Menopausa - Aspectos sexuais

A menopausa marca o fim da fase reprodutora feminina, mas contrariamente a afirmações e crenças populares bastante difundidas, não implica de modo nenhum o fim da vida sexual da mulher.

Menopausa e sexualidade

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A sexualidade tem como um dos seus objectivos mais evidentes o de possibilitar a reprodução e, com isso, a continuidade da espécie, mas não é esta a sua única missão - proporciona igualmente, entre outras questões significativas, a possibilidade de oferecer e obter prazer, promover e facilitar as relações interpessoais. Contudo, tradicionalmente, uniu-se o conceito de sexualidade com o de reprodução, simplificação que conduz a uma ideia errada: se a menopausa implica o desaparecimento da capacidade reprodutora, também deveria implicar o final da vida sexual. Uma ideia falsa, pois a sexualidade envolve toda a existência humana e uma vida sexual pode manter-se activa, adaptada às condicionantes da passagem do tempo, até idades muito avançadas. Mas trata-se de uma crença ainda muito expandida que, em muitas ocasiões, é motivo de frustrações e incompreensão.

É verdade que a menopausa constitui um período de crise, um marco na história pessoal da mulher que, muitas vezes, se traduz numa reviravolta na sua vida sexual. Têm influência, por um lado, as repercussões das alterações hormonais próprias deste período e, por outro lado, muito mais do que se imagina, os factores culturais que tradicionalmente vinculam sexualidade e reprodução, levando a pensar que o sexo deixa de ter sentido quando se acaba a fase fértil. Portanto, é importante analisar estas questões.

Condicionates físicos

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Várias alterações físicas derivadas do término da função ovárica e do consequente défice de estrogénios podem condicionar a vida sexual, uma vez que se traduzem em determinadas transformações dos órgãos genitais e também determinam modificações na resposta sexual da mulher. Mas são condicionantes que se podem resolver com relativa facilidade e que, por isso, não implicam uma renúncia à vida sexual.

A nível genital, por exemplo, o défice hormonal provoca, como elemento mais significativo em relação à sexualidade, uma progressiva atrofia da vagina, cujas paredes se tornam mais finas, perdem elasticidade e são menos lubrificadas, podendo levar a algum desconforto ou mesmo a algumas dores durante o coito, mas que são perfeitamente evitáveis com o uso de cremes lubrificantes.

Também se produzem nesta etapa alterações na resposta sexual, uma vez que, por exemplo, tende a haver uma redução na rapidez e na intensidade da fase de excitação, mas há que ter em conta que isso depende em grande medida do nível de estimulação: para obter uma resposta sexual plenamente satisfatória é suficiente uma adequada cumplicidade com o parceiro, um maior relaxamento e entrega.

Os problemas que caracterizam a síndrome do climatério, como os afrontamentos, os episódios de transpiração ou as crises de palpitações, também podem influenciar indirecta e negativamente a vida sexual, mas essencialmente porque causam desconforto e muitas vezes fazem a mulher sentir-se insegura se os problemas forem intensos, um adequado tratamento hormonal de substituição pode ser de grande utilidade para os atenuar.

Condicionantes psicológicos e socioculturais

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Há também vários factores de natureza psicológica que podem repercutir-se negativamente na vida da mulher, durante a menopausa. Neste período, por exemplo, é habitual verificar-se uma certa tendência para a depressão, perturbação que, entre outras manifestações, origina uma diminuição do impulso sexual - é muito importante diagnosticar com exactidão a situação, de modo a proceder-se ao tratamento adequado, caso se trate de uma verdadeira doença depressiva.

Maior repercussão negativa têm, sem dúvida, outros factores pessoais e principalmente culturais. Existe a ideia, absolutamente falsa, mas ainda muito generalizada, de que a sexualidade é património da juventude. Ao cair-se nesta ideia, pode-se incorrer numa prejudicial sensação de insegurança pessoal, numa convicção íntima de falta de atracção que conduz ao desinteresse pela vida sexual.

Por outro lado, há que fazer algumas reflexões sobre a sexualidade do casal. Não é raro, por exemplo, que nesta etapa a vida sexual do casal seja marcada pelo aborrecimento, por uma rotina que tenha caído em desinteresse pelo sexo. No entanto, é importante referir que isto acontece principalmente quando se assume que a rotina é uma consequência natural da convivência e se pensa que não é possível modificar essa situação. Outras vezes, pelo contrário, as relações entre o casal são tensas e traduzem-se numa incompatibilidade a nível sexual ou existem dificuldades no funcionamento sexual que não tornam o sexo estimulante. Nestes casos, perante uma vida sexual aborrecida, tensa ou insatisfatória, não é de estranhar que a menopausa constitua o detonador de um progressivo afastamento da sexualidade, mas deve-se ter presente que, em todos estes casos, a menopausa não é o motivo da perda de interesse pelo sexo, mas uma desculpa para o evitar.

Informações adicionais

Atitudes pessoais perante a menopausa

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Nem todas as mulheres vêem da mesma forma a chegada da menopausa em relação à sexualidade e, por isso, para várias mulheres este período tem diversos significados. Para algumas, sobretudo para as que tendem a associar sexualidade a juventude, a fase da menopausa implica uma perda de interesse pela sexualidade, que se traduz numa apatia ou mesmo num total afastamento do sexo. Para outras, pelo contrário, o final da etapa reprodutora implica uma espécie de libertação, pois já não receiam uma eventual gravidez, e algumas conseguem até superar nesta época algumas inibições que condicionavam a sua vida sexual quando eram mais jovens. Além disso, muitas mães que têm filhos já capazes de orientar as suas vidas podem dedicar mais tempo a si próprias e ao seu parceiro, o que por vezes significa um renascimento da vida sexual. Como se pode verificar, as mudanças por que passa a sexualidade nesta fase da vida, de índole tão variada, não dependem só das alterações hormonais, mas também de um conjunto de questões psicológicas derivadas de aspectos da própria personalidade, da educação recebida, das crenças religiosas e do meio sociocultural em que se vive.

Uma vida sexual completa

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È importante que a mulher conheça as alterações fisiológicas presentes na menopausa, pois apenas desta forma poderá adaptar-se às modificações e aproveitar todo o seu potencial a nível sexual. É verdade que o climatério é acompanhado por uma progressiva atrofia genital, mas é possível resistir-lhe, mantendo uma prática sexual regular. Também é verdade que a resposta sexual não é tão enérgica e que, por isso, pode ser necessário contar com um estímulo mais intenso para alcançar os mesmos níveis de excitação, o que não se trata de um verdadeiro obstáculo - basta introduzir algumas variações na vida sexual que permitam, sobretudo, combater a monotonia. Por último, é importante realçar que não se deve basear a sexualidade exclusivamente no coito, pois existem muitas outras alternativas, várias estratégias para satisfazer os desejos sexuais e as necessidades afectivas.

Para saber mais consulte o seu Obstetrícista / Ginecologista
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