Menopausa e climatério

O fim da menstruação é um fenómeno natural que assinala um período da vida da mulher denominado climatério, caracterizado por um conjunto de alterações orgânicas derivadas da diminuição dos níveis de hormonas femininas.

Definição

Topo

A etapa reprodutora feminina inicia-se na puberdade, quando é activada a função dos ovários - a partir deste momento, produz-se a maturação periódica das células germinativas presentes nas gónadas e em cada ciclo surge a possibilidade de acontecer uma fecundação, com a consequente gravidez. Quando tal não acontece, como na maioria dos ciclos, surge a menstruação, a hemorragia vaginal que, em condições normais, surge aproximadamente a cada 28 dias de uma forma regular, excepto durante a gravidez e no período de amamentação. Mas a etapa reprodutora feminina tem um fim, pois a função dos ovários, activada na puberdade, termina ao fim de quatro décadas e deixam de se produzir ovulações, desaparecendo a possibilidade de haver urna gravidez e, como sinal disso, terminam as menstruações. O termo menopausa faz referência precisamente a esse fim das menstruações, embora na realidade designe concretamente a última menstruação. Trata-se, portanto, de um marco que acontece no decurso de um processo fisiológico que abrange um amplo período na vida da mulher e está condicionado por progressivas alterações hormonais às quais o organismo se adapta também progressivamente - este período denomina-se climatério. Uma vez que as alterações que ocorrem nesta fase se iniciam antes do final definitivo da menstruação e continuam ainda durante algum tempo, distinguem-se no climatério duas fases: a pré-menopausa, que corresponde ao período prévio à última menstruação, de vários meses e mesmo anos de duração, na qual se traçam as alterações que levarão ao final da menstruação; e a pós-menopausa, que corresponde ao período posterior ao desaparecimento da menstruação, também relativamente prolongado, no qual o organismo feminino se vai adaptando às novas circunstâncias derivadas do término da actividade dos ovários.

Mecanismos de produção

Topo

No momento do nascimento, os ovários contêm 400 mil folículos primários, que acolhem outras tantas células germinativas imaturas. A partir da puberdade, quando se inicia o "relógio biológico" que, por mecanismos ainda desconhecidos, activa o eixo hipotálamo-hipofisário, começa a produção cíclica de gonadotropinas, a qual se traduz numa estimulação também cíclica dos ovários: em cada ciclo, desenvolvem-se vários folículos primários e amadurecem os ovócitos presentes no seu interior, embora normalmente apenas um complete o processo, dando lugar à ovulação. Ao mesmo tempo, as gonadotrofinas induzem a produção das hormonas femininas: na primeira parte do ciclo, os folículos ováricos produzem estrogénios, enquanto que na segunda parte do ciclo o corpo amarelo derivado dos restos foliculares que permanecem no ovário elabora progesterona, além dos estrogénios. As oscilações dos níveis destas hormonas femininas, ao longo do ciclo ovárico, traduzem-se numa série de modificações no organismo feminino e principalmente no útero, cuja camada interior (endométrio) primeiro cresce e, finalmente, desprende-se, dando lugar à hemorragia menstrual.

Estes ciclos repetem-se ininterruptamente, excepto durante os períodos de gravidez, e cada um comporta a maturação de vários folículos ováricos. Mas, ao fim de três ou quatro décadas, os folículos primários restantes já estão envelhecidos ou atrofiados e, por isso, deixam de responder aos estímulos das gonado- tropinas: sob a influência do hipotálamo, a hipófise continua a elaborar hormonas gonadotróficas, mas os ovários deixam progressivamente de ser sensíveis aos seus efeitos. De início, alguns folículos amadurecem de forma irregular e, embora produzam uma certa quantidade de estrogénios, por vezes, esse processo não é acompanhado de ovulação nem de secreção suficiente de progesterona, o que determina um desequilíbrio hormonal que se traduz em irregularidades menstruais. E, finalmente, o tecido ovárico deixa de responder por completo aos estímulos hipofisários, cessando a sua produção hormonal, o que implica o desaparecimento da menstruação, para além de toda uma série de modificações orgânicas características.

