Cancro do ovário

Os tumores malignos do ovário afectam, sobretudo, as mulheres com mais de 50 anos de idade e, embora possam evoluir de forma assintomática durante muito tempo, o seu prognóstico é pouco favorável, se não for detectado nas fases iniciais.

Tipos

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Existem vários tipos de tumores malignos do ovário, incluídos na designação "cancro do ovário" e todos eles formados por células atípicas provocadas por uma transformação anómala de células do órgão que crescem de forma rápida e desordenada, constituindo uma massa. Ao contrário das normais, estas células atípicas não se encontram fortemente unidas entre si, o que faz com que tenham a tendência para se desunirem da massa do tumor e infiltrarem os tecidos adjacentes, como o útero e as trompas de Falópio, mas também para se disseminarem através da circulação linfática e sanguínea até órgãos mais ou menos afastados, como os gânglios linfáticos, o fígado ou os pulmões, onde produzem tumores secundários, denominados metástases.

Todavia, é possível diferenciar, de um ponto de vista anatómico, dois tipos de tumores malignos do ovário: os que adoptam a forma de quistos, constituídos por uma bolsa contendo líquido no seu interior, e os tumores sólidos, que constituem massas celulares compactas.

Os tumores malignos quísticos do ovário são os mais comuns e costumam ser provocados por quistos benignos, cujos componentes celulares se tornam, por razões desconhecidas, cancerosos. Os mais frequentes são o cistoadenocarcinoma seroso e o cistoadenocarcinoma mucinoso, que constituem, respectivamente, 50% e 10% do total dos tumores malignos do ovário. Como o nome indica, são originados pela transformação maligna de grandes quistos benignos do ovário: o cistoadenoma seroso e o cistoadenoma mucinoso.

Embora possam existir vários tipos de tumores sólidos malignos do ovário, estes costumam ser constituídos por células do epitélio ovárico, como por exemplo o denominado carcinoma de células claras. Todavia, alguns são originados pelas células germinativas presentes no ovário, como por exemplo o disgerminoma ou o teratoma maligno.

Frequência e causas

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De acordo com dados estatísticos, o cancro do ovário representa cerca de 20% do total de tumores malignos do aparelho genital feminino. Como já foi mencionado, os tumores malignos do ovário mais comuns são formados a partir de tumores benignos, embora ainda não tenha sido possível estabelecer-se as causas da sua transformação maligna. Á semelhança dos tumores benignos, observou-se que o cancro do ovário é mais frequente nas mulheres que tiveram a primeira gravidez em idades avançadas e, sobretudo, nas que não tiveram filhos. Por outro lado, numa pequena percentagem dos casos, o cancro do ovário é hereditário e encontra-se associado à presença de cancro da mama, endométrio e cólon.

Manifestações e evolução

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O desenvolvimento de um tumor do ovário costuma passar despercebido até à altura em que alcança um tamanho significativo, no mínimo, de 5 cm de diâmetro e começa, consequentemente, a comprimir os órgãos vizinhos. As manifestações iniciais consistem numa sensação de desconforto ou ligeiros problemas locais, como sensação de distensão abdominal. Em seguida, começam a manifestar-se os problemas digestivos, por vezes acompanhados por obstipação e diarreia, devido à compressão dos intestinos, ou mais raramente por um aumento da frequência das micções provocado pela compressão da bexiga.

O tumor apenas surge como massa visível na superfície abdominal quando adquire um volume significativo e provoca a dilatação do abdómen.

Por outro lado, alguns tumores malignos dos ovários produzem hormonas que originam manifestações muito características. Consoante as hormonas elaboradas, os tumores podem provocar alterações menstruais, ausência do período (amenorreia) ou hemorragias vaginais anómalas, enquanto que noutros casos provoca virilização que, entre outros sinais e sintomas, se manifesta através do crescimento de pêlo do corpo, do desenvolvimento da massa muscular e de uma voz mais grave.

Todavia, na grande maioria dos casos, as primeiras manifestações, infelizmente, apenas se evidenciam em fases relativamente avançadas, altura em que o tumor se infiltrou nos tecidos adjacentes e/ou invadiu os gânglios linfáticos da região, a trompa de Falópio correspondente ao ovário afectado e/ou o útero, o que faz com que o prognóstico do cancro seja, em conjunto, pouco favorável, já que apenas é diagnosticado quando existem poucas possibilidades de se iniciar um tratamento eficaz. Nas fases avançadas, costumam evidenciar-se manifestações provocadas pelas metástases no fígado, pulmões, ossos ou outros órgãos, que originam a progressiva deterioração do estado geral, nomeadamente perda de apetite e emagrecimento, debilidade e prostração, que precedem o aparecimento de complicações que podem provocar a morte da paciente.

Informações adicionais

Prognóstico

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Quando o cancro do ovário édetectado e tratado oportunamente nas suas fases iniciais, como acontece em cerca de 30% dos casos, proporciona uma elevada percentagem de sobrevivência ao fim de cinco anos. Todavia, quando o tratamento é aplicado nas fases avançadas, o prognóstico é mais reservado e a sobrevida após este período de tempo diminui consideravelmente. No entanto, deve-se referir que nos últimos anos houve avanços significativos no tratamento e tem-se vindo a desenvolver novos medicamentos, com os quais se obterão resultados cada vez melhores.

Tratamento

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Embora o tratamento consista essencialmente na cirurgia, as características da intervenção dependem da extensão, do grau de disseminação do tumor e do grau de malignidade. Apesar de, na maioria dos casos, se proceder a uma cirurgia radical, através da extracção dos dois ovários, das duas trompas de Falópio, do útero, dos gânglios linfáticos da região e de outros tecidos da zona que possam estar infiltrados pelas células cancerosas, caso a paciente seja uma mulher que deseje ter filhos e caso se comprove, ao longo da intervenção cirúrgica, que o tumor ainda é reduzido e se encontra numa zona de fácil acesso, pode-se tentar conservar o útero e o ovário saudável, bem como a correspondente trompa de Falópio. Por outro lado, caso o tumor se tenha disseminado para os tecidos e órgãos adjacentes ao aparelho genital no interior da pélvis e formado uma massa compacta, não se pode efectuar a extracção cirúrgica.

Como complemento da cirurgia pode-se recorrer à quimioterapia, através da administração de medicamentos que destruam as células cancerosas, um procedimento muito eficaz tanto para a redução do tumor antes da intervenção cirúrgica como para a eliminação das células residuais do tumor após a operação. Para além disso, em alguns casos, pode-se recorrer à radioterapia, através da aplicação de radiações ionizantes que destruam o tecido canceroso, um procedimento que pode ser efectuado de forma complementar à cirurgia e quimioterapia, mas que também é utilizado como tratamento quase exclusivo em alguns tumores malignos do ovário provocados por células embrionárias ou como tratamento paliativo em alguns casos em que o tumor não pode ser extraído.

Para saber mais consulte o seu Obstetrícista / Ginecologista
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