Dado que a alimentação ao longo da gravidez tem que assegurar as necessidades nutritivas da mulher grávida e as do feto que se desenvolve no seu interior, deve-se evitar tanto as carências como os excessos.
Generalidades
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A alimentação, ao longo da gravidez, deve ser completa, variada e equilibrada, tal como em qualquer outro período da vida. Todavia, durante este período, deve-se ter um especial cuidado em respeitar estes requisitos básicos e, para além disso, deve-se efectuar pequenas alterações, de modo a garantir a assimilação de todos os nutrientes necessários para o correcto desenvolvimento das estruturas do feto sem que tenha repercussões negativas na própria mulher grávida. Este conceito é extremamente importante, pois quando se fala de alimentação ao longo da gravidez é fundamental pensar tanto no bebé como na mãe. Por exemplo, uma nutrição deficiente poderia provocar o nascimento de um bebé com um peso abaixo do normal, mesmo que não afecte a mãe de maneira evidente, enquanto que a carência de cálcio poderá proporcionar uma desmineralização óssea do esqueleto materno, algo prejudicial para a mãe, e uma anemia provocada por um défice de ferro, que tanto pode afectar a mãe como o bebé. A alimentação deve assegurar o aumento das necessidades nutritivas e vigiar, igualmente, os excessos, prejudiciais tanto para o bebé como para a mãe, não se devendo apenas combater os défices. Por exemplo, o excesso de alimentação pode provocar um excesso de peso do bebé ao nascer e até favorecer o desenvolvimento de uma obesidade constitucional no bebé, difícil de combater no futuro. Também pode provocar maiores riscos no momento do parto e reservas excessivas no organismo da mãe difíceis de eliminar, sobretudo caso esta não amamente o bebé.
Necessidades nutritivas
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As mulheres que se alimentam correctamente antes da gravidez, apenas têm que adaptar a assimilação de alguns nutrientes às necessidades consequentes da gravidez. Todavia, deve-se referir que as alterações a introduzir na dieta são muito específicas e simples. Em seguida, iremos descrever os factores mais importantes a ter em conta em re- lação à assimilação de alguns nutrientes básicos.
Proteínas. As proteínas são essenciais para a formação dos tecidos do feto, pois como representam a matéria-prima do organismo em desenvolvimento, a sua correcta assimilação ao longo da gravidez constitui um ponto fundamental. Embora se considere que as necessidades proteicas possam ser asseguradas com uma assimilação de 90 a 100 g por dia, sobretudo quando menos de metade corresponde a proteínas de alta qualidade, como as de origem animal, deve-se ter em conta que como a assimilação de proteínas nos países ocidentais costuma ser superior às necessidades reais, os médicos costumam afirmar que normalmente não é necessário nenhum suplemento proteico durante a gravidez de uma mulher bem alimentada, já que apenas teria de incluir um suplemento máximo de 10 a 20 g/dia.
Vitaminas. Apesar de existirem algumas vitaminas cuja necessidade aumenta ao longo da gravidez, tais como as vitaminas A, B3 (niacina), B5 (ácido pantoténico), B6 (piridoxina), B9 (ácido fólico), C e D, pode-se satisfazer amplamente as necessidades de vitaminas através de uma alimentação variada, que inclua tanto alimentos de origem animal, como (principalmente) frutas e verduras. Para além de uma correcta alimentação, pode-se cobrir as necessidades de vitamina D, através de banhos de sol. Embora, por vezes, o médico possa receitar determinados suplementos de vitaminas, apenas o faz quando existe uma insuficiência ou como medida de prevenção.
Minerais. Dado que as necessidades de certos minerais são consideravelmente mais elevadas durante a gravidez, pode-se acentuar uma deficiência já existente. Os dois minerais a ter mais em conta, já que o seu défice pode provocar problemas tanto para o feto como para a mãe, são o cálcio, necessário para a formação do esqueleto e dos dentes do bebé, e o ferro, indispensável para a formação dos glóbulos vermelhos. Em relação ao cálcio, considera-se que a gravidez necessita de uma assimilação de 1 200 mg/dia, sobretudo ao longo de toda a segunda metade da gravidez, o que pode ser obtido com o consumo diário de 11 de leite ou o equivalente em derivados lácteos, embora também sejam ricos neste mineral os cereais integrais, os vegetais verdes e os frutos secos. Em relação ao ferro, as necessidades diárias ao longo da gravidez são de 15 a 20 mg/dia, mesmo que, por vezes, o médico considere que estas podem ser alcançadas com a alimentação, sobretudo se a mulher consumir alimentos ricos neste mineral, como o fígado, ovos e legumes; em alguns casos, em especial quando as análises de sangue evidenciam uma carência, é necessário prescrever suplementos específicos.
Informações adicionais
Necessidades energéticas
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Calcula-se que, na maioria dos casos, uma gravidez normal necessita da assimilação suplementar de 80 000 calorias, para cobrir o gasto energético consequente do desenvolvimento do feto e do aumento do metabolismo materno, ou seja, em média 300 cal/dia. No entanto, deve-se ter em conta que as necessidades energéticas suplementares reais variam bastante de caso para caso, pois dependem de factores como o estado nutritivo da mulher antes da gravidez ou a actividade física realizada ao longo da gravidez. Por exemplo, através da diminuição da actividade física na segunda metade da gravidez, pode-se poupar cerca de 40 000 cal e, caso este seja o consumo real, em média é necessário um suplemento à volta das 150 cal/dia, o que representa cerca de 6 a 8% da dieta normal de uma mulher adulta. Dado que as necessidades energéticas não são homogéneas durante a gravidez, apenas é necessário um suplemento de 100 cal/dia, no primeiro trimestre, e de 200 cal/dia, nos dois últimos trimestres. A melhor maneira para se determinar se a assimilação de energia é a ideal corresponde ao controlo do peso, já que todas as mulheres grávidas devem aumentar aproximadamente entre 9 e 12 kg. Ao longo das consultas regulares, o médico deverá verificar se o aumento de peso segue um ritmo adequado e deverá, em cada caso específico, recomendar a manutenção, diminuição ou aumento da assimilação de calorias.
Bebidas
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Dado que a melhor bebida durante a gravidez é a água, a mulher deve consumir, no mínimo, 1,5 I por dia, embora possa beber o que desejar, desde que não existam motivos para uma eventual restrição, como por exemplo uma patologia renal, devendo ser o médico a avaliar o melhor comportamento, pois apenas se deve restringir a assimilação de líquidos em casos excepcionais. Deve-se referir que a redução do consumo de água não pressupõe quaisquer benefícios na tentativa de reduzir os edemas, tão comuns ao longo da gravidez.
Para além de água, a mulher deve consumir leite, infusões ligeiras, sumos de frutas e de verduras, caldos, etc. Por outro lado, convém que não consuma bebidas gasosas, pois distendem o tubo digestivo, aumentando os problemas típicos da gravidez. O consumo de bebidas alcoólicas ao longo da gravidez é, obviamente, prejudicial.