Hemorragias
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Apesar de a sua incidência ter diminuído significativamente, sobretudo devido ao facto de a maioria das mulheres permanecerem internadas na maternidade e serem submetidas a exames médicos quase permanentes ao longo dos dias seguintes ao parto, as perdas bruscas ou persistentes de sangue originadas por várias circunstâncias continuam a constituir uma das complicações mais graves do puerpério.
Tipos e causas. As hemorragias no puerpério, que se manifestam quase sempre durante as primeiras horas após o parto, costumam ser externas, devido ao facto de o sangue ser evacuado através da vagina, sendo normalmente originadas por rupturas no canal do parto ou no útero, retenção de fragmentos da placenta, contracção uterina insuficiente ou alterações na coagulação sanguínea. Deve-se referir que muitas destas hemorragias podem ser evitadas caso se solicite, como é comum, os oportunos exames de coagulação sanguínea antes do parto; se se comprovar, após os mesmos, que a placenta desuniu-se integralmente, deve-se proceder a uma detalhada inspecção do canal do parto e do útero após o alumbramento e, mais à frente, constatar-se se mantém uma adequada contracção uterina.Pode igualmente produzir-se, embora com menor frequência, uma hemorragia interna provocada pela ruptura de um vaso sanguíneo, originada pela pressão exercida pela cabeça do feto ao passar pelo canal de parto. Nestes casos, não existe uma ruptura nos tecidos superficiais, pois em vez de sair para o exterior, o sangue acumula-se por baixo dos mesmos. O desenvolvimento deste tipo de hemorragias começa a manifestar-se através do aparecimento de uma dor local que não cede com a administração de medicamentos analgésicos, sendo a sua existência confirmada pela formação evidente de um hematoma.Em casos mais raros, as hemorragias são desencadeadas no puerpério avançado, sendo igualmente provocadas por restos de placenta que ficaram presos no interior do útero e não foram detectados durante a revisão efectuada no fim do parto.
Prognóstico e tratamento. Caso se proceda ao tratamento médico oportuno, a maioria das hemorragias no puerpério acaba, felizmente, por desaparecer. Para além das medidas adequadas em cada caso específico, segundo a sua origem, o tratamento costuma incluir a administração de soro e até de transfusões sanguíneas. Todavia, em con- dições extremas, apenas se consegue travar uma hemorragia puerperal caso se proceda de forma urgente à reparação cirúrgica de um tecido danificado ou mesmo a uma histerectomia, ou seja, à extracção cirúrgica do útero.
Infecções
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Embora as infecções ocupem o segundo lugar entre as complicações potencialmente graves do puerpério, a sua incidência também diminuiu significativamente, neste caso graças à assepsia com que actualmente se realizam os partos. Para além disso, o seu prognóstico melhorou, igualmente de forma considerável, graças aos recursos terapêuticos actualmente existentes.
Causas. Estas infecções, englobadas sob a denominação "febre puerperal", costumam ser originadas no útero, nomeadamente no endométrio. As infecções podem igualmente, embora com menor frequência, ser originadas nas vias urinárias, nos pulmões ou num coágulo formado no interior de uma veia (tromboflebite). Deve-se destacar que, embora estes processos infecciosos possam afectar qualquer mulher, existem algumas circunstâncias que favorecem o seu aparecimento, como a ruptura prematura da bolsa das águas segui- da de uma espera superior a 24 horas antes de se produzir o parto. As infecções são igualmente comuns quando se realizam manipulações no interior do útero ao longo do parto.
Manifestações. Embora as manifestações variem consoante a origem da infecção e a sua evolução, a mais constante é a febre persistente, com subidas da temperatura do corpo acima dos 38°C, arrepios e sudação. Estes sinais e sintomas não devem ser confundidos com os episódios passageiros de arrepios, característicos das horas seguintes ao parto, coincidentes com a formação do "globo de segurança", nem com a subida térmica que acompanha a subida do leite, que nunca deve ultrapassar estes valores.
