Exames

Embora existam exames, como a ecografia,realizados regularmente na vigilância da gravidez, existem outros, como a amniocentese, que apenas são efectuados perante circunstâncias que o indiquem.

Generalidades

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A vigilância médica é fundamental para a prevenção das complicações que possam ocorrer ao longo da gravidez, para que, caso se evidenciem, se proceda à sua detecção e tratamento oportuno. Todavia, para que essa vigilância seja eficaz, para além das consultas regulares ao especialista, é igualmente necessário realizar-se uma série de exames.

Alguns deles, como as análises à urina ou a ecografia, devem ser realizados de forma regular em todas as grávidas e até serem repetidos com uma certa frequência. Por exemplo, as análises à urina costumam ser solicitadas em todas as consultas médicas de vigilância e as ecografias, no mínimo, três vezes ao longo da gestação. São exames que, para além de serem inofensivos para o feto e não provocarem qualquer tipo de problema à mulher grávida, fornecem igualmente uma informação muito útil para o controlo do desenvolvimento da gestação.

Existem outros exames auxiliares, como por exemplo a cardiotocografia, que embora comecem igualmente a ser realizados de forma regular, apenas são solicitados nas fases mais avançadas da gravidez, pois servem para avaliar se o feto está em condições de enfrentar um parto normal.

Por fim, existem determinados testes que apenas são solicitados em determinadas circunstâncias, como a amniocentese, realizada quando se considera que existe um risco especial de o futuro bebé poder ser afectado por alterações genéticas, ou amnioscopia, efectuada quando o parto se atrasa um pouco mais do que o habitual e se suspeite de que pode haver um quadro de sofrimento fetal.

Ecografia

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A ecografia é uma técnica de diagnóstico baseada na utilização de ondas ultra-sónicas, cuja frequência é imperceptível para o ouvido humano, aproveitando a capacidade das ondas para atravessar os tecidos, onde se reflectem num grau proporcional à sua densidade. Os ultra-sons são gerados por um emissor especial que deve ser colocado fora do corpo e, conforme o choque sobre as distintas estruturas do organismo e a densidade dos mesmos, parte deles reflecte-se em sentido contrário, voltando para o exterior. As ondas ultra-sónicas reflectidas originam uma espécie de eco, o que justifica a designação desta técnica de exploração, sendo captadas no exterior por um receptor semelhante a um radar e, em seguida, processadas através de um sistema digital que as transforma em imagens. Por fim, as imagens assim obtidas, que correspondem às estruturas examinadas, podem ser ob- servadas num monitor e impressas em papel.

A ecografia é uma técnica de exploração inofensiva e de fácil realização que faculta imagens bastante precisas das estruturas internas, incluindo o produto da gestação, utilizada de forma regular na vigilância clínica da gravidez. O tipo mais utilizado é a ecografia abdominal, que se efectua com a mulher deitada numa marquesa e colocando o transdutor emissor e receptor de ultra-sons sobre a sua barriga, após a aplicação de um gel condutor, de modo a facilitar a transmissão das ondas.

Ao longo do exame, o médico deve deslocar o transdutor sobre a superfície do abdómen da mulher grávida enquanto visualiza as imagens no monitor e imprime as que considera mais importantes. Dado que a própria mulher e o seu eventual acompanhante podem igualmente observá-las, constitui uma excelente oportunidade, muito especial do ponto de vista emocional, para contemplar o seu futuro filho em tempo real. No total, o exame costuma prolongar-se durante cerca de 15 minutos.

A utilidade da ecografia abdominal no diagnóstico e vigilância da gravidez reside no facto de permitir delimitar as paredes do útero e o interior da cavidade uterina e acompanhar a evolução do feto. De facto, quatro ou cinco semanas após a última menstruação, a realização de uma ecografia abdominal proporciona a imagem de uma cavidade que corresponde ao ovo implantado; a partir da quinta ou sexta semana, faculta as imagens de algumas estruturas do próprio embrião; e a partir da décima semana, as da placenta e os movimentos do embrião. Para além disso, através da ecografia pode-se observar a formação de cada uma das estruturas do feto e constatar se a sua evolução é adequada, na medida em que, perto do final do terceiro mês, é possível diferenciar claramente o tórax e os membros e, a partir do quarto mês, praticamente todas as partes que constituem o corpo humano. Por fim, no último trimestre da gravidez, a ecografia abdo- minal permite confirmar se o feto amadurece a um ritmo adequado.

Por outro lado, através de uma ecografia abdominal pode-se detectar prematuramente a existência de situações especiais e complicações, como uma gravidez gemelar, uma implantação anómala da placenta ou o desenvolvimento de malformações fetais.

