Disfunções sexuais - Generalidades

As disfunções sexuais designam os vários problemas no desenvolvimento da resposta sexual humana, que se evidenciam de maneira persistente ou repetida, impedindo o desfrutar de uma vida sexual satisfatória.

Definição

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Normalmente, considera-se que todas as pessoas que tenham um certo grau de impulso sexual e um estímulo erótico adequado são capazes de desencadear uma resposta sexual que se desenvolve ao longo de várias fases típicas, pelo que qualquer alteração destes parâmetros poderia, em princípio, ser encarada como uma disfunção sexual. Todavia, a definição exacta e categórica do que é uma disfunção sexual é algo extremamente difícil, já que a sexualidade humana é muito complexa, está cheia de considerações e, para se falar de "normalidade" e "anormalidade", é necessário ter em conta critérios objectivos, como o desenvolvimento da resposta sexual, mas também subjectivos, como o grau de satisfação obtido na vida sexual.

Embora o principal objectivo da sexualidade humana seja a procriação, não é o único, pois também constitui uma fonte de prazer, serve para estabelecermos relações interpessoais íntimas e oferece-nos a oportunidade de comunicarmos de maneira muito especial com outras pessoas. As disfunções sexuais não se manifestam apenas quando alguém é afectado por um problema que dificulte a procriação, por exemplo ao impossibilitar o coito, pois também existem problemas de índole sexual que dificultam outros objectivos, independentemente de permitir a obtenção de prazer ou impedir a adequada comunicação interpessoal com a pessoa com que mantém uma relação íntima.

Nesse sentido, é preciso ter em conta que a sexualidade humana é muito rica e variada, que a resposta sexual adopta formas específicas consoante cada indivíduo, que o comportamento sexual de cada pessoa é muito peculiar, que a vida sexual está sujeita a questões tão circunstanciais como a existência de oportunidades para estabelecer relações com outras pessoas e muitos outros factores. Ao falar-se de sexo, o que para uns é habitual, para outros é estranho, mas isso não significa que se trate de algo que possa ser considerado "anormal".

Deve-se referir que um requisito básico para definir uma disfunção sexual é o facto de o problema se apresentar repetidamente. Para além disso, deve-se ter em conta que, como todos nós somos afectados por alguma "dificuldade" na nossa vida sexual sem que isso implique o padecimento de uma disfunção, não se deve dar importância a um problema esporádico, já que a própria preocupação sobre o assunto pode conduzir ao desenvolvimento de um problema persistente.

Classificação

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Como se deduz pelo que foi dito, embora as alterações que possam ser consideradas como disfunções sexuais sejam várias e de difícil definição, convém classificá-las, mesmo que de maneira arbitrária, para que se possa, posteriormente, aprofundar cada uma delas. De acordo com as classificações que normalmente regem a sexologia moderna, as disfunções são classificadas consoante o ciclo normal da resposta sexual humana e, dadas as diferenças que esta adopta em ambos os sexos, conforme se trate de problemas específicos da mulher ou do homem.

Antes de mais, deve-se referir que existe uma disfunção sexual para a qual não existem diferenças de sexo: a inibição do impulso sexual, ou seja, a perda ou ausência de desejo sexual, já que este problema tanto pode afectar as mulheres como os homens.

Entre as disfunções sexuais femininas, existem duas que merecem ser destacadas: o vaginismo, um problema que se caracteriza pelo desencadeamento de um espasmo da musculatura vaginal no momento da penetração, impossibilitando o coito; e a anorgasmia, um problema incorrectamente conhecido como "frigidez", o qual se caracteriza por uma grande dificuldade ou até pela impossibilidade em alcançar o orgasmo, a terceira fase da resposta sexual. Apesar de as mulheres também poderem evidenciar um problema ou ausência de excitação, provocando uma insuficiente lubrificação vaginal, raramente se manifesta como um problema isolado, pois costuma estar associado às disfunções já mencionadas ou como consequência das mesmas.

Entre as disfunções sexuais masculinas, existem igualmente dois tipos a destacar: por um lado, os problemas da erecção, erradamente designados com o termo "impotência", que correspondem a uma alteração no desenvolvimento das primeiras fases da resposta sexual e, por outro lado, os problemas da ejaculação, que afectam a terceira fase da resposta sexual. Estes últimos podem adoptar duas formas, já que a ejaculação tanto se pode evidenciar de forma prematura, sendo denominada ejaculação precoce, como levar muito tempo a manifestar-se, sendo designada ejaculação retardada.

Informações adicionais

Repercussões

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Embora as repercussões que o facto de se ser afectado por uma disfunção sexual possa proporcionar sejam variadas, tanto em função do tipo de que se trate como das peculiaridades de cada pessoa, este tipo de problema pode provocar algumas consequências comuns em todos os casos. Por um lado, de um ponto de vista individual, o padecimento de uma disfunção sexual costuma ser acompanhado por um sentimento de insatisfação, que muitas vezes proporciona uma sensação de frustração, o que consequentemente pode provocar alterações de índole emocional e psicológica. Por outro lado, como a sexualidade é uma actividade que implica outras pessoas, as disfunções sexuais costumam proporcionar problemas de relacionamento e de comunicação interpessoal, sobretudo entre o casal. De facto, alguns casos caracterizam-se por uma disfunção num membro do casal, que provoca ou origina um problema dessa natureza no outro, sendo na maioria dos casos difícil discriminar qual foi o primeiro problema, o que muitas vezes origina sentimentos de culpa ou ressentimentos que apenas deterioram a vida conjugal. Em suma, embora as disfunções sexuais de início apenas perturbem uma área limitada da vida, normalmente vão-se estendendo a outros âmbitos e podem chegar a ser extraordinariamente variadas, já que existem inúmeros problemas afectivos, emocionais, psicológicos e de comunicação provocados por problemas que, embora de início se restringissem ao campo sexual, vão gradualmente invadindo todos os aspectos da vida quotidiana.

Tratamento: a terapêutica sexual

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As várias disfunções sexuais dispõem, actualmente, de diferentes possibilidades de tratamento. Nos casos em que a origem das alterações é essencialmente orgânica, costuma-se recorrer à administração de medicamentos ou até à cirurgia, através da qual se obtêm, na maioria dos casos, amplas expectativas de êxito. Todavia, esta situação não é a mais comum, pois como as disfunções sexuais podem ser provocadas por factores emocionais, psicológicos e de comunicação, enquanto que os próprios problemas, mesmo quando têm uma base orgânica, podem gerar perturbações nessas áreas, esses conflitos não podem ser resolvidos com medicamentos ou com a realização de uma intervenção cirúrgica. Nestes casos, deve-se recorrer a um outro tipo de ajuda, nomeadamente a uma série de técnicas, muito distintas, que se englobam no conceito de "terapêutica sexual", uma forma de tratamento breve e directa, cujo principal objectivo passa por tentar aumentar o grau de satisfação do paciente e da parceira.

Este tipo de terapêutica necessita da participação de ambos os membros do casal, tendo em conta que algumas técnicas assim o exigem e, sobretudo, porque um dos pontos cruciais do processo terapêutico consiste em fortalecer a comunicação interpessoal, afectiva e erótica do casal. Uma parte do tratamento efectua-se na consulta, onde se deverá proceder à analise profunda do problema e à planificação da estratégia terapêutica, ao longo da qual o médico deverá proporcionar a adequada informação sexual e, eventualmente, proceder a métodos psicológicos de diferente natureza consoante o caso. A outra parte do tratamento deve ser realizada pelo casal na intimidade, respeitando as instruções do terapeuta e com uma avaliação periódica na consulta.

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