Identidade sexual

A espécie humana é constituída por elementos de dois sexos, o masculino e o feminino, e todas as pessoas têm, desde a mais tenra idade, um sentimento de pertença a um dos dois, embora existam casos em que as sensações não correspondem à anatomia.

Determinação do sexo

Topo

O facto de uma pessoa pertencer ao sexo feminino ou ao masculino é determinado no próprio momento da fecundação, consoante a constituição de cromossomas sexuais das células germinantes. Caso o par de cromossomas sexuais da célula ovo seja XX, o indivíduo será do sexo feminino; se for XY, será do sexo masculino, ou seja, é no preciso momento da concepção que o sexo cromossómico do indivíduo é determinado. No entanto, deve-se destacar que as características anatómicas do embrião, ao longo da na primeira fase do seu desenvolvimento, são perfeitamente idênticas, mesmo que as gónadas, embora indiferenciadas, apenas se evidenciem ao longo da quinta semana de vida intra-uterina. A ausência ou presença do cromossoma sexual Y proporciona, respectivamente, a transformação das gónadas em ovários (gónadas femininas) ou testículos (gónadas masculinas), dependendo da produção ou não de hormonas fundamentais neste período, os androgénios, nomeadamente a dihidrotestosterona. A ausência desta hormona faz com que os órgãos genitais adoptem características femininas, enquanto que a sua presença propicia a adopção de características masculinas. De facto, até aos três meses de gravidez fica estabelecido o sexo anatómico do indivíduo. No momento do nascimento, em função dos genitais externos que se evidenciem, estabelece-se o sexo legal do bebé, com o qual se realizarão os devidos registos.

Aquisição da identidade e papel sexual

Topo

Quando nasce um bebé, a primeira coisa a perguntar é se é menino ou menina, já que esta informação será, desde os primeiros dias de vida, essencial para os familiares, as pessoas que rodeiam o bebé e a sociedade em geral, pois irá determinar se o bebé receberá um nome feminino ou masculino, se vestirá roupas de menina ou de menino, enquanto que o berço e o quarto são enfeitados de diferente forma, os presentes são mais ou menos específicos consoante o sexo... De facto, os factores psicológicos são de tal forma particularmente importantes ao longo da primeira época de vida até ao ano e meio, no máximo até aos dois anos, que irão estabelecer a identidade sexual, através da qual a menina ou o menino terá a sensação subjectiva de pertencer a um dos sexos, mesmo que nesta idade ainda não seja capaz de estabelecer diferenças anatómicas ao nível dos genitais. De acordo com os especialistas, caso a identidade sexual seja determinada desde tenra idade, dificilmente poderá ser alterada no futuro. A partir dessa altura, a menina ou o menino vai classificar-se por si próprio como pertencente a um sexo e irá, de acordo com os modelos que imperem no meio que o rodeia, adoptar os comportamentos esperados conforme a sua condição, o que proporciona o papel sexual, uma espécie de expressão pública da identidade sexual, uma sensação íntima e intransferível. Embora a maioria dos casos evidenciem uma total coincidência entre o sexo cromossómico, o anatómico e o legal com a sensação de identidade sexual que o indivíduo evidencia e o papel sexual que consequentemente assume, mais ou menos estereotipado consoante as influências socioculturais e as características peculiares de cada pessoa, nos restantes existem excepções.

Transexualismo

Topo

O transexualismo é considerado uma alteração da identidade sexual e consiste na sensação de pertença do sexo contrário ao que as características anatómicas do indivíduo objectivamente evidenciam. Embora se tenham apontado vários motivos biológicos de índole hormonal ao longo do período fetal e educacionais durante os primeiros anos de vida, para explicar a causa de tal sentimento, ainda não se confirmou qualquer hipótese, o que justifica o facto de o transexualismo continuar a ser um mistério.

A pessoa transexual tem, até mesmo desde a mais tenra infância, a impressão de que a sua anatomia não condiz com os seus sentimentos, sente-se fechada num corpo que não lhe é correspondente e chega mesmo, com o passar do tempo, a rejeitá-lo, tentando fazer todos os possíveis para o alterar. Nos casos mais típicos, as raparigas apenas querem vestir-se com roupas masculinas, têm uma preferência por brincadeiras violentas e chegam a pensar que, com o decorrer do tempo, o pénis acabará por crescer, enquanto que os meninos preferem vestir-se de meninas e mostram-se mais interessados por actividades consideradas femininas. As repercussões provocadas pela sensação de pertença a um sexo diferente do anatómico dependem em boa medida da compreensão dos restantes, da aceitação ou rejeição dos entes queridos e da sociedade em geral. De facto, deve-se referir que, embora o transexualismo em si não constitua um problema psicológico nem psiquiátrico, o facto de ter de suportar a incompreensão e a rejeição dos outros pode originar um grande sofrimento e conflitos psicológicos de natureza muito distinta.

Enquanto adolescente e adulto, a pessoa transexual tanto pode resignar-se a aceitar uma situação que lhe provoque sofrimento, devido à pressão social, como tentar modificá-la, procurando soluções para se vestir e adoptar os comportamentos próprios do sexo com o qual se identifica ou recorrendo a tratamentos hormonais e cirúrgicos, de modo a tentar obter a denominada "mudança de sexo", actualmente perfeitamente aceite em vários países, enquanto que existe ainda a possibilidade de alterar o sexo legal, em alguns países.

Informações adicionais

O médico responde

Topo

Ultimamente, o meu filho tem tido comportamentos efeminados e tem a tendência para agir como se fosse uma rapariga. Penso que talvez deva levá-lo ao médico para ver se tem algum problema e para se proceder ao seu tratamento...

O transexualismo não tem tratamento nem é necessário, já que a pessoa transexual não pretende alterar os seus sentimentos, e mesmo que o queira, não existem métodos que o permitam fazê-lo. Caso exista um problema, este é provocado pela não aceitação dos seus sentimentos por parte de quem o rodeia e pela sociedade em geral, que dificilmente compreende a sua situação, sobretudo por ignorância sobre este tema e, muitas vezes, pela rejeição. De facto, antigamente, inúmeras crianças com traços de transexualismo foram submetidas a tratamentos hormonais ou a normas de comportamento rígidas, de modo a tentarem alterar os seus sentimentos e comportamentos, mas estas tentativas, sem qualquer base científica, para além de terem fracassado, apenas provocaram um maior sofrimento. Actualmente, considera-se que, após se descartar qualquer patologia orgânica e psiquiátrica, o mais oportuno é proporcionar à rapariga ou ao rapaz com manifestações  de transexualismo um adequado apoio psicológico para que se possa clarificar a sua situação e o oportuno acompanhamento aos familiares para que possam agir da forma mais correcta possível. 

Para saber mais consulte o seu Psiquiatra
Este artigo foi útil?
Artigos relacionados
Procurar Médicos
Precisa de ajuda?
Porque perguntamos?
PSIQUIATRASVer todos
Dor lombar e ciática Aparelho locomotor/exercício físico
Dor cervical Aparelho locomotor/exercício físico
Artrose Aparelho locomotor/exercício físico
Nódulos e pólipos das cordas vocais Aparelho respiratório/glândulas endócrinas
Lesões dos meniscos Aparelho locomotor/exercício físico
Tumores benignos do ovário Aparelho reprodutor/sexualidade