Em condições normais, todas as pessoas têm um certo grau de impulso sexual, ou seja, um estímulo interno que actua como fonte de fantasia e que nos conduz, em maior ou menor escala, a procurar situações eróticas e a sermos receptivos às mesmas.
Desejo sexual a libido
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Impulso sexual, desejo sexual, libido... Todos estes termos são utilizados para designar algo difícil de definir, mas que todos entendemos, ou seja, um específico estado interno que nos leva a interessar por tudo o que esteja relacionado com o campo sexual e que desencadeia o aparecimento, mais ou menos esporádico, de pensamentos, sonhos ou fantasias eróticas. Trata-se de uma necessidade específica de entrar em contacto com pessoas que nos atraiam muito, para proporcionar e para receber carícias, de uma propensão para nos estimularmos a nós próprios, que já se encontra patente nas crianças, na procura activa de situações eróticas ou em sermos receptivos às iniciativas dos outros... É uma força instintiva, inata, presente no ser humano e em todos os animais, embora com algumas diferenças, já que nos animais inferiores, o instinto controla totalmente o comportamento sexual, enquanto que nas pessoas apenas o condiciona, não sendo determinante.Embora o impulso sexual possa ser mais ou menos consciente e adopte inúmeras formas, o facto de ser sustentado por bases biológicas e por complexos mecanismos neuro-hormonais faz com que se encontre igualmente dependente de factores emocionais e psicológicos em que a educação, o meio cultural e as sucessivas experiências pessoais têm um papel muito significativo. No fundo, pode-se considerar que a sexualidade humana tem uma essência biológica inata influenciada por um grande número de factores psicológicos e emocionais que, por sua vez, dependem tanto de questões pessoais como educacionais e, consequentemente, socioculturais. Em suma, pode-se afirmar que a sexualidade de cada pessoa é proporcionada pelo somatório de condicionantes internos e outros de natureza externa, combinados de maneira complexa.
Condicionantes biológicos
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O impulso sexual, ou seja, a sexualidade no seu sentido mais amplo, depende particularmente da actividade do sistema nervoso central e também de factores hormonais. De facto, embora ainda exista muito por esclarecer sobre o assunto, pode-se dizer que o cérebro constitui o principal "órgão sexual", já que é a sua actividade que controla todas as facetas do comportamento humano, pois pensa-se que existem alguns circuitos e núcleos encefálicos directamente relacionados com a génese do desejo sexual. Segundo se conta, é na parte mais primitiva do cérebro, o diencéfalo onde se encontra o hipotálamo, ligado ao sistema límbico, que existem os ténues mecanismos que desencadeiam a "faísca" que acende o desejo sexual. Considera-se até que o papel de alguns neurotransmissores nessa questão é determinante, pois a subida dos níveis de dopamina pode favorecer o aumento do impulso sexual, enquanto que o aumento dos níveis de serotonina terá o efeito contrário. De facto, para que os centros cerebrais envolvidos na sexualidade funcionem normalmente, é necessário que exista um adequado equilíbrio nos níveis de tais neurotransmissores, como fica evidente perante a diminuição da libido que costuma acompanhar problemas psiquiátricos tão paradigmáticos como a depressão.Apesar de ser, nos animais inferiores, a parte mais primitiva do cérebro a controlar a vida sexual, no ser humano esta função pertence ao córtex cerebral, a parte mais evoluída do encéfalo e com a capacidade para controlar a sua actividade, já que é o córtex cerebral que orienta as funções intelectuais, gera os estímulos internos e filtra os externos, com o intuito de fortalecer ou anular o impulso sexual, o que justifica o facto de os condicionantes psíquicos serem tão importantes.Por outro lado, as estruturas encefálicas são influenciadas por hormonas de diversa índole. Em relação ao impulso sexual, a sua actividade é controlada, sobretudo, pelas variações dos níveis de androgénios; embora sejam consideradas hormonas sexuais masculinas, encontram-se presentes nos indivíduos de ambos os sexos, já que no homem estas hormonas são fabricadas pelos testículos em forma de testosterona e em menor escala também pelas glândulas supra-renais, enquanto que na mulher são segregadas pelas glândulas supra-renais e em quantidades reduzidas pelos ovários. As hormonas sexuais femininas, os estrogénios e a progesterona, são igualmente importantes, como o comprovam as flutuações do desejo sexual que afectam algumas mulheres ao longo do ciclo menstrual. Existem outras hormonas que também podem condicionar o desejo sexual, visto que o aumento da prolactina durante a amamentação parece diminuir o desejo sexual, enquanto que os aumentos das gonadotrofinas hipofisárias parecem incentivá-lo. Tendo em conta que o sistema nervoso central controla o sistema endócrino, através do hipotálamo e da hipófise, pode-se deduzir que as relações entre factores neurológicos e hormonais são muito complexas e delicadas.
Condicionantes psicossociais
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Os factores psicológicos que condicionam a sexualidade, ao actuarem no córtex cerebral e, consequentemente, em toda a rede de circuitos neurológicos cerebrais, são igualmente complexos. Neste sentido, é preciso ter em conta tanto os factores proporcionados por questões pessoais, como os relacionados com questões educacionais e socioculturais, incluindo os de natureza moral, que variam segundo o meio em que se vive e também as diferentes épocas. Deve-se igualmente destacar o papel desempenhado pela educação ao longo da infância, pela atitude permissiva ou opressora no âmbito da sexualidade dos pais e de toda a sociedade em conjunto.
Informações adicionais
Os estímulos sexuais
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A capacidade do cérebro humano para interpretar estímulos eróticos é de tal forma ampla e variada que é completamente impossível enumerar todos os factores que possam desencadear o desejo sexual. Para além de existirem pessoas mais sensíveis do que outras a determinados estímulos, um mesmo indivíduo pode responder de diferentes formas perante estímulos pontuais, de acordo com o contexto em que surgem ou em função do seu estado de ânimo e de questões eminentemente subjectivas e intransferíveis. Ao contrário dos animais, cuja actividade sexual se encontra sensível a estímulos de natureza física e, até mesmo, condicionada por ciclos biológicos que determinam um maior ou menor grau de receptividade aos mesmos, a actividade sexual no ser humano é essencialmente desencadeada por estímulos de índole psicológica. Apesar de também existirem inúmeros estímulos puramente físicos que possam desencadear uma resposta sexual, o cérebro é determinante, na maioria dos casos, para a sua classificação, pois o que para uma pessoa, num dado momento, pode ser estimulante, para outro indivíduo ou até para a mesma pessoa noutro contexto pode ser desmotivador.
Os estímulos erógenos físicos podem ser, tanto nos animais como no ser humano, muito variados: visuais, olfactivos, auditivos, tácteis... Entre os animais, os estímulos com maior eficácia são os olfactivos, o que justifica o facto de as fêmeas de muitas espécies produzirem substâncias denominadas feromonas durante o período do cio, de modo a incentivarem os machos a tentarem a cópula, enquanto que no ser humano os estímulos mais eficazes são os tácteis, o que justifica o facto de se terem elaborado "mapas" de zonas onde as carícias ou até as fricções casuais possam desencadear sensações erógenas. Embora os estímulos visuais também possam ser importantes, a sua importância depende muito das influências culturais, pois nem todas as sociedades apresentam os mesmos modelos de beleza. Enquanto que para alguns a visão de um corpo nu representa um estímulo erótico muito significativo, para outros são muito mais eficazes imagens apenas sugestivas... Em suma, o maior potencial erógeno encontra-se, sem dúvida, na área psicológica, sobretudo na imaginação.