Por último, a ecografia abdominal constitui um complemento essencial para executar com precisão outros exames de exploração, como a cardiotocografia e a amniocentese.

Cardiotocografia pré-parto

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A cardiotocografia é um exame que consiste no registo combinado da actividade cardíaca do feto e das contracções do útero. A análise conjunta destas duas variáveis permite avaliar a reserva respiratória fetal, ou seja, a capacidade da placenta em transmitir ao feto uma quantidade suficiente de oxigénio quando as contracções da musculatura do útero, presentes de maneira esporádica durante boa parte da gravidez, mas muito fortes ao longo parto, diminuírem a circulação placentária. A avaliação da reserva respiratória fetal serve para comprovar se o feto recebe uma quantidade adequada de oxigénio e se está preparado para enfrentar o parto. Embora este procedimento seja, sobretudo, utilizado no momento do parto, também pode ser realizado nos últimos dias da gravidez, de modo a avaliar o estado do feto.

A realização de uma cardiotocografia pré-parto consiste na aplicação de pequenos transdutores sobre a barriga da mulher grávida, seguros por grandes cinturões colocados à volta do seu abdómen, com vista a que um dos sensores capte os batimentos do feto e o outro faça o mesmo com as contracções uterinas. A informação proporcionada por ambos os transdutores é transmitida através de um aparelho que a processa electronicamente e a regista num monitor ou numa fita de papel contínuo, na qual se pode observar em simultâneo as curvas de ambos os parâmetros e, consequentemente, a sua relação. Em condições normais, a frequência cardíaca diminui com a produção de contracções uterinas, mas depressa recupera e regressa aos valores normais quando as mesmas param. Caso se observe que o ritmo dos batimentos fetais diminui excessivamente ou não recupera adequadamente após as contracções, considera-se que a reserva respiratória não é suficiente e existe um certo grau de sofrimento fetal.

No decorrer do exame cardiotocográfico anterior ao parto, deve-se determinar a reserva respiratória do feto em repouso e proceder igualmente à aplicação de vários estímulos para avaliar com maior flabilidade se o feto está realmente em condições de sobreviver ao parto, por exemplo, ou indicando à mulher grávida que realize algum movimento ou mesmo aplicando-lhe vibrações sobre a parede abdominal. O exame não provoca desconforto à mulher grávida e, no total, dura cerca de vinte minutos.

Ao longo dos últimos anos, tem-se realizado a cardiotocografia de forma regular nas fases mais avançadas da gravidez, de modo a determinar se é necessário realizar o parto mais tarde, se o feto está preparado para o stresse que este representa para si ou se é necessário recorrer-se a uma cesariana.

Para além disso, a cardiotocografia é indicada sempre que se suspeita ou detecta a existência de qualquer problema que possa provocar um quadro de sofrimento fetal, de modo a planificar-se a estratégia oportuna para evitar as graves repercussões proporcionadas por esta situação.

Amniocentese

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A amniocentese consiste na obtenção de uma amostra do líquido amniótico, no qual o feto se encontra submergido, através de uma punção na parede abdominal da mãe. Embora o procedimento seja simples e praticamente indolor, apenas deve ser efectuado após a administração de anestesia local e necessita da realização simultânea de uma ecografia para que o especialista possa dirigir a agulha com precisão, sem risco de lesionar o feto ou a placenta.

O objectivo deste estudo é analisar a composição do líquido amniótico, já que o seu conteúdo em células e substâncias elaboradas pelo organismo do feto oferece uma informação muito valiosa para avaliar o seu estado, grau de amadurecimento e possíveis riscos em várias situações. Embora a amniocentese não seja um exame realizado regularmente na vigilância da gravidez, pode ser indicada por várias razões nas distintas etapas da gestação.

Ao longo do primeiro trimestre da gravidez, costuma-se recorrer à amniocentese, nestes casos denominada amniocentese precoce, como uma técnica auxiliar para o diagnóstico pré-natal de vários tipos de anomalias cromossómicas ou genéticas detectáveis através de um estudo cromossómico ou graças à determinação das várias substâncias presentes no líquido amniótico. A amniocentese precoce apenas costuma ser indicada nas gravidezes de alto risco, como por exemplo quando a mulher grávida tem mais de 35 anos de idade e num casal que tenha tido um filho ou antecedentes familiares com anomalias genéticas.

Durante o segundo trimestre da gravidez, a amniocentese está indicada nos casos de incompatibilidade Rh entre a mãe e o feto, já que através de uma análise do líquido amniótico pode-se comprovar se o feto foi, de facto, afectado por uma destruição maciça dos seus glóbulos vermelhos, o que a ser confirmado necessita da realização de um tratamento oportuno durante a gestação.

