Vida quotidiana
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Apesar de, antigamente, se pensar que a mulher devia restringir as suas actividades durante a gravidez, de modo a evitar um possível estado de cansaço ou até mesmo com o propósito de prevenir complicações, actualmente, os critérios sobre o assunto alteraram-se por completo, pois considera-se que, desde que não surjam problemas específicos que obriguem a um certo repouso, a mulher pode continuar a sua vida activa durante toda a gravidez, chegando mesmo a favorecer a evolução da gravidez. Em termos gerais, as únicas restrições serão as proporcionadas pela condição física de cada mulher e pelo seu grau de resistência, pois as alterações por que passa o organismo costumam provocar um certo grau de cansaço e fadiga ou até determinadas limitações que devem ser respeitadas.Ao longo da gravidez, a mulher pode continuar a realizar normalmente as suas tarefas domésticas habituais, devendo apenas evitar as actividades que necessitam de um esforço excessivo, como por exemplo ir às compras e carregar grandes pesos, ou as que implicam um evidente perigo para ela e para o feto, como subir umas escadas e correr o risco de cair. Deve igualmente evitar qualquer acção que envolva a compressão excessiva do abdómen ou o esforço excessivo da coluna vertebral - por exemplo, ao se agachar, é preferível que flexione os joelhos em vez de dobrar as costas. Como é óbvio, esta não é a épocaideal para fazer uma profunda limpeza ou grandes reformas na casa, devendo a mulher pedir igualmente ajuda nas tarefas quotidianas ou ao cuidar de crianças, caso detecte que se cansa mais facilmente do que o habitual, como acontece, sobretudo, no início e no final da gravidez.
Actividade profissional
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O facto de ficar grávida não significa que a mulher deva interromper a sua actividade profissional, a menos que o deseje fazer ou caso surjam complicações específicas quando a natureza do trabalho assim o impõe, o que é pouco habitual. Como é óbvio, é necessário efectuar várias adaptações devido às limitações próprias da gravidez anteriormente referidas, tendo em conta, sobretudo, que muitas mulheres, para além de enfrentarem o esforço correspondente à actividade profissional, também o fazem em casa quando se encarregam das tarefas domésticas e do cuidado dos filhos,Existem duas condições básicas para que a mulher possa continuar a sua actividade profissional ao longo da gravidez: que não se canse, porque um trabalho muito duro pode provocar um parto prematuro, e que não implique riscos específicos. Ao longo da primeira parte da gravidez, a menos que surja qualquer complicação específica que obrigue a mulher a manter-se em repouso, como uma ameaça de aborto, pode continuar a realizar qualquer tipo de trabalho que não implique grandes esforços físicos, tais como carregar objectos muito pesados ou um trabalho muito cansativo. Nesta fase, apenas estão especificamente contra-indicadas as ocupações que impliquem uma exposição a produtos químicos tóxicos ou radiações que representem um evidente perigo para a gravidez, sendo igualmente necessário contemplar outros possíveis factores prejudiciais: por exemplo, caso trabalhe num local muito frio, demasiado seco, especialmente húmido, com um elevado nível sonoro ou com uma exposição às vibrações das máquinas, etc. Nestes casos, deve-se avaliar o comportamento mais conveniente, independentemente de ser uma descida de temperatura ou uma alteração de posto na empresa. À medida que a gravidez vai avançando, algumas actividades que antes não eram cansativas podem começar a sê-lo, como acontece com as empregadas domésticas ou as empregadas que têm de ficar muitas horas de pé, devendo-se encontrar alguma forma para reduzir os esforços, sobretudo no último trimestre, independentemente de ser através de uma divisão do dia de trabalho, de modo a que se possa introduzir os oportunos períodos de descanso, ou ao alterar-se o posto de trabalho. Consoante os países, a legislação prevê algumas semanas de baixa profissional antes da data prevista para o parto, embora o médico possa prescrever baixas adicionais, se considerar necessário.
