Primeira consulta
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Idealmente, a primeira consulta de vigilância da gravidez deveria ser efectuada duas ou quatro semanas após a ausência de menstruação, devendo ser realizada ao longo deste prazo tanto pelas mulheres que já tenham realizado um teste de autodiagnóstico da gravidez e obtido um resultado positivo como pelas que nunca efectuaram qualquer exame para verificar a existência de uma gestação. Convém que esta primeira consulta não seja muito tardia, já que é precisamente ao longo das primeiras semanas de gestação que se determina o desenvolvimento do embrião e a existência de vários factores externos, perfeitamente evitáveis quando se tem em conta uma possível gravidez, que possam originar graves alterações ou malformações congénitas.Ao longo desta primeira consulta, o médico deve realizar alguns testes e solicitar a realização dos exames necessários tanto para confirmar a gravidez como para avaliar o estado geral da mulher, de modo a programar a posterior vigilância da gestação a partir das informações obtidas. Convém que a mulher vá à primeira consulta acompanhada pelo seu companheiro, pois assim ambos terão uma excelente oportunidade para partilhar, com o médico, as suas dúvidas, desejos e receios em relação à nova situação.
Conteúdo da primeira consulta
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Como é óbvio, a primeira consulta médica inicia-se com um exaustivo interrogatório por parte do médico, para que este questione a paciente sobre os sintomas e sinais de gravidez que a mulher tenha possivelmente notado e sobre a existência de antecedentes pessoais e familiares de várias doenças que possam ter repercussões na gestação. Um dos aspectos básicos do interrogatório é, obviamente, determinar com a máxima precisão a data da última menstruação, uma informação extremamente útil para o diagnóstico da gravidez e para definir a data provável do parto.Uma outra parte fundamental da primeira consulta consiste na realização de um exame físico completo da mulher, através do qual o médico deve detectar a presença de sinais e sintomas de eventuais problemas que poderiam complicar a gravidez. Normalmente, este exame compreende a inspecção da pele e das mucosas, uma palpação abdominal e uma auscultação cardíaca e torácica e um exame neurológico. Inclui igualmente uma primeira avaliação de uma série de parâmetros que devem ser controlados ao longo de toda a gravidez, como o peso do corpo e a pressão arterial.Como é óbvio, a primeira consulta engloba igualmente a realização de um exame ginecológico completo, que permite ao médico obter informações valiosas para avançar o diagnóstico de gravidez e começar a registar outros parâmetros. Em termos práticos, este exame é semelhante ao efectuado de forma regular nos controlos ginecológicos periódicos, já que inclui a observação dos genitais externos, o exame vaginal, a inspecção da vagina com a ajuda de um espéculo, a realização de uma colposcopia para examinar o colo do útero e outros exames habituais. Para além disso, engloba igualmente algumas medições específicas que irão ser controladas ao longo das várias fases da gestação, nomeadamente a do tamanho do útero, que inicialmente é efectuada através de um exame vaginal acompanhado por uma palpação do abdómen, e também da dimensão dos ossos da pélvis, que se realiza através da palpação dos ossos que a compõem, como prevenção para que a gravidez e o parto se desenvolvam sem inconvenientes.Por último, o médico deve solicitar uma série de testes e exames auxiliares, como análises ao sangue, à urina e uma ecografia, para confirmar a gravidez e completar a informação obtida na primeira consulta.
Frequência das consultas
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A informação obtida ao longo da primeira consulta e a fornecida pelos exames auxiliares solicitados permitem ao especialista confirmar a gravidez e programar a frequência das consultas médicas. Embora a regularidade destes controlos dependa das características de cada caso específico, os médicos costumam recomendar uma frequência que foi comprovada como muito eficaz no acompanhamento da gravidez e na prevenção das complicações mais importantes. Ao longo das primeiras 30 semanas de gravidez, convém realizar uma consulta mensal; entre as semanas 30 e 36, uma de quinze em quinze dias; e a partir da semana 37, uma consulta semanal até ao parto.Como é óbvio, o médico pode considerar conveniente que a frequência dos controlos médicos seja superior perante a presença de determinadas circunstâncias que possam complicar a gravidez, como por exemplo quando a mulher é afectada por diabetes, problemas cardiovasculares, endócrinos ou infecções, se é fumadora ou obesa, quando tem antecedentes de abortos espontâneos repetidos, se é menor de 16 anos de idade ou maior de 35 anos e, obviamente, quando surgem complicações ao longo da gravidez.
