Apresentações anómalas do feto

Nos casos em que não adopta a sua posição normal antes do parto, com o vértice da cabeça virado para o canal do parto, o feto apresenta-se de cara, nádegas ou numa posição transversal, o que dificulta o processo do parto.

Apresentação normal

Topo Ao longo de grande parte da gravidez, o feto flutua livremente no líquido amniótico e movimenta-se sem dificuldades, adoptando várias posições. Todavia, a partir do terceiro trimestre e à medida que vai aumentando de tamanho, o espaço disponível vai sendo mais reduzido, o que diminui a sua mobilidade. Até cerca do sétimo mês, o feto costuma colocar a cabeça, que é a parte mais volumosa do corpo, no fundo do útero, a parte mais ampla do órgão, e adopta uma posição semi-sentada, com as nádegas mais abaixo. Costuma permanecer nesta posição até cerca do oitavo mês, altura em que o peso da cabeça faz com que o feto gire no interior do útero, de modo a que a dita parte do corpo passe a ocupar a parte inferior do útero. À medida que se vai aproximando o fim da gravidez, a cabeça vai-se encaixando na pélvis e, devido ao peso do corpo, flectindo-se para a frente, ficando o feto na denominada posição cefálica de vértice, com a cabeça inclinada para a frente e o queixo apoiado sobre o peito, de modo a que a região mais próxima do canal vaginal seja o occipúcio, enquanto que as nádegas estão na parte superior do útero e os braços e as pernas flectidas sobre o peito. Dado que esta posição, na qual se encontra a maioria dos fetos no fim da gravidez, é a ideal para o parto, qualquer outra forma de apresentação é considerada anómala.

Apresentação de cara

Topo Em cerca de 1% dos casos ocorrem os acontecimentos descritos e o feto gira no interior do útero, de modo a que fique com a cabeça para baixo, mas com uma ressalva: não se flecte totalmente sobre o peito, o que consequentemente faz com que a parte orientada para o canal do parto corresponda à cara. Dado que, por vezes, a parte que fica virada para o canal vaginal é o centro da face, nomeadamente a boca e o nariz, para que o feto saia do útero da mãe é necessário que o queixo se fixe debaixo da púbis da mãe e gire à sua volta, de forma a que a cabeça se possa introduzir no canal vaginal. Embora se possa realizar o parto vaginal, este é muito doloroso e pode ser necessário recorrer-se à utilização de fórceps. Todavia, noutros casos, a parte situada no centro da pélvis é a fronte, o que ainda complica mais o desenvolvimento de um parto natural, sendo muitas vezes necessário proceder-se à realização de uma cesariana.

Apresentação pélvica

Topo Em cerca de 3% dos casos, não ocorre o clássico virar no interior do útero por causas desconhecidas, devido ao parto antecipar-se ou devido a problemas do útero ou da pélvis materna, fazendo com que o feto se situe com a cabeça para cima e as nádegas para baixo, embora as possibilidades sejam várias. Por vezes, o feto encontra-se sentado com as nádegas sobre o canal do parto, as coxas flectidas sobre o abdómen e as pernas flectidas e cruzadas sobre as coxas, na denominada apresentação pélvica completa. Todavia, noutros casos, encontra-se dobrado em dois, com as nádegas para baixo e as pernas completamente levantadas, fazendo com que os pés fiquem junto à cara, na designada apresentação pélvica incompleta. Só em casos muito raros é que a parte do corpo que fica mais próxima do canal do parto é um joelho ou um pé.

Quando o feto adopta uma apresentação pélvica, embora o parto por via vaginal seja possível, na maioria dos casos, é difícil e perigoso, já que primeiro saem as nádegas, depois os pés e os ombros e, por fim, a cabeça. Todavia, existe o risco de a cabeça, a última parte a sair, ficar presa na pélvis da mãe ou de o parto se prolongar por muito tempo e proporcionar um quadro de sofrimento fetal. Ao detectar-se uma apresentação pélvica, deve-se efectuar uma avaliação do caso, determinando-se particularmente as dimensões da pélvis da mãe e o tamanho da cabeça do feto, antes de se optar por um parto vaginal. Por vezes, pode-se mesmo tentar alguma manobra para conseguir que o feto gire no interior do útero através de manipulações externas (ver quadro), mas nem sempre se tem sucesso. Em caso de apresentação pélvica, apenas se costuma optar pela possibilidade de um parto por via vaginal quando se considera que a relação entre a pélvis e o tamanho da cabeça do feto irá permitir o nascimento sem grandes complicações; como nem sempre é possível prevê-la, na maioria dos casos opta-se pela realização de uma cesariana.

Apresentação transversal

Topo Numa reduzida parte dos casos, cerca de 0,5%, o feto encontra-se colocado horizontalmente no útero da mãe, perpendicular ao canal do parto, com a cabeça, o tronco e as nádegas ao mesmo nível. Esta posição, igualmente designada apresentação de ombro, por ser esta a parte do corpo mais próxima do canal vaginal, impede com- pletamente o normal desenvolvimento do parto natural. Embora se possa proceder à realização de alguma manobra que proporcione a rotação do feto através de manipulações externas, caso a tentativa não seja bem sucedida, deve-se recorrer a uma cesariana.

Informações adicionais

O médico responde

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Tive um parto muito dificil devido ao facto de o meu filho ter tido uma apresentação pélvica e agora tenho receio de passar por uma situação semelhante, se voltar a ficar grávida...

Nos casos em que as apresentações anómalas do feto são provocadas pela existência de factores permanentes como, por exemplo, uma malformação uterina, existe obviamente uma maior predisposição para que o problema se repita em futuras gravidezes. Todavia, estes casos não são muito frequentes, já que existem vários motivos para uma eventual apresentação anómala do feto, a maioria circunstanciais ou até desconhecidos, não havendo razões para se voltarem a evidenciar.

Decisão particular

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O comportamento a adoptar em caso de apresentação anómala do feto depende da avaliação de cada caso. Embora, por vezes, se proceda a um parto vaginal, existem outros casos em que se recorre a uma cesariana, para prevenir eventuais contratempos.

Para saber mais consulte o seu Obstetrícista / Ginecologista
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