Fertilização

A união de um óvulo materno e de um espermatozóide paterno proporciona o início de um novo ser que se desenvolve no útero da mulher grávida durante nove meses, antes de enfrentar o mundo e começar uma vida autónoma.

As células germinativas

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O início de um novo ser está intimamente ligado a um acontecimento específico, a fertilização, ou seja, a fusão de duas células muito especiais denominadas células germinativas ou reprodutoras, igualmente denominadas gâmetas: um óvulo e um espermatozóide. Dado que cada uma destas duas células é constituída por apenas 23 cromossomas, ou seja, metade das restantes células que compõem o organismo humano, a união de ambas proporcionará a formação de uma célula, o ovo ou zigoto, com 46 cromossomas, cujas sucessivas divisões pro- porcionarão a formação de todas as estruturas do novo ser.

Óvulos. Os óvulos, as células germinativas femininas maduras e aptas para serem fecundadas, começam a ser produzidos nos ovários a partir da puberdade. Todavia, os ovários das raparigas são desde o nascimento constituídos por cerca de 400 000 células germinativas imaturas, ou ovócitos primários, que se mantêm, ao longo de toda a infância, num estado de amadurecimento. Ao chegarem à puberdade, a influência das hormonas gonadotrofmas elaboradas pela hipófise proporciona o amadurecimento regular de algumas destas células, cerca de 400 a 500 ao longo da etapa reprodutora, e o funcionamento cíclico do aparelho reprodutor feminino.

Embora o início de cada ciclo proporcione o desenvolvimento de vários folículos ováricos, cada um deles com um ovócito primário no seu interior, apenas um irá conseguir completar o processo. Sensivelmente a meio do ciclo, ou seja, cerca de catorze dias após o início do período, o folículo ovárico já desenvolvido sofre uma ruptura, libertando-se um ovócito secundário amadurecido, denominado óvulo. Trata-se de uma célula esférica com cerca de uma décima de milímetro de diâmetro rodeada por uma membrana gelatinosa, designada zona pelúcida, e por uma coroa de células mais pequenas. Após a libertação do ovário, ou ovulação, o óvulo é captado pela trompa de Falópio, através da qual se irá dirigir até ao útero, sendo no interior deste canal que se costuma produzir o seu encontro com os espermatozóides.

Espermatozóides. Os espermatozóides, as células germinativas masculinas, são produzidos nos testículos igualmente a partir da puberdade perante o estímulo das hormonas hipofisárias gonadotrofinas, através de um processo denominado espermatogénese, que se mantém activo durante toda a vida. Este processo realiza-se nos túbulos seminíferos dos testículos, onde a influência das hormonas faz com que inúmeras células denominadas espermatogónios, presentes nos túbulos seminíferos, desde a etapa embrionária, passem por um mecanismo de divisão especial que origina a formação das células germinativas maduras, os espermatozóides. São pequenas células compridas e móveis, de apenas cinco centésimas de milímetro, nas quais é possível distinguir várias partes: a cabeça, onde se encontra o núcleo que alberga os cromossomas, tendo na sua extremidade uma estrutura denominada acrossoma, constituída por enzimas cuja acção é essencial para a fertilização; a parte intermédia, composta por abundantes mitocôndrias; e o colo, constituído por filamentos, cujas contracções sequenciais provocam um movimento ondulante.

Os espermatozóides produzidos nos testículos são armazenados nos epidídimos, onde esperam pelo momento em que são expulsos para o exterior através da ejaculação.

Encontro das células germinativas

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Em condições normais, este processo inicia-se com um coito efectuado no período fértil da mulher, perto do momento da ovulação, no qual o óvulo se liberta do ovário e penetra na trompa de Falópio. No entanto, como apenas conserva a sua vitalidade durante cerca de vinte e quatro horas, apenas pode ser fecundado nesse período, pois caso contrário sofre um processo de degeneração e é reabsorvido. A ejaculação proporciona o depósito, na vagina da mulher, de 300 a 500 milhões de espermatozóides imersos em líquido seminal, rico em substâncias nutritivas, elaborado pelas glândulas sexuais acessórias. Embora os seus típicos movimentos possibilitem a deslocação e penetração de grande parte dos espermatozóides no útero através do canal cervical, como têm de passar por inúmeros obstáculos, os quais a maioria não consegue ultrapassar, apenas uma reduzida quantidade, os mais resistentes, conseguem atravessar o útero, avançando a uma velocidade de 2 a 3 mm por minuto, até penetrarem na trompa de Falópio, onde possivelmente se encontra o óvulo.

O terço externo da trompa apenas é alcançado por cerca de cem espermatozóides e, caso avistem um óvulo, rodeiam-no e tentam atravessar as camadas de células e membranas presentes à sua volta, com vista a penetrarem no seu interior. Contudo, apenas um atinge esse objectivo, pois mesmo que as enzimas activadas no acrossoma deste afortunado espermatozóide consigam perfurar um buraco na superfície do óvulo, permitindo a passagem da sua cabeça, é desencadeado um processo químico na membrana do óvulo que repara a fenda e impossibilita a passagem dos restantes. Desta forma, apenas a cabeça de um único espermatozóide, cujo colo fica no exterior, consegue entrar no óvulo. Em seguida, os núcleos do espermatozóide e do óvulo, cada um deles constituído por 23 cromossomas, unem-se, constituindo o ovo, igualmente denominado zigoto, com 23 pares de cromossomas homólogos. As sucessivas divisões desta célula essencial e das suas descendentes levam à formação de todas as estruturas do novo ser.

Informações adicionais

Duração da gravidez

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Uma gravidez normal, ou seja, a partir do momento da fertilização até ao nascimento, dura em média 266 dias. No entanto, como um dos sinais mais evidentes da gravidez corresponde à interrupção das menstruações, normalmente calcula-se que o início da gestação corresponde ao primeiro dia da última menstruação, cerca de catorze dias antes da fertilização. De acordo com este cálculo, a gravidez dura, em média, cerca de 280 dias, isto é, cerca de quarenta semanas ou nove meses mais dez dias. Deve-se referir que, de acordo com este cálculo, que é realmente o mais utilizado, a gravidez apenas começa ao fim de duas semanas, altura em que se processa a fertilização, o que justifica o facto de existir uma certa confusão quando se fala de idade de gestação ou se faz referência ao embrião de tantas semanas e ao feto de tantos meses.

Determinação do sexo

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Manto o óvulo como o espermatozóide que se unem no momento da fertilização são constituídos por 23 cromossomas, nomeadamente 22 autossomas e 1 cromossoma sexual, que tanto pode ser X ou Y. Esta união leva à formação de uma célula com 23 pares de cromossomas, compostos por 22 pares de autossomas e um par de cromossomas sexuais, que determinarão o sexo do novo ser. Embora o óvulo seja sempre constituído por um cromossoma sexual X, o espermatozóide tanto pode ser composto por um cromossoma sexual X como por um Y. Caso o par de cromossomas sexuais seja XX, o novo ser será do sexo feminino, caso seja XY, do sexo masculino.

Em suma, embora o sexo seja definido no preciso momento da fertilização, são necessárias algumas semanas para que a informação genética presente no par de cromossomas sexuais provoque a diferenciação das gónadas primitivas, ou seja, se o par for XX, transformam-se em ovários, se for XY, convertem-se em testículos.

Para saber mais consulte o seu Obstetrícista / Ginecologista
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