Qualquer alteração na frequência das menstruações, no volume das perdas ou na duração dos períodos, bem como o aparecimento de hemorragias irregulares, podem constituir sinais ou sintomas de um problema.
Menstruação normal
Topo 
Em condições normais, todas as mulheres apresentam uma perda vaginal periódica de sangue e endométrio desde o início da puberdade até à menopausa, a qual se denomina de menstruação e é provocada pela actividade cíclica do aparelho genital ao longo da etapa reprodutora feminina. Ao longo de cada ciclo, a influência de factores hormonais libertados pelo hipotálamo faz com que a hipófise segregue as gonadotrofinas FSH e LH, hormonas que actuam sobre os ovários e estimulam o desenvolvimento de alguns dos folículos primitivos presentes no seu interior, o amadurecimento das células reprodutoras neles presentes, a ovulação e, também, a produção das hormonas sexuais femininas. Embora estas últimas, os estrogénios e a progesterona, actuem em todo o organismo, fazem-no de maneira especial sobre o útero, pois proporcionam o crescimento do endométrio, de modo a prepararem a eventual recolha de um óvulo fecundado. Caso não se produza a fecundação, os níveis de hormonas femininas descem bruscamente, o que provoca a descarnação do endométrio e a consequente eliminação através da vagina de restos da mucosa e sangue, constituindo o fluxo menstrual.A menstruação surge, na maioria dos casos, com uma frequência ou ritmo médio de 28 dias. Embora a duração da hemorragia menstrual seja de cerca de quatro dias, tanto pode ser de apenas dois dias como persistir até uma semana, enquanto que o volume total da perda de tecidos é, em média, de 50 cc, oscilando entre os 20 cc e os 80 cc. Para além disso, deve-se referir que a presença de determinadas substâncias na mucosa uterina eliminada faz com que o sangue menstrual não coagule.
Tipos de alterações
Topo 
Para além da ausência de menstruação (ou amenorreia), que será tratada à parte, podem surgir alterações relacionadas com a frequência, duração ou quantidade das hemorragias e menstruações totalmente irregulares.
Alterações da frequência. Embora as menstruações costumem ser regulares, evidenciam-se com uma frequência inferior ou superior ao normal, oscilando entre os 21 e 35 dias. Quando a frequência diminui, ou seja, caso passe mais tempo do que o normal entre uma menstruação e a seguinte, o problema denomina-se opsiomenorreia. Quando a frequência aumenta, ou seja, caso o período entre uma menstruação e a seguinte seja mais curto do que o normal, designa-se proiomenorreia.
Alterações da duração. A duração da hemorragia menstrual costuma ser excessivamente longa ou curta. Quando o período persiste durante sete ou mais dias, o problema denomina-se polimenorreia, enquanto que quando dura menos de três dias designa-se oligomenorreia.
Alterações da quantidade. O volume da perda menstrual pode ser superior ou inferior ao normal. Quando a perda é excessiva, o problema denomina-se hipermenorreia e, quando é demasiado escassa, hipomenorreia.
Menstruações irregulares. Ao contrário dos problemas citados, em que as menstruações mantêm um ritmo constante, mesmo que a sua frequência, duração ou quantidade não sejam normais, por vezes, evidenciam-se hemorragias não cíclicas que se manifestam entre duas menstruações e caracterizam-se por serem irregulares, muito prolongadas e com sangue que coagula. Estas anomalias costumam ser designadas pelo termo metrorragia.
Causas
Topo 
Embora as alterações menstruais tenham causas muito distintas, na medida em que podem ser sinal de várias alterações, é possível distinguir as provocadas por um problema orgânico e as originadas por um problema funcional.As alterações menstruais de causa orgânica podem ser provocadas por qualquer tipo de alteração localizada no útero ou nos órgãos directamente ligados à cavidade uterina, nomeadamente tumores benignos ou malignos do útero, malformações, endometriose, processos infecciosos genitais, patologias das trompas de Falópio... Noutros casos, são originadas por doenças gerais que alteram o mecanismo da coagulação, como por exemplo a hemofilia ou patologias hepáticas graves, ou que aumentam a pressão dos capilares sanguíneos endometriais e provocam a sua ruptura, como a hipertensão arterial.As alterações menstruais funcionais, mais comuns na puberdade e na menopausa, são provocadas pelo excesso ou défice de hormonas sexuais femininas, já que são estas que controlam a proliferação e a descamação cíclica do endométrio. Em alguns casos, as alterações menstruais são originadas por um problema localizado nos ovários, noutros são originadas por uma doença da hipófise ou do hipotálamo, que provoca níveis inadequados de gonadotrofinas, e até por algum problema endócrino que altera o equilíbrio das hormonas sexuais, como acontece em caso de várias patologias da tiróide ou das glândulas supra-renais.
Informações adicionais
Dismenorreia: menstruação dolorosa
Topo 
A dismenorreia caracteriza-se pelo aparecimento de dor relacionada com a menstruação. Nos casos em que é provocado por vários problemas genitais, como por exemplo infecções, malformações, tumores, endometriose, entre outros, a doença passa a designar-se dismenorreia secundária. Nestes casos, apenas se pode aplicar o tratamento correspondente depois de se proceder à identificação da sua origem. No entanto, como existem muitos outros casos em que se evidencia dor durante a menstruação sem que exista qualquer problema ou doença pélvica que o justifique, a patologia é denominada dismenorreia primária. A dismenorreia é um problema muito comum, sobretudo nas mulheres jovens, já que praticamente todas as mulheres são afectadas por algum episódio de dismenorreia primária, embora os problemas apenas numa reduzida percentagem dos casos tenham uma persistência e intensidade que limita as actividades quotidianas durante o período menstrual. Embora a origem da dor nestes casos ainda não seja conhecida, pensa-se que pode ser provocada por uma percepção exagerada das contracções do útero, desencadeadas automaticamente durante a menstruação para eliminar o seu conteúdo, não sendo, normalmente, perceptíveis. É originada por uma hiperactividade do sistema nervoso, independentemente de ser constitucional ou de estar relacionada com condicionantes (como a ansiedade) e, em algumas mulheres, provocada pela própria menstruação ao considerarem que altera a sua higiene íntima ou perturba as suas actividades, o que pode originar a percepção das contracções uterinas, proporcionando o aparecimento de alguma dor.
A dismenorreia primária pode surgir na adolescência, normalmente 1 ou 2 anos após a primeira menstruação, manifestando-se através de uma dor espasmódica na região abdominal que se irradia às costas e/ou à parte anterior das coxas, na maioria dos casos acompanhada por sinais e sintomas como nervosismo, sensação de cansaço, dor de cabeça, diarreia, náuseas e até vómitos. O desconforto é particularmente intenso no primeiro dia da menstruação e não costuma persistir mais de 24 horas. Os problemas desaparecem, na maioria dos casos, com o passar dos anos e quase sempre depois de uma gravidez. Todavia, embora não existam motivos para preocupações quando se descarta a existência de uma patologia de base, a dismenorreia pode ser muito limitativa, ao perturbar as actividades habituais durante a menstruação. Para combater as dores, pode-se recorrer aos analgésicos comuns e, caso esta medida não seja eficaz, a medicamentos que diminuam a intensidade das contracções uterinas ou uma terapêutica hormonal. O tratamento oportuno, sempre sob acompanhamento médico, costuma proporcionar a cura do problema e permitir que a pessoa afectada não tenha que renunciar a uma vida plena e normal durante a menstruação.