Atraso pubertário

Fala-se de atraso pubertário perante o não aparecimento das alterações físicas próprias da puberdade numa idade em que já deviam ter acontecido: a partir dos 14 anos, nas raparigas, e dos 15 anos, nos rapazes.

Definição

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A idade em que normalmente começam a verificar-se as alterações pubertárias físicas é variável, visto que estão condicionadas por factores constitucionais, psicológicos e do en- volvimento sociocultural do indivíduo. Ainda assim, de acordo com dados estatísticos, o normal é os primeiros sinais de puberdade evidenciarem-se antes dos 14 anos de idade, nas raparigas, e dos 15 anos, nos rapazes. Por isso, fala-se de um atraso pubertário quando uma rapariga ou um rapaz já atingiram essas idades sem terem passado ainda pelas primeiras modificações pubertárias, ou seja, o desenvolvimento dos seios e o aumento do volume dos testículos, respectivamente. Convém referir que, apesar disso, por vezes, o atraso pubertário não afecta as alterações iniciais, só as mais tardias. Nas raparigas, a ausência da primeira menstruação passados os 16 anos de idade e, nos rapazes, a ausência de ejaculação depois dos 18 anos.

Causas

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Na maioria dos casos, o atraso pubertário deve-se a factores do tipo constitucional - depende das características genéticas do indivíduo, as quais determinam que o "relógio biológico" responsável pelas alterações pubertárias físicas seja activado depois do normal, em termos estatísticos.

O atraso pubertário do tipo constitucional tem normalmente antecedentes familiares, já que as características genéticas implicadas nas alterações transmitem-se de forma hereditária. Assim, é comum que os pais, mães ou irmãos de crianças com atraso pubertário constitucional também tenham tido um início tardio da puberdade. Outro traço comum do atraso pubertário constitucional é o facto de, passado algum tempo, as alterações acabarem por acontecer e progredirem de forma harmoniosa.

Com menor frequência, o atraso pubertário surge como consequência de vários problemas que originam um défice na produção das hormonas implicadas no desenvolvimento da puberdade, sobretudo a hormona de crescimento e as hormonas sexuais (estrogénios, testosterona). Em traços gerais, trata-se de doenças crónicas que podem originar complicações no organismo. Isso acontece com a anorexia nervosa e com a subnutrição. Nestes casos, o atraso pubertário é consequência de um défice no transporte de nutrientes, como acontece nos casos da diabetes mellitus mal controlada, de obesidade pronunciada e de várias cardiopatias, doenças renais, intestinais e sanguíneas.

Com menos frequência ainda, o atraso pubertário pode dever-se à existência de doenças que afectam especificamente os órgãos que produzem as hormonas que desencadeiam e controlam as alterações pubertárias, tal como tumores intracranianos, nos ovários ou nos testículos.

Manifestações

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No atraso pubertário do tipo constitucional, o mais frequente, acontece simplesmente que todas as transformações físicas próprias desta etapa da vida não começam a produzir-se na idade habitual, mas um pouco mais tarde: o desenvolvimento da massa muscular e o aumento do volume dos testículos, o crescimento dos pêlos púbicos, corporais e faciais, o desenvolvimento esquelético, a maturação dos órgãos genitais internos e, finalmente, o aparecimento da menarca e a capacidade de ejacular. Por sorte, na maioria dos casos, estas alterações físicas começam a produzir-se de forma espontânea apenas um ou dois anos depois do normal e acontecem de forma harmónica, seguindo a ordem cronológica habitual.

Nos restantes casos, as manifestações e a evolução do atraso pubertário variam de acordo com as causas. Assim, por exemplo, no atraso pubertário originado pela anorexia nervosa ou outras doenças crónicas, também se atrasam todas as alterações físicas, mas o problema só é corrigido quando se consegue curar ou controlar a doença de base. Por outro lado, no atraso pubertário provocado por uma lesão nos ovários ou nos testículos, pode não ser visível um atraso marcado no crescimento esquelético, mas no desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e na maturação e função dos órgãos genitais.

Um caso muito especial e, felizmente, pouco frequente de atraso pubertário é o ocasionado pelas síndromes de Turner e Klinefelter, em que, para além de um adiamento indefinido nas transformações físicas da puberdade, observam-se vários tipos de malformações desde o momento do nascimento.

Informações adicionais

Tratamento

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O tratamento varia de acordo com as causas do problema, depois de realizado um diagnóstico adequado perante os exames complementares que, em cada caso, se considerem necessários. Caso seja detectada a existência de alguma doença responsável, adoptam-se as medidas necessárias para o seu controlo ou cura, enquanto que, quando se trata de um atraso pubertário constitucional, terá de se adoptar inicialmente uma atitude expectante. Depois de descartadas todas as patologias subjacentes, pode-se presumir que a puberdade irá começar de forma tardia, mas que, uma vez iniciada, irá desenvolver-se com normalidade. Só quando o início da puberdade se atrasa de forma exagerada e se verifica uma deficiência hormonal é que se realiza um tratamento baseado na administração das hormonas correspondentes para precipitar as transformações físicas pubertárias. Paralelamente, sempre que necessário, aconselha-se a realização de uma psicoterapia de apoio e a adopção das medidas higieno-dietéticas pertinentes.

Vida saudável e alterações pubertárias

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As alterações pubertárias produzem-se sob a influência das hormonas hipofisárias e sexuais. Por isso, qualquer circunstância que, de uma forma ou outra, altere o equilíbrio hormonal numa menina ou menino pré-pubertários, pode resultar num atraso pubertário.

Como se referiu, as causas mais frequentes de atraso pubertário são variáveis de tipo constitucional, que simplesmente desprezam o início desta etapa da vida e, em menor medida, a existência de diversos problemas ou doenças que alterem a produção das hormonas assinaladas. Ainda assim, os hábitos e o estilo de vida condicionam também o momento em que começam a produzir-se as alterações pubertárias, porque realmente também se repercutem no equilíbrio hormonal.

Constatou-se, precisamente, que a puberdade, entre as crianças bem alimentadas e com uma vida saudável, como acontece geralmente entre as crianças das classes económicas mais favorecidas, acontece cada vez mais cedo. Pela mesma razão, entre as crianças que são mal alimentadas, que têm menos horas de sono do que o normal, que são submetidas a uma grande pressão emocional ou até que têm uma actividade física extenuante e contínua (trabalho, desporto, etc...), as alterações pubertárias têm tendência a adiar-se e não é de estranhar que aconteçam depois do que se considera normal.

Por outro lado, convém salientar que estas mesmas circunstâncias podem ser somadas a outras causas de atraso pubertário, adiando ainda mais o aparecimento das alterações pubertárias e agravando as consequências psicológicas comuns deste problema.

Por tudo isto, uma boa alimentação, um repouso adequado e a psicoterapia desempenham um papel fundamental no tratamento do atraso pubertário.

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