Actividade desportiva
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A prática desportiva, desde que seja moderada e não exponha a mulher a perigos concretos, é muito benéfica durante a gravidez, tanto para manter uma boa condição física como pelas suas repercussões psicológicas. De facto, as mulheres que continuem a realizar uma actividade física moderada sentem-se melhor, menos cansadas na sua vida quotidiana e, para além disso, sentem menos dificuldades para recuperarem a sua silhueta após o parto, Todavia, a mulher deve adequar o nível de esforço necessário em cada caso específico à sua condição física anterior e às limitações ocorridas ao longo da gravidez, para que nunca atinja um estado de grande cansaço ou fadiga.Existem algumas modalidades, como a natação, as caminhadas, o golfe, ou a dança, que são especialmente benéficas ao longo da gravidez, pois estimulam a circulação e previnem os problemas osteomusculares próprios desta época. Todavia, deve-se referir que, como as alterações físicas consequentes da gravidez implicam limitações que convém respeitar, a participação em competições não é recomendável. Existem outras modalidades não muito recomendáveis, sobretudo após o primeiro trimestre, já que exigem esforços físicos muito intensos ou implicam riscos de golpes ou quedas, como é o caso do montanhismo, das caminhadas de longa distância, do jogging, da aeróbica, do body building, do ciclismo, do esqui, do ténis, da pesca submarina, do remo, da equitação, dos desportos de combate, da patinagem, dos saltos (de altura, de trampolim, etc.), do basquetebol, do voleibol e dos desportos com bola ou de contacto em geral.
Deslocações e viagens
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Quando a gravidez evolui sem problemas, não existe qualquer inconveniente em efectuar deslocações urbanas ou viagens de longa distância, embora seja necessário adoptar certas precauções para minimizar o desconforto e, sobretudo, para prevenir acidentes que possam ser perigosos tanto para a mulher como para o feto em desenvolvimento no seu ventre. Por exemplo, no meio urbano, é preferível evitar as horas de ponta, quando as aglomerações, a pressa e os níveis de contaminação são mais elevados, Em relação às viagens longas, para além das limitações físicas consequentes de certos meios de transporte, como é preciso ter sempre em conta que a partir do sétimo mês existe a possibilidade de um parto prematuro, deve-se considerar aspectos como o estado geral da futura mãe, as características do meio de transporte a utilizar e o itinerário a percorrer. Dado que a única contra-indicação para as viagens é o perigo de aborto, deve-se sempre efectuar um adequado repouso, embora em caso de mal-estar motivado por outros factores convém que as mulheres grávidas limitem as viagens ao estritamente imprescindível, Como uma deslocação curta num carro é, obviamente, diferente de uma longa viagem de comboio ou de barco, deve-se efectuar alguns comentários sobre os diferentes meios de transporte,
Bicicleta. Embora seja um meio de transporte prático, a bicicleta não é a forma ideal de deslocação ao longo da gravidez, sobretudo a partir do quarto ou quinto mês - para além de exigir esforços musculares e submeter o corpo a vibrações, implica um certo risco de queda que, mesmo que ligeira, pode ter consequências imprevisíveis para o feto.
Motociclos. A utilização de qualquer veículo motorizado de duas rodas é igualmente pouco aconselhável, já que, para além de existir sempre o evidente perigo de quedas graves, obriga tanto o condutor como o passageiro a manter uma posição desconfortável.
Automóvel. O automóvel é o meio de transporte ideal para a mulher grávida se deslocar na cidade ou em trajectos curtos, desde que se evite a condução acelerada e os trajectos com buracos ou empedrado. A mulher deve levar sempre o cinto de segurança, passando-o por cima e por baixo do abdómen, já que a compressão do ventre é muito menos perigosa do que as eventuais consequências de um traumatismo. Embora também se possa recorrer ao automóvel para percorrer distâncias longas, deve-se tomar certas precauções. Por um lado, a condução deve ser prudente e tranquila, de modo a evitar tanto as acelerações bruscas como as travagens, devendo-se igualmente escolher os itinerários menos sinuosos e as estradas mais seguras. Por outro lado, deve-se dividir o trajecto em várias partes, a mulher deve adoptar uma posição cómoda, o mais deitada possível para limitar ao máximo a compressão do ventre, sendo aconselhável que se pare de duas em duas horas para esticar as pernas,Na última fase da gravidez, convém consultar com antecedência o médico antes de optar por realizar uma viagem longa de automóvel e deve sempre ter em conta que nunca convém planificar viagens de fim de semana, nem excursões turísticas.
Comboio. Considera-se que o comboio é o meio de transporte ideal para percursos longos, o melhor entre as várias alternativas, Apesar de, por vezes, proporcionar movimentos basculantes, é o veículo mais regular em termos de locomoção, sendo igualmente o menos arriscado em termos de acidentes. Para além disso, a mulher não tem de ficar muitas horas sentada, pois pode levantar-se, caminhar pelos vagões e até deitar-se, caso a viagem seja de noite.
