Como, por vezes, surgem dificuldades em partos por via vaginal, é preciso recorrer-se à utilização de dispositivos mecânicos de diverso tipo, de modo a facilitar e acelerar o período de expulsão.
Indicações
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Qualquer problema que surja no decorrer de um parto natural e provoque a paragem ou o prolongamento excessivo do processo pode originar uma situação de perigo tanto para a mãe como para o bebé, o que obriga à adopção de medidas específicas para se acelerar o nascimento. De facto, caso se preveja antecipadamente que se pode desenvolver uma situação deste tipo ou caso se detecte o seu desenvolvimento no início do processo do parto, normalmente recorre-se à realização de uma cesariana. Todavia, existem casos em que o problema apenas se evidencia de maneira imprevista após o desencadeamento do parto - embora se tenha produzido a dilatação do colo do útero e a cabeça do feto já se encontre encaixada na pélvis da mãe, o período de expulsão não evolui. Nestes casos, os médicos costumam recorrer à utilização de instrumentos especiais, de modo a acelerarem a expulsão do bebé e terminarem o parto o mais rápido possível.Os motivos que tornam a realização de um parto instrumental necessária são variados, de modo a evitar situações de risco tanto para a mãe como para o feto. Por exemplo, pode acontecer que a mãe sofra de uma doença cardíaca ou respiratória que se manifeste perante um esforço excessivo durante o parto ou se prolongue, sendo necessário acelerar o nascimento. Pode igualmente ocorrer que a fase de expulsão se prolongue devido a uma dificuldade mecânica, como por exemplo uma posição anómala do feto no interior do útero ou uma desproporção relativa entre a pélvis materna e o tamanho do feto, situações que podem provocar sofrimento fetal.É até possível que a dificuldade consista numa perda de intensidade das contracções uterinas devido à utilização da anestesia epidural, sendo conveniente acelerar a fase de expulsão do feto através da utilização de instrumentos especificamente concebidos para isso.
Procedimento
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Pode-se efectuar o parto instrumental através da utilização de vários dispositivos, cada um deles com indicações precisas, devendo-se seleccionar o mais adequado consoante cada caso específico e conforme o critério do médico nesse preciso momento. Existem essencialmente três dispositivos diferentes: o fórceps, as espátulas e a ventosa obstétrica.
Fórceps. É um instrumento metálico semelhante a uma pinça, constituído por dois braços articulados em forma de colher, sendo cada braço constituído por um cabo, onde o médico deve agarrar, e uma extremidade mais larga e curva, adaptada à forma dos lados da cabeça do feto. Os dois braços do instrumento devem ser introduzidos em separado através do canal vaginal, cada um deles aplicado sobre um dos lados da cabeça do feto e, depois, articulados entre si, de modo a constituírem uma pinça que deve abraçar fortemente a cabeça do bebé. Em seguida, o médico deve efectuar movimentos de rotação e de tracção, puxando a cabeça do bebé até que saia para o exterior, após os quais deve-se deixar o instrumento e proceder ao normal desenvolvimento do parto e assistência do bebé e da mãe. A utilização deste dispositivo possibilita uma rápida finalização do período de expulsão, cuja duração não se costuma prolongar por mais de alguns minutos, constituindo a opção preferencial quando se detectam sinais e sintomas de sofrimento fetal.Dado que a introdução e a manipulação do fórceps pode ser dolorosa para a mulher, deve-se aplicar, caso não tenha sido anteriormente administrada, algum tipo de anestesia que, pelo menos, insensibilize o canal do parto. Para além disso, antes de se utilizar o fórceps, deve-se realizar uma episiotomia, de modo a prevenir rupturas na zona genital.
Espátulas. Embora as espátulas sejam instrumentos metálicos semelhantes ao fórceps, cada uma das suas partes, em forma de colher, é independente e não se articula com a outra. Apesar de a sua forma de utilização ser semelhante à do fórceps, como não se consegue exercer tracção sobre a cabeça do feto com tanta força como as espátulas, estas são utilizadas, sobretudo, quando é necessário acelerar o nascimento de um bebé pequeno, por exemplo um prematuro. Embora a utilização das espátulas não seja tão incómoda como a do fórceps, também deve ser efectuada sob anestesia da zona.
Ventosa obstétrica. Este instrumento consiste numa espécie de campânula de material moldável, normalmente de silicone, ligado a um aparelho que produza vácuo. A campânula deve ser introduzida por via vaginal e apoiada sobre a cabeça do feto, ficando bem fixa após se activar o sistema de vácuo. Neste caso, o médico deve puxar a ventosa cada vez que a mãe faça força e exerça tracção sobre a cabeça do feto, o que facilita bastante a saída do bebé para o exterior. Através deste método, o período de expulsão dura entre 10 a 15 minu- tos. Uma vez colocada, a ventosa não provoca mais problemas do que os do próprio parto, porque apenas se puxa o instrumento cada vez que a mulher faz força.
Informações adicionais
O médico responde
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O meu sobrinho nasceu há dois dias através de fórceps e ainda tem marcas na cabeça. Tenho receio que possa ficar com alguma sequela...
Embora a utilização inadequada de fórceps possa originar lesões significativas na cabeça do bebé e provocar sequelas neurológicas, se os mesmos forem utilizados correctamente, apenas originam consequências deste tipo excepcionalmente, para não dizer nunca. Os receios em relação à utilização de fórceps provêm de épocas passadas, quando os recursos obstétricos eram muito mais limitados do que os actuais e surgiam dificuldades imprevistas com maior frequência. Actualmente, a grande maioria das complicações significativas do parto são previstas com uma certa antecipação, o que dá tempo para se optar pela realização de uma cesariana, sendo por isso que apenas se utiliza o fórceps em situações específicas com o intuito de se acelerar o período de expulsão e sem que se ponha em perigo o bebé. Deve-se referir que a existência de marcas na cabeça do bebé após a utilização de fórceps é bastante habitual e que as mesmas não representam qualquer perigo, pois desaparecem de maneira espontânea ao fim de três ou quatro dias.