Por último, nas fases mais avançadas da gravidez, a amniocentese é indicada quando a realização de uma amnioscopia não permite a obtenção de dados suficientemente precisos ou fiáveis para determinar se existe sofrimento fetal ou se o feto está suficientemente amadurecido para sobreviver fora do organismo da mãe. De facto, através de uma amniocentese pode-se, por exemplo, detectar a presença de mecónio no líquido amniótico, um dado que, como já foi mencionado, está relacionado com um défice no fornecimento de oxigénio para o feto. Pode-se igualmente efectuar uma medição do surfactante pulmonar, uma substância que os pulmões do feto começam a produzir no final da gravidez, de modo a que o recém-nascido consiga respirar sem que exista o perigo de os seus pulmões colapsarem, como costuma ocorrer nos prematuros.

Informações adicionais

O médico responde

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Quantas ecografias se devem realizar ao longo de uma gravidez?

A ecografia é o principal exame de vigilância da gravidez, pois é inofensiva tanto para mãe como para o feto, realiza-se de forma simples e faculta imagens precisas que possibilitam a visualização do produto da gestação e até a observação da sua actividade. Em princípio, pode-se realizar as ecografias que forem consideradas oportunas. Todavia, o número de vezes que este exame é solicitado ao longo da gravidez varia consoante os recursos disponíveis e as características de cada caso específico. Em condições normais, costuma ser solicitada, no mínimo, três vezes: no primeiro trimestre, para confirmar o diagnóstico de gravidez, calcular a data provável, detectar se existe um risco especial de aborto espontâneo e identificar situações especiais, como uma gravidez gemelar; entre as semanas 18 e 20, para verificar se o desenvolvimento da placenta e das distintas partes do feto é harmonioso; e até ao final do oitavo mês, nomeadamente na semana 35, para voltar a confirmar se o feto amadureceu adequadamente e para observar a posição que o mesmo adoptou no interior do útero, uma informação extremamente úti1 para a programação do parto.

Determinação do sexo através de uma ecografia

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Em condições normais, consegue-se determinar o sexo do feto a partir do quarto mês de gravidez através de uma ecografla, mediante a qual é possível detectar a existência de genitais masculinos. De qualquer forma, existem casos em que a conclusão é indirecta, já que apenas se pode asseverar que o feto é de sexo masculino quando se observa que tem pénis; caso contrário, apenas se pode deduzir que é do sexo feminino. Como existem alguns casos em que a posição do feto no momento do exame não permite observar com precisão a região genital e o médico não tem condições para determinar com precisão o seu sexo, a incógnita mantém-se até à ecografla seguinte.

Amnioscopia

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A amnioscopia é um exame de diagnóstico relativamente simples e indolor que consiste na observação do aspecto e da cor do líquido amniótico com a ajuda de um amnioscópio, um dispositivo óptico constituído com um sistema de iluminação que deve ser introduzido através da vagina e do colo do útero. O líquido amniótico no qual o feto se encontra submergido na bolsa das águas, de início, apenas é composto pelas secreções da placenta e do embrião, sendo mais tarde igualmente constituído pela urina eliminada pelo feto e por alguns elementos sólidos ou semi-sólidos, como as células que se descamam da sua superfície cutânea e parte da gordura que reveste a pele.

Em condições normais, o líquido amniótico, perceptível na bolsa das águas através de um amnioscópio, costuma ser claro e transparente ou ligeiramente opaco. Todavia, o seu aspecto pode alterar-se de maneira evidente, caso se produza um quadro de sofrimento fetal, pois quando o feto não recebe, por alguma razão, uma adequada assimilação de oxigénio, pode-se produzir de maneira reflexa um relaxamento do seu esfíncter anal e a evacuação do mecónio, a matéria fecal de cor amarela e esverdeada que se acumula no intestino e que, em condições normais, apenas é expulsa após o parto. Quando o parto se prolonga por muito tempo, também se pode produzir uma eliminação intra-uterina de mecónio, sem que isso signifique sofrimento fetal. Nestes casos, o líquido amniótico adopta uma tonalidade amarela e esverdeada.

Embora a amnioscopia não pertença aos exames regulares da vigilância clínica da gravidez, costuma ser realizada quando não existem indícios do início do parto no final da gravidez. Nestas circunstâncias, a amnioscopia permite detectar se existe sofrimento fetal e se o feto já está suficientemente amadurecido para se induzir o parto ou ainda se é necessário realizar outros testes ou recorrer a outro tipo de soluções ou exames.

Para saber mais consulte o seu Obstetrícista / Ginecologista
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