Avião. Embora o avião também seja um meio muito útil para percorrer grandes distâncias, há quem o não considere um meio de transporte ideal para a mulher grávida por vários motivos. Em primeiro lugar, deve-se ter em conta que num avião não se pode interromper a viagem, caso surja algum contratempo, como se pode fazer num comboio em caso de necessidade. Em segundo lugar, o espaço disponível costuma ser reduzido, sobretudo na classe turística, e embora a mulher possa passear regularmente pelo corredor para activar a circulação das pernas, os voos muito longos podem ser muito desconfortáveis, O avião deve ser utilizado, sobretudo, para viagens curtas, devendo-se procurar lugares cómodos,Embora a maioria das companhias aéreas recuse levar mulheres grávidas a partir do sétimo ou oitavo mês, esta precaução não se deve aos perigos que a viagem possa provocar na mãe ou no feto, mas ao facto de se evitar um eventual parto durante o trajecto.
Barco. Embora o barco seja um meio de transporte muito cómodo, durante a gravidez existe um maior risco de enjoo, já que os medicamentos para a sua prevenção estão completamente contra-indicados nas mulheres grávidas. As viagens de barco devem-se restringir a deslocações breves e sempre em condições climáticas favoráveis que não prevejam mar agitado.
Informações adicionais
Repouso
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As alterações hormonais e o aumento do metabolismo costumam provocar uma certa sensação de cansaço, algo perfeitamente normal, porque o organismo da mulher tem de cobrir, para além das suas próprias necessidades, as do feto em desenvolvimento. É preciso que a mulher grávida reserve um pouco do seu tempo para o repouso, de modo a favorecer a recuperação do seu organismo perante o excesso de esforço consequente da realização das tarefas quotidianas e laborais. Antes de mais, sempre que ficar cansada, convém que a mulher grávida interrompa a actividade que estiver a realizar e respire fundo durante alguns minutos, intercalando a elaboração de uma tarefa prolongada com alguns minutos de repouso, preferencialmente numa cómoda posição horizontal e até mesmo com os membros inferiores elevados para favorecer a circulação, embora por vezes se possa colocar uma almofada por baixo dos joelhos.
Considera-se que todas as mulheres grávidas devem descansar durante o dia de trabalho ou evitar actividades em que seja necessário um esforço físico intenso, para além de oito horas dedicadas ao sono. Em relação a este ponto, deve-se ter em conta que algumas grávidas têm, de forma espontânea, mais sono do que o normal e convém, sempre que possível, que o respeitem, enquanto outras apresentam, em alguns momentos da gravidez, dificuldades em dormir, sendo conveniente que nestes casos se tentem relaxar, por exemplo ao tomarem um banho de água morna, fazendo exercícios respiratórios ou recorrendo a outro procedimento simples para favorecer o sono. Apenas devem recorrer à utilização de soporíferos quando não existe outra solução e sempre sob estrita prescrição médica, porque qualquer automedicação é muito perigosa durante a gravidez. Para dormir, a posição mais cómoda costuma ser de lado, já que deste modo o útero não comprime os vasos sanguíneos abdominais.
Actividade sexual
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À excepção de alguma complicação pontual, pode-se manter, ao longo da gravidez, uma actividade sexual normal, embora possa ser necessário introduzir algumas alterações à medida que a gravidez avança e a mulher apresente limitações nos seus movimentos. Apesar de existirem casais que optam por não manterem relações sexuais durante a gravidez, com medo de causarem danos no feto, o receio é completamente injustificado. Embora costume estar contra-indicado nas mulheres com uma história de abortos repetidos ou que evidenciem hemorragias vaginais, o coito apenas deve ser evitado quando o médico assim o recomendar. Deve-se referir que as relações sexuais são benéficas porque, entre outras coisas, fortalecem a união do casal, não havendo qualquer motivo para reprimir a sua realização a menos que exista uma razão objectiva. Como é óbvio, as posições a adoptar na realização do coito dependem, para além das preferências pessoais, do estado da mulher em cada fase da gravidez, embora o único requisito seja evitar as que provoquem a compressão do seu abdómen, ou seja, a partir do segundo semestre não é aconselhável a típica "posição do missionário", com a mulher deitada de barriga para cima e o homem por cima, a menos que este mantenha o seu peso sobre os braços. São preferíveis as posições com a mulher colocada por cima do homem ou com os dois de lado. Deve-se referir que, apesar de o coito poder propiciar o desencadeamento do parto na fase final da gravidez, esta situação apenas ocorre quando o útero se encontra amadurecido e não constitui qualquer perigo, já que apenas é preciso evitar o coito durante algumas semanas, quando o médico, por alguma razão, assim o indica.