Conteúdo das consultas regulares
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Ao longo de cada uma destas consultas regulares, o médico deve questionar a mulher grávida sobre as alterações sofridas no seu organismo, de modo a obter uma informação detalhada em relação às suas dúvidas e preocupações, em relação às normas dietéticas, higiénicas e à vida quotidiana e, como é óbvio, realizar um exame físico e obstétrico. Para além disso, em cada consulta deve avaliar e registar regularmente uma série de parâmetros e solicitar a realização de exames auxiliares.Um dos parâmetros mais importantes corresponde à pressão arterial, que como tem a tendência para diminuir ao longo da gravidez, o seu aumento poderá indicar o desenvolvimento de uma toxemia gravídica, uma das complicações mais graves da gravidez. Deve-se igualmente efectuar a medição do peso do corpo em cada consulta, em condições idênticas e preferencialmente na mesma balança, para se poder elaborar um gráfico suficientemente credível.A palpação abdominal e a medição do perímetro do abdómen servem para avaliar o crescimento progressivo do útero, uma variável relacionada com o desenvolvimento da gravidez. Em condições normais, o fundo do útero, que corresponde à parte superior do órgão e que fora da gravidez se encontra na pélvis, começa a poder ser palpado no abdómen ao fim do terceiro mês, chegando à altura do umbigo até ao quinto mês, situando-se imediatamente por baixo das costelas até ao oitavo mês e, depois, um pouco antes do parto, quando o feto se encaixa, descendo ligeiramente.Um outro exame regular é o dos batimentos cardíacos do feto, que pode ser realizado a partir do quinto mês de gravidez através de um estetoscópio obstétrico ou, muito antes desta data, a partir da décima segunda semana de gravidez, através da utilização de ultra-sons, mediante o efeito Doppler. Estas medições são muito importantes, pois permitem efectuar um registo da actividade do feto e detectar alguns problemas relativamente comuns, como uma perigosa diminuição da assimilação de oxigénio, problema designado sofrimento fetal.Por outro lado, entre os testes auxiliares de diagnóstico regularmente solicitados ao longo de cada consulta de vigilância costuma-se incluir uma análise à urina, através da qual se obtém uma informação básica para avaliar o estado da mulher grávida.Para além disso, costuma-se solicitar, ao longo da evolução da gestação, duas ou três ecografias, de modo a controlar o desenvolvimento do feto. Por vezes, caso se considere necessário, deve-se solicitar a realização de análises ao sangue ou outros exames auxiliares, como por exemplo uma amniocentese, a qual consiste na realização de uma punção na parede abdominal para obter uma amostra do líquido amniótico, no qual o feto se encontra submergido.
Últimas consultas
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Embora as consultas médicas dos últimos meses da gestação incluam a mesma rotina, com a qual a futura mãe já se encontra familiarizada, a proximidade do parto faz com que o médico atribua uma especial atenção à avaliação do estado do bebé através de uma palpação abdominal e das imagens obtidas através de ecografia. Para além disso, nestas últimas consultas devem-se realizar outros exames mais específicos que ajudem a programar o parto.Um dos principais exames é a pelvimetria, ou seja, a medição das dimensões da pélvis da mãe, de modo a avaliar se são adequadas para o percurso do feto pelo seu interior ao longo de um parto vaginal. O exame costuma ser efectuado através de medições manuais efectuadas pelo médico ao palpar o relevo dos ossos da pélvis com a ajuda de instrumentos especiais. Como os dados obtidos costumam correspondem às imagens ecográficas, são consideradas válidas para prever se o feto irá dispor do espaço adequado para atravessar o canal do parto sem dificuldades. Todavia, caso exista a suspeita de uma possível desproporção entre o tamanho da pélvis e o do feto, pode-se conseguir dados mais precisos através da solicitação de uma radiopelvimetria. Através deste exame, baseado na obtenção de imagens radiográficas da pélvis e inofensivo tanto para a mãe como para o feto, já maduro depois de suportar a dose de raios X utilizada, pode-se determinar com precisão a morfologia e as dimensões da pélvis materna.Por outro lado, nas últimas consultas, o médico deve realizar, através de um exame vaginal, uma palpação do colo uterino, de modo a comprovar o seu grau de amolecimento e a sua eventual dilatação, variáveis que anunciam a iminência do parto.