Prognóstico e tratamento. Caso não sejam diagnosticadas e tratadas oportunamente, as infecções no puerpério podem disseminar-se e originar complicações muito graves, como uma septicemia, propiciando a propagação dos microorganismos causadores por todo o organismo. Sempre que se detecte uma subida da temperatura do corpo durante o puerpério, independentemente de ser enquanto a mulher permanece na maternidade ou quando já estiver em casa, deve-se consultar o médico o mais rápido possível, já que a realização de alguns testes simples proporcionam um diagnóstico exacto, enquanto que a eventual administração de uma terapêutica antibiótica específica permite a remissão do processo, evitando males maiores.
Informações adicionais
Problemas nos seios
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A irritação consequente da sucção do bebé e da humidade na superfície dos seios pode favorecer o aparecimento de fendas nos mamilos e, eventualmente, o desenvolvimento de uma mastite puerperal, a designação atribuída à inflamação infecciosa das glândulas mamárias durante o puerpério.
As fendas nos mamilos correspondem a soluções de continuidade frequentemente provocadas pelo bebé ao mordiscar a ponta do mamilo em vez de apoiar a sua boca sobre grande parte da aréola, como é recomendável. Para além de serem muito dolorosas, sobretudo durante as mamadas, impossibilitando mesmo a sua realização, favorecem a penetração de microorganismos e o possível desenvolvimento de uma mastite. O seu tratamento não implica interromper a amamentação, já que se pode recorrer à utilização de uma retina, de modo a evitar-se a sucção directa, ou a extracção do leite através de uma bomba mecânica, que deve ser imediatamente dado ao bebé, enquanto se aguarda pela cura, que pode ser favorecida com a aplicação de pomadas cicatrizantes.
A mastite puerperal, que não costuma surgir antes da primeira semana após o parto, apenas o fazendo cerca da terceira ou quarta semanas, manifesta-se através de dor, tumefacção, vermelhidão e subida da temperatura do seio afectado e, por vezes, também por febre e arrepios. Este problema obriga a suspender a amamentação - caso não se proceda ao seu oportuno tratamento, pode ter uma evolução crónica ou complicar-se com a formação de um abcesso mamário. Se se detectarem as manifestações mencionadas, deve-se dirigir ao médico o mais cedo possível e proceder ao seu tratamento adequado, que consiste basicamente na administração dos antibióticos específicos, na utilização de uma ligadura ou um soutien para imobilizar o seio afectado e na aplicação de calor seco e de pomadas de efeito anti-inflamatório.
Pode-se prevenir ambos os problemas através da aplicação, desde as fases finais da gravidez, de pomadas nutritivas que fortaleçam os mamilos e com a utilização de soutiens amplos e justos, mas que não comprimam os seios, como a implementação de uma correcta técnica de amamentação e o rigoroso respeito das devidas normas de higiene.
Exercícios para combater a incontinência urinária
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É extremamente comum que, ao longo do puerpério, se produza um certo grau de incontinência urinária, que embora se possa tornar incómoda, não constitui motivo para grandes preocupações, visto que, a menos que exista algum problema específico, costuma ser solucionada de maneira espontânea, no máximo, dois meses após o parto. Para além dos exercícios físicos que devem começar a ser realizados desde a permanência na maternidade, pode-se aliviar o problema e acelerar a sua cura através da realização de exercícios específicos para tonificar os músculos pélvicos. Nalguns casos seleccionados, pode ser necessário encaminhar a mulher para uma consulta de Medicina Física e Reabilitação, onde será ensinada a utilizar determinados dispositivos especificamente concebidos para fortalecer os músculos do períneo ou ser submetida a tratamentos de fisioterapia com a mesma finalidade. Caso haja lesões anatómicas provocadas ou agravadas pelo próprio trabalho de parto, então será encaminhada para uma consulta de Uroginecologia, a fim de ser avaliada e devidamente tratada.
Se o problema persistir, deve-se consultar o médico, para que este avalie a situação e recomende a terapêutica mais adequada.