais reduzido e do ciclo mais longo, o que permite obter dois valores, em que o primeiro corresponde ao primeiro dia do ciclo a partir do qual se deve evitar o coito e o segundo ao dia do ciclo até ao qual se deve manter a abstinência sexual. Por exemplo, caso um ciclo mais curto seja de 27 dias e o mais longo de 32, os cálculos dariam estes resultados: 27 - 20 = 7; 32 - 20 = 12. Neste exemplo, o período de abstinência deve prolongar-se desde o sétimo dia do ciclo até ao décimo segundo, considerando o dia de início do período como o primeiro do ciclo.
Método da temperatura basal. Este método baseia-se no facto de a temperatura do corpo da mulher sofrer uma alteração significativa entre a primeira metade do ciclo menstrual e a segunda, já que o dia da ovulação proporciona um aumento de 0,2° a 0,5°C, persistindo até ao final do ciclo. A mulher deve medir a temperatura do corpo todos os dias de manhã, antes de se levantar, de preferência com um termómetro adaptado a esta situação, e registar os resultados num gráfico, de forma a elaborar uma curva com as variações diárias. De acordo com este método, deve-se proceder a uma abstinência sexual durante toda a primeira parte do ciclo e três dias após a manifestação de um aumento sustentado da temperatura basal.
Método de muco cervical (método de Billings). Este método baseia-se na identificação das alterações sofridas pelo muco elaborado pelas glândulas do colo do útero sob a influência das hormonas sexuais femininas ao longo do ciclo menstrual, o que pode ser perceptível através das alterações das secreções presentes na entrada da vagina ou da vulva. Nos dias seguintes ao período, o muco é muito espesso e forma um tampão que obstrui o orifício do colo do útero, o que justifica o facto de praticamente não existirem secreções (dias secos). Em seguida, começam a evidenciar-se secreções que, inicialmente, são escassas e pegajosas, mas que se vão progressivamente tornando abundantes e fluidas até ao momento da ovulação (dias húmidos), para depois se tornarem mais espessas e diminuírem em quantidade. Para realizar este método, a mulher tem de aprender a reconhecer as alterações do muco cervical sob as instruções de um médico. Segundo este método, pode-se manter relações sexuais durante os dias secos, desde que sejam realizadas em dias alternados para se evitar o risco de se confundir o aparecimento de secreções com restos de sémen, devendo-se iniciar a abstinência logo que se detecte a presença de secreções (dias húmidos), continuando até ao quarto dia após o momento em que se tenha detectado o pico de máxima secreção e fluidez do muco cervical.
Método sintotérmico. Este método consiste numa combinação do método da temperatura basal e no do muco cervical, adicionado a outros indicadores. Segundo este método, pode-se manter relações sexuais durante os dias sem secreções, iniciando-se a abstinência sexual quando se detectar o muco cervical, que deve ser prolongada até ao quarto dia posterior ao aumento da temperatura basal ou ao pico de máxima secreção fluida, o que proporciona uma dupla segurança.
Informações adicionais
Vantagens e inconvenientes
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Anprincipais vantagens destes métodos são o facto de não necessitarem da utilização de qualquer substância química ou dispositivo especial, nem interferirem no mecanismo natural do ciclo menstrual. Para além disso, deve-se destacar que são os únicos métodos contraceptivos aceites pela Igreja Católica.
Todavia, os inconvenientes são muito mais numerosos, começando pelos possíveis conflitos consequentes de uma insatisfação sexual no casal, devido à necessidade de se evitar o coito vaginal durante certos dias de cada ciclo e, consoante o método, durante grande parte do mesmo. Para além disso, todos estes métodos necessitam da oportuna vigilância de um especialista e alguns exigem uma larga aprendizagem. Contudo, o principal inconveniente é o elevado índice de insucessos existentes no total dos casais que utilizam estes métodos contraceptivos.
Eficácia
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A eficácia dos métodos naturais baseados na abstinência periódica é, no total, muito baixa, sobretudo quando comparada com a de outros métodos contraceptivos. Segundo diferentes estudos, a taxa de insucessos anuais do método do calendário oscila entre os 15 e os 33%, enquanto que a do método da temperatura basal situa-se entre os 3 e os 19% e o método do muco cervical é de 1,5 a 25%.