O aparelho genital feminino pode ser afectado por várias malformações congénitas, presentes desde o momento do nascimento, devido a um defeito ou alteração no desenvolvimento do embrião.
Causas
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Embora a origem das malformações congénitas corresponda sempre a uma insuficiência no desenvolvimento do embrião, a sua causa pode ser variada. Por vezes, a alteração é provocada por um problema genético, independentemente de ser esporádico (devido a uma mutação) ou hereditário, podendo provocar um quadro mais complexo e associado a outras malformações congénitas. Noutros casos, a malformação é originada por um problema sofrido pela mãe ao longo da gravidez, por exemplo uma doença infecciosa, uma intoxicação ou o consumo de determinados medicamentos durante a gestação. De qualquer forma, em muitos casos, não se consegue determinar qualquer factor responsável.Deve-se referir que a origem dos órgãos genitais no embrião é semelhante à dos órgãos pertencentes ao aparelho urinário, pois são provenientes de estruturas precursoras ligadas inicialmente aos esboços das gónadas, designados canais de Wolff e canais de Müller, cuja evolução difere consoante os sexos. A principal diferença reside no facto de os canais de Wolff do embrião do sexo feminino se atrofiarem, o que proporciona a perda da comunicação do sistema de drenagem do aparelho urinário com as gónadas, fazendo com que no 3° mês de vida intra-uterina os canais de Müller formem as duas trompas de Falópio, cuja união na linha média origina o útero e a parte superior da vagina. Em suma, qualquer alteração ocorrida neste processo pode provocar malformações na forma definitiva da vagina e do útero.
Malformações da vagina
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A vagina pode ser afectada por várias malformações congénitas. A mais grave, embora pouco frequente, é a atresia vaginal, ou seja, a ausência de vagina, normalmente provocada por uma alteração genética que origina igualmente outras repercussões. Uma outra possível malformação é a vagina septada, que corresponde à presença de uma membrana que divide longitudinalmente o canal vaginal em dois, normalmente de forma parcial. O caso mais grave corresponde à vagina dupla, na qual se evidenciam duas vaginas. Este defeito é normalmente acompanhado pela malformação uterina designada Útero duplo.Embora a ausência de vagina costume ser detectada pouco depois do nascimento, existem outras malformações menos evidentes que apenas são detectadas na idade adulta, devido ao facto de dificultarem as relações sexuais ou originarem dor durante o coito. Consoante a malformação, estes problemas podem ser curados através de uma intervenção cirúrgica.
Malformações do útero
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O útero pode apresentar vários tipos de malformações congénitas. A mais evidente é a aplasia uterina, que corresponde à ausência do útero, embora seja pouco frequente e costume estar associada a outras malformações. Mais comum é o útero duplo, ou útero didélfido, malformação caracterizada pela presença de dois úteros completamente desenvolvidos, cada um deles formado por um corpo, ligado à trompa de Falópio correspondente, e por um colo que normalmente desagua numa vagina independente. O útero septado caracteriza-se pela presença de um septo longitudinal que divide a cavidade uterina em dois compartimentos.Por outro lado, o útero bicórnio caracteriza-se pelo facto de o corpo do útero não se desenvolver correctamente e se encontrar dividido em dois. Por fim, o útero unicórnio caracteriza-se pela falta de desenvolvimento de uma metade do útero.As malformações congénitas do útero costumam passar despercebidas ao longo da infância e apenas começam a ser diagnosticadas na idade adulta, altura em que originam problemas menstruais ou provocam dor durante o coito. As malformações podem igualmente ser detectadas ao longo de um exame destinado a elucidar a origem de um quadro de infertilidade ou esterilidade, já que podem alterar a função reprodutora ao reduzirem a fertilidade ou ao provocarem repetidos abortos. Por vezes, o tratamento consiste na realização de uma intervenção cirúrgica, nomeadamente para corrigir um caso de útero duplo, em que se deve extrair um dos dois úteros, ou um caso de útero septado, em que se deve eliminar a membrana que divide a cavidade uterina.
Informações adicionais
O médico responde
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Uma colega de trabalho diz que não pode ficar grávida porque tem um útero infantil. Trata-se de uma malformação?
De facto, costuma-se falar de "útero infantil" quando uma mulher adulta tem um útero que, embora esteja bem formado, não se desenvolveu por completo, apresentando dimensões reduzidas e um escasso desenvolvimento muscular. Como é óbvio, por vezes, provoca dificuldades para que a mulher possa dar à luz, mas é algo pouco frequente. Para além disso, os problemas apenas costumam evidenciar-se quando o escasso desenvolvimento do útero encontra-se associado a outras alterações do aparelho genital, como por exemplo ovários muito pequenos ou praticamente inexistentes e genitais externos Igualmente de aspecto infantil.
Hímen imperfurado
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O hímen é uma fina membrana que cobre, de forma incompleta, o orifício vaginal da mulher virgem, pois em condições normais apresenta uma perfuração central ou várias perfurações pequenas que possibilitam a evacuação do fluxo menstrual. Todavia, por vezes, um defeito no desenvolvimento do embrião provoca a formação de uma membrana que reveste totalmente o orifício vaginal, constituindo um problema designado "hímen imperfurado". Embora esta malformação não provoque quaisquer problemas ao longo da infância, podendo até passar despercebida, costuma ter repercussões durante a puberdade, altura em que a actividade do aparelho genital é desencadeada, já que o fluxo menstrual proveniente do útero não consegue sair para o exterior devido ao facto de a vagina se encontrar "obstruída". Como consequência, o produto da menstruação fica obstruído na vagina e até, em casos mais graves, no interior do útero, o que provoca a compressão das estruturas adjacentes, originando problemas dolorosos ou criando as condições de predisposição para que se produza uma infecção, complicações estas que, para além da própria ausência de menstruação na adolescente já desenvolvida, constituem motivos para uma consulta médica em que se pode detectar facilmente a anomalia. A solução é muito simples, na medida em que o hímen pode ser perfurado através de uma simples incisão cirúrgica realizada sob anestesia local.