A eclosão hormonal, que acontece durante a puberdade, pode provocar uma série de problemas colaterais comuns: os mais frequentes são as menstruações irregulares, a acne vulgar e a ginecomastia.
Menstruações irregulares
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Nas mulheres adultas, os ciclos menstruais duram normalmente entre 21 e 35 dias e, em cada um, a hemorragia menstrual estende-se durante 4 a 5 dias e a ovulação ocorre até ao 14° dia. Ainda assim, na altura da puberdade, especialmente no início, os ovários não produzem quantidades suficientes de progesterona e isto pode tornar irregulares os períodos menstruais. Por isso, durante os primeiros anos de puberdade, é normal que os ciclos sejam muito mais prolongados do que nas mulheres adultas - de acordo com dados estatísticos, no ano após a primeira menstruação, os ciclos duram, na sua maioria, entre 40 a 60 dias e só costumam apresentar-se, em média, cerca de sete menstruações. Outra repercussão importante do défice de progesterona é o facto de, nas jovens adolescentes, as hemorragias menstruais serem mais curtas, com uma duração de apenas dois ou três dias. Por último, também é normal que, nos anos seguintes à menarca, os ciclos sejam anovulatórios, ou seja, que não se produza ovulação.Em termos gerais, todas estas irregularidades vão-se corrigindo de forma espontânea depois de passados alguns anos, de forma que, nas jovens adultas, os ciclos já tendem a seguir um padrão mais ou menos regular. Apesar disso, é importante que as jovens, orientadas por um ginecologista, comecem a apontar, o mais cedo possível, num calendário as características das suas menstruações, como a data de início, a duração, a quantidade de tampões ou pensos higiénicos que tiveram de utilizar, pois estes dados serão muito úteis no futuro para conhecer e controlar melhor os seus ciclos.
Acne vulgar
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A acne é um problema muito comum na adolescência, caracterizado pelo aparecimento de borbulhas e outro tipo de lesões na pele do rosto e do tórax. As borbulhas, ou pontos negros, lesões de 2 ou 3 mm de diâmetro de tom esbranquiçado ou enegrecido, formam-se quando as secreções das glândulas sebáceas são mais espessas do que o normal e tapam os orifícios dos folículos pilosos, através dos quais fazem a drenagem até à superfície cutânea. Outras lesões características, como as pústulas, os nódulos e os quistos, só acontecem como complicação de uma infecção das borbulhas e como extensão dos problemas nos tecidos contíguos. Apesar de no aparecimento da acne interferirem vários factores, o mais importante corresponde a um aumento da produção de androgénios, hormonas que estimulam directamente a actividade das glândulas sebáceas. A produção destas hormonas aumenta de forma notória durante a puberdade e é por isso que a acne, neste caso também conhecida como acne vulgar ou juvenil, é tão frequente nos adolescentes. Para além disso, apesar de o problema afectar mais os rapazes, pois a produção de androgénios é muito superior, também afecta com muita frequência as raparigas.A evolução da acne juvenil é muito variável. Por sorte, na maioria dos casos, as lesões consistem quase exclusivamente em borbulhas e, apesar de se manterem durante alguns anos, acabam por regredir de forma espontânea sem deixar sequelas. Ainda assim, em muitos casos, sobretudo quando outros factores intervêm, como a manipulação das lesões, a permanência em ambientes húmidos e quentes e o stresse, provocam lesões mais graves e persistentes, nódulos e quistos que podem deixar cicatrizes para sempre.Há medidas higiénicas muito úteis para favorecer a cura das lesões e prevenir as complicações e sequelas: a limpeza total com água e sabão ligeiramente ácido, mas não irritante, duas vezes por dia, uma exposição moderada aos raios solares e evitar o uso de cosméticos gordos. Por outro lado, muitas vezes, o acne requer um tratamento que deve ser prescrito e controlado por um especialista, baseado na aplicação local de diversos produros que favorecem a desobstrução dos poros e, nos casos mais graves, na administração por via oral de fármacos antibióticos, anti-inflamatórios, retinóides e hormonais.
Ginecomastia pubertária
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A ginecomastia pubertária, nome pelo qual se designa o aumento do volume dos seios dos rapazes, é um problema muito frequente. Contudo, felizmente, na maioria dos casos, regride de forma espontânea ao fim de uns meses ou, no máximo, um ano. Este fenómeno deve-se ao facto de, também nos rapazes, se verificar um aumento da produção de estrogénios, hormonas femininas implicadas no desenvolvimento dos seios, apesar de, por razões ainda desconhecidas, este aumento nem sempre provocar ginecomastia. Pelo que parece, depende de uma sensibilidade particular à acção das tais hormonas.O problema manifesta-se através de um aumento mais ou menos importante do volume de um ou dos dois seios, que se apresentam tumefactos, albergando até nódulos palpáveis. Em termos gerais, o aumento do volume é relativamente discreto, mas é muito pronunciado, ocasionalmente, e origina uma compreensível preo-cupação tanto no rapaz como nos seus pais.Embora a ginecomastia pubertária seja um problema muito frequente e regrida espontaneamente ao fim de alguns meses, sempre que for detectada, é conveniente marcar uma consulta num especialista, tendo em conta que, nalguns casos, felizmente pouco habituais, é provocada pela existência de doenças subjacentes. Para além disso, a intervenção do especialista irá permitir adoptar as medidas terapêuticas oportunas, caso o aumento do volume dos seios for muito acentuado, persista mais tempo do que o normal ou provoque angústia no jovem. Estas medidas incluem a realização de psicoterapia de apoio e, nos casos mais graves, uma simples intervenção cirúrgica em que se retira o tecido mamário em excesso.
Informações adicionais
O médico responde
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Estamos preocupados porque a nossa filha, de 12 anos, tem excesso de pêlo corporal. Isto é normal durante a puberdade? O que podemos fazer?
O normal é que comecem a crescer pêlos na púbis e nas axilas e, de forma muito discreta, noutras partes do corpo. Ainda assim, em algumas jovens, geralmente devido a um excesso na produção de hormonas ováricas e supra-renais, o crescimento dos pêlos corporais adquire a dimensão de um verdadeiro problema. Assim, pode-se tratar de uma hipertricose, em que os pêlos formam uma fina camada que cobre praticamente toda a superfície corporal, ou hirsutismo, em que os pêlos são mais espessos, escuros e adoptam um padrão tipicamente masculino: cria patilhas, bigode e até barba, concentra-se no peito e na linha central do abdómen e, na púbis, distribui-se de forma rombóide. Convém, nestes casos, marcar imediatamente uma consulta no médico, já que é necessário afastar a possibilidade de patologias subjacentes e, caso seja necessário, recorrer a uma terapêutica hormonal para propiciar a remissão do problema. Quando não se detectar nenhum motivo susceptível de terapêutica específica, é necessário recorrer apenas a tratamentos estéticos, como a depilação com cera ou a depilação eléctrica; por outro lado, não convém cortar ou rapar o pêlo corporal, já que isso resultaria no aumento do vigor e do ritmo de crescimento do mesmo.