Idade de aparecimento da menopausa

Topo

Em termos gerais, o fim definitivo da menstruação acontece por volta dos 50 anos. No entanto, é normal que a menopausa se produza uns anos antes ou alguns anos mais tarde. De facto, cerca de 1/3 das mulheres deixam de ter menstruação aos 45 anos ou mesmo um pouco antes, enquanto que outras continuam com menstruação até aos 55 anos ou até um pouco mais tarde. Assim, fala-se de menopausa precoce quando a última menstruação acontece antes dos 45 anos e de menopausa tardia quando ocorre depois dos 55 anos.

É importante referir que o fim da actividade ovárica da menopausa é regido basicamente por condicionantes genéticos, de modo que não é possível modificá-lo. De facto, alguns estudos efectuados neste âmbito demonstram que, em muitos casos, a menopausa se apresenta numa idade muito próxima em mulheres da mesma família, reflexo da hereditariedade. No entanto, existem outros condicionantes sem base genética capazes de influenciar o momento de aparecimento da menopausa. Por exemplo, os melhores hábitos relativamente à alimentação e à higiene parecem responsáveis pelo facto de que a idade da menopausa se tenha progressivamente adiado nas sucessivas gerações, o que sugere uma provável influência do estilo de vida. Pelo contrário, verificou-se que o tabagismo implica um adiantamento da menopausa.

Informações adicionais

Menopausa artificial

Topo

Embora a menopausa seja um acontecimento fisiológico natural que, inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo, ocorre em todas as mulheres devido ao final da actividade dos ovários, a ausência definitiva da menstruação também pode ser consequência da extracção cirúrgica dos órgãos genitais envolvidos no ciclo menstrual. Este recurso terapêutico, com indicações variadas, implica uma menopausa que se classifica como "artificial", pois não corresponde à atrofia natural dos ovários e pode acontecer em idades muito mais precoces. De qualquer forma, convém distinguir duas situações. Caso apenas se proceda à extracção do útero (histerectomia), já não se produzirão menstruações, que correspondem à descarnação cíclica da mucosa interior do útero, mas a actividade dos ovários não se modificará, Portanto, o fim da menstruação não será acompanhado pelas alterações hormonais que caracterizam a época da menopausa e as manifestações próprias do clímatério apresentar-se-ão na idade habitual. Pelo contrário, caso se proceda à extracção dos ovários (ooforectomia), cessarão as menstruações e produzir-se-ão as alterações hormonais próprias da menopausa natural, embora de uma forma mais brusca e, normalmente, com repercussões mais intensas. Por esta razão, nestes casos, e especialmente quando se realiza uma extracção de ambos os ovários numa mulher jovem, é habitual recorrer-se à terapêutica hormonal de substituição para prevenir as consequências de um término prematuro da actividade ovárica.

Doze meses de espera

Topo

A menopausa pode surgir sem que se apresentem previamente modificações na menstruação, mas não é o mais comum: geralmente, na fase da pré-menopausa as menstruações tornam-se irregulares, algumas são mais curtas do que o normal e outras mais abundantes, podendo ser mais espaçadas e, por vezes, passando meses entre uma e outra até que cessam por completo. Por esta razão, apenas se pode diagnosticar a menopausa de uma forma retrospectiva, considerando-se com certeza que se produziu a última menstruação depois de passados doze meses desta.

Para saber mais consulte o seu Obstetrícista / Ginecologista
Este artigo foi útil?
Artigos relacionados
Procurar Médicos
Precisa de ajuda?
Porque perguntamos?
GINECOLOGISTAS E OBSTETRASVer todos
Dor lombar e ciática Aparelho locomotor/exercício físico
Dor cervical Aparelho locomotor/exercício físico
Artrose Aparelho locomotor/exercício físico
Nódulos e pólipos das cordas vocais Aparelho respiratório/glândulas endócrinas
Lesões dos meniscos Aparelho locomotor/exercício físico
Tumores benignos do ovário Aparelho reprodutor/sexualidade