Orientação sexual

Embora a maioria das pessoas sinta uma atracção erótica por indivíduos do sexo oposto, alguns sentem-se atraídos por indivíduos do mesmo sexo, o que justifica o facto de ambas as opções serem variantes do comportamento sexual humano.

Variantes do comportamente sexual

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A orientação sexual mais comum corresponde à atracção por indivíduos de sexo diferente, ou seja, a um comportamento denominado heterossexual. Todavia, é igualmente comum, muito mais do que era sustentado até há algumas décadas atrás, a atracção por indivíduos do mesmo sexo, ou seja, um comportamento denominado homossexual. Deve-se referir que este conceito refere-se à atracção tanto de homens como de mulheres por pessoas do próprio sexo, já que o prefixo "homo" deriva do prefixo grego que significa "igual" e não, como muitas vezes se pensa, do mesmo prefixo grego que significa "homem". Em suma, tanto se pode falar de homens homossexuais como de mulheres homossexuais, embora actualmente existam outros termos para designar as pessoas que manifestam tendências homossexuais: os homens homossexuais costumam ser designados "gays", uma palavra cuja etimologia significa "alegre", enquanto que as mulheres são denominadas "lésbicas", em referência à ilha grega de Lesbos, na qual viveu, no século VII a.C., a poeta Safo, célebre artista que louvava o amor entre as mulheres nas suas obras, o que justifica o facto de muitas vezes se falar de "amor sáfico".

Todavia, não é correcto falar-se de pessoas heterossexuais ou homossexuais, já que nem todas se podem enquadrar numa orientação sexual exclusiva, sendo preferível falar de comportamentos heterossexuais e homossexuais. À semelhança do que o prestigiado investigador Alfred Kinsey propôs, em meados do século XX, após ter elaborado um gigantesco estudo estatístico sobre a sexualidade na população dos Estados Unidos da América, do qual obteve dados reveladores sobre o assunto, considera-se que em toda a população existe um aumento contínuo de indivíduos que se situam entre um e outro extremo, existindo alguns com idênticas preferências por homens e mulheres, designados como bissexuais. Todavia, este continuum não pretende estabelecer categorias rígidas, pois muitas pessoas passam de um nível para o outro, até mesmo mais de uma vez, ao longo da sua vida. É relativamente comum, por exemplo, que adolescentes mantenham relações homossexuais durante um tempo e, depois, manifestem uma tendência preferencialmente heterossexual ou vice-versa. É igualmente habitual que pessoas cuja tendência seja preferencialmente heterossexual mantenham relações homossexuais, caso tenham que per- manecer durante um determinado período de tempo em comunidades fechadas onde apenas existem indivíduos do mesmo sexo.

São igualmente frequentes os casos de pessoas que, durante boa parte da vida, se consideraram heterossexuais, que chegam mesmo a casar e a ter filhos, e que a partir de um certo momento optam por manter relações homossexuais de forma preferencial ou exclusiva.

Determinação da orientação sexual

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Embora ainda não se conheçam os motivos que levam algumas pessoas a desenvolverem uma orientação heterossexual e outras a manifestarem tendências homossexuais, existem inúmeras e distintas teorias sobre o assunto. Por um lado, considera-se que todas as pessoas dispõem, desde o momento do nascimento, de uma capacidade potencial para responderem tanto a estímulos heterossexuais como a estímulos homossexuais e que a futura orientação sexual de cada um é condicionada pela interacção entre as suas características particulares e os factores ambientais que encontram ao longo dos primeiros anos de vida. Todavia, ainda não se conseguiu precisar qualquer determinante biológico específico nem identificar qualquer modelo ambiental ou familiar que possa moldar as preferências sexuais de cada um durante a infância.

Embora se tenha, ao longo dos anos, apontado a existência de determinantes genéticos e de questões hormonais para explicar a origem da homossexualidade, ainda não houve qualquer investigação aceite pela comunidade científica que confirmasse estas teorias. Algo semelhante acontece do ponto de vista psicológico, que destaca a relação da criança com os progenitores ao longo dos primeiros anos de vida, pois considera que a homossexualidade masculina pode-se dever ao facto de a criança ter uma relação muito próxima com a mãe e demasiado fria com o pai ou com o facto de ter uma mãe dominadora e um pai com pouco carácter, enquanto que a homossexualidade feminina pode ser proporcionada por uma rejeição da mãe e na adopção do pai como modelo a seguir. São apenas teorias, pois nenhuma foi cientificamente provada. Em suma, como foi anteriormente referido, acredita-se que a orientação sexual de cada pessoa seja proporcionada pela interacção entre as suas peculiaridades e o ambiente que a rodeia na primeira infância, sem que se possa precisar muito mais.

Informações adicionais

O difícil momento da adolescência

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O facto de se sentir "diferente" dos restantes costuma ser, para qualquer adolescente, uma fonte de confusão e sofrimento. Embora muitos jovens tenham consciência da sua inclinação homossexual, não se atrevem a comentá-la com os seus amigos nem com a sua família com receio da incompreensão e da rejeição. De facto, as reacções de rejeição costumam provocar com alguma frequência consequências negativas que uma perda de auto-estima, determi- nando até uma repressão dos próprios impulsos. Por outro lado, quando os amigos e família se mostram compreensivos, o adolescente homossexual pode sentir-se livre para expressar os seus sentimentos com naturalidade, um factor chave para uma integração na sociedade.

Homossexualidade: nem vício nem doença

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comportamento homossexual é simplesmente uma variante do comportamento sexual humano, pertencente à mesma categoria que o comportamento heterossexual. Todavia, a homossexualidade tem sido condenada, ao longo da história, sendo considerada um "vício", uma "perversão" ou um "desvio", embora existam excepções muito conhecidas como a da Grécia antiga, na qual existiam determinadas práticas homossexuais que eram completamente aceites. De facto, algumas razões éticas e morais, sobretudo provocadas pelo facto de se conotar sexualidade com reprodução, determinaram uma profunda rejeição pelo comportamento homossexual durante séculos, cuja prática foi severamente castigada. Embora ainda existam sociedades, onde estas considerações continuam infelizmente em vigor, o mundo ocidental tem, ao longo das últimas décadas, vindo a assistir a uma profunda alteração da mentalidade sobre o assunto, uma verdadeira "revolução" impulsionada pelos movimentos de organizações de gays e lésbicas. Actualmente, a opção homossexual é respeitada e a legislação proíbe a discriminação relacionada com orientação sexual.

Para além disso, não existe qualquer justificação para se considerar a homossexualidade como patologia, como ocorria até há poucas décadas, o que ficou evidente com a sua exclusão das listas de doenças de instituições tão prestigiadas como a American Psychiatric Association e a Organização Mundial de Saúde. Neste sentido, a OMS considera que apenas se pode qualificar como alteração a denominada "homossexualidade egodistónica", um termo que designa os casos em que os indivíduos se sentem angustiados pelas suas preferências homossexuais, ao contrário do que ocorre na denominada "homossexualidade egosintónica", quando as próprias referências homossexuais não geram qualquer conflito. Deve-se, no entanto, referir que um indivíduo homossexual pode ser afectado por conflitos de índole emocional e psicológica não devido aos seus sentimentos, mas pela rejeição perceptível do meio que o rodeia, o que justifica o facto de inúmeros gays e lésbicas esconderem as suas tendências, levando uma vida dupla ou reprimindo os seus impulsos, o que acaba por ser contraproducente. Estes conflitos não são provocados pela própria orientação homossexual, mas pelo resultado das pressões que a sociedade impõe ao rejeitar as práticas homossexuais.

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