Informações adicionais
Os primeiros testes
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O médico costuma aproveitar a primeira consulta de vigilância da gravidez para solicitar a realização de uma série de testes e exames auxiliares de diagnóstico, nomeadamente uma análise ao sangue, uma análise à urina e, normalmente, uma ecografia. A realização destes exames visa confirmar o diagnóstico da gravidez, detectar a eventual ausência de problemas que possam complicar a gravidez e estabelecer uma série de parâmetros para se efectuar a vigilância com uma certa regularidade.
A realização da análise ao sangue e da medição de hGC, para além de confirmar a gravidez, estabelece o grupo sanguíneo, o factor Rh da mulher, a concentração de elementos sanguíneos (hemograma, hemoglobina) e os níveis de glicose e outras substâncias. Para além disso, a amostra de sangue obtida é igualmente submetida a vários exames serológicos específicos para detectar a presença de determinadas infecções, como a sífilis e a SIDA, e o grau de imunidade da mulher face à toxoplasmose e à rubéola, problemas que se afectarem a mulher ao longo da gravidez podem alterar o desenvolvimento do feto.
Por outro lado, a análise à urina permite detectar e quantificar a presença de determinadas substâncias, como proteínas, glicose e microorganismos, dados que podem sugerir ou confirmar a existência de determinados problemas que frequentemente complicam a gravidez, como os processos infecciosos das vias urinárias.
Em relação à ecografia, deve-se referir que é o principal exame auxiliar para confirmar o diagnóstico da gravidez e controlar o desenvolvimento do feto, o que justifica o facto de ser quase sempre solicitada na primeira consulta.
Data provável do parto
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O conhecimento da idade do
embrião ou do feto permite comprovar se o seu desenvolvimento se está a processar normalmente e prever, até um certo ponto, a data aproximada do parto. Apesar de ambas as datas poderem ser definidas ao longo das primeiras semanas da gravidez, têm obviamente um carácter meramente estimativo.
Dado que, ao longo das primeiras semanas de gestação, estas informações baseiam-se unicamente na data da última menstruação, apenas são fiáveis, embora de maneira relativa, nas mulheres com ciclos menstruais regulares. Tendo em conta que, nestes casos, a fertilização, ou seja, o momento que constitui o ponto de partida do novo ser, ocorre em média 14 dias após a última menstruação, o somatório destes 14 dias que sobram ao tempo que passou desde a última menstruação proporciona uma aproximação da idade provável do produto da concepção. Por outro lado, como a gravidez compreende, em média, 266 dias, quando uma mulher tem ciclos menstruais regulares, pode-se igualmente estabelecer a data provável do parto com uma certa fiabilidade a partir da data da última menstruação, pois basta somar-lhe 280 dias, ou seja, os 14 correspondentes ao tempo que passou até à fecundação e os 266 da própria gravidez.
Pode-se igualmente calcular a idade cronológica do feto e a data provável do parto, algumas semanas após o início da gravidez, a partir de imagens das ecografias, pois em condições normais o grau de amadurecimento fetal corresponde à sua idade cronológica.
A principal vantagem deste método consiste em poder ser aplicado tanto nas mulheres com ciclos irregulares como nas com ciclos regulares, pois não se baseia necessariamente na data da última menstruação.
Gravidez e peso do corpo
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O crescimento do próprio feto e da placenta e o aumento de volume de várias estruturas e tecidos maternos, nomeadamente o útero, os seios e o sangue, ao longo da gravidez, proporcionam um progressivo aumento do peso do corpo. Em condições normais, observa-se ao longo do primeiro trimestre um aumento de, no máximo, 0,5 kg por mês; no segundo, de 1 a 1,5 kg mensais; e, no último, de 2 kg por mês. No fim da gravidez, o aumento médio de peso em condições normais oscila entre 9 e 12 kg. Deste total, cerca de 38% corresponde ao próprio feto, cujo desenvolvimento sem problemas provoca um aumento progressivo de peso, no máximo 300 a 400 g por semana.
O registo do aumento do peso do corpo é um dos aspectos mais importantes da vigilância da gravidez, já que, entre outras razões, o aumento exagerado de peso pode ser provocado por um excessivo crescimento do feto, o que pode, por sua vez, dificultar a sua passagem pelo canal do parto, enquanto que o aumento do peso inferior ao normal pode indicar que não se está a desenvolver de forma adequada.
Em suma, caso a mulher grávida efectue uma alimentação equilibrada e não se tenham evidenciado quaisquer complicações, o aumento de peso deverá ser normal, o que consequentemente faz com que a mulher recupere progressivamente o seu peso habitual após o parto.