Cancro da próstata

O cancro da próstata é um dos tumores malignos mais frequentes nos homens com idade avançada, de evolução lenta e com um prognóstico favorável, se for detectado e tratado nas fases iniciais.

Causas e frequência

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O cancro da próstata é provocado pela transformação maligna de células da glândula que adquirem características anómalas e começam a reproduzir-se a um ritmo mais acelerado do que o normal, formando uma massa ou um tumor. Ao contrário do que acontece em caso de hipertrofia benigna da próstata, as células que constituem este tumor, quando comparadas com as normais, apresentam traços atípicos e desunem-se facilmente da massa, o que proporciona a sua infiltração nos tecidos vizinhos e a invasão dos vasos sanguíneos e linfáticos adjacentes, chegando através da circulação a pontos mais ou menos afastados do organismo, onde se estabelecem e originam metástases, ou seja, tumores secundários.

Embora ainda se desconheçam as causas desta transformação celular maligna, alguns estudos efectuados sobre o assunto sugerem que o problema possa ser originado por factores hereditários e, sobretudo, hormonais. De facto, constatou-se que este cancro tem uma incidência nula nos homens que, por alguma razão, tiveram que extrair os testículos, órgãos produtores de testosterona, e que os estrogénios, hormonas femininas com efeitos contrários à testosterona, travam o desenvolvimento deste tumor. Em suma, considera-se que a existência de níveis altos e persistentes de testosterona ao longo da vida e o desequilíbrio hormonal ocorrido nos homens com idade avançada constituem factores predisponentes.

Deve-se referir que o cancro da próstata raramente surge antes dos 40 anos de idade e a sua incidência vai progressivamente aumentando a partir dos 50 anos de idade, quando a produção de testosterona começa, paradoxalmente, a descer, o que sugere a existência de outros factores predisponentes ou precipitantes ainda desconhecidos. De facto, existem dados estatísticos que revelam que este cancro afecta quase 20% dos homens entre os 60 e os 70 anos e quase 50% dos que têm entre 80 a 90 anos.

Manifestações e evolução

Topo Ao contrário dos benignos, os tumores malignos da próstata caracterizam-se por surgirem nas zonas periféricas do órgão e por crescerem lentamente, o que justifica o facto de levarem mais tempo a comprimir a uretra, o canal urinário que atravessa a próstata, e consequentemente a dificultar a micção. As primeiras manifestações de ambos os problemas são, precisamente, a dificuldade em urinar e o consequente esvaziamento incompleto da bexiga.

Embora possam surgir um pouco mais tarde do que no caso de hipertrofia benigna, as manifestações iniciais do cancro da próstata relacionadas com as micções vão surgindo de forma lenta e progressiva. As mais importantes são o aumento da frequência das micções, cujo volume é cada vez mais reduzido, uma evidente debilidade do jacto da micção (em vez de descrever um arco, cai de forma vertical e acaba com um gotejar lento e prolongado), para além do desconforto, dificuldade ou dor na emissão da urina. Por último, em alguns casos, manifesta-se igualmente a presença de sangue na urina, que acaba por adquirir uma coloração avermelhada.

À semelhança do que ocorre na hipertrofia benigna, caso não se proceda ao tratamento oportuno do problema, mais tarde ou mais cedo acabam por surgir complicações, tais como episódios de retenção urinária aguda, com a ausência total de micções, ou o desenvolvimento de incontinência urinária. Todavia, o aparecimento de complicações, ou até dos sinais e sintomas mencionados, pode ser precedido, em alguns casos, pelas manifestações provocadas pela existência de metástases.

Os órgãos onde as metástases se evidenciam com maior frequência são os ossos, nomeadamente as vértebras, o fémur, a tíbia e as costelas, através do aparecimento de manifestações como dor na zona do osso afectado, dor nas costas ou mediante uma crise de lombalgia ou ciática, bem como fracturas espontâneas produzidas sem traumatismos prévios. Outros órgãos em que se desenvolvem metástases com alguma frequência são os pulmões, o fígado, a pleura, as glândulas supra-renais, os rins, o baço, o cérebro, o pâncreas e o estômago, com manifestações distintas consoante cada caso específico.

Nas fases mais avançadas costumam manifestar-se os sinais e sintomas próprios de uma doença grave e progressiva como o cancro: perda de apetite, diminuição do peso do corpo, sensação de debilidade e prostração.

Informações adicionais

O médico responde

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Detectaram um cancro da próstata no meu cunhado e estou muito preocupado porque, apesar de já ser idoso, é uma pessoa com muita vida e tenho a sensação de que corre perigo de vida...

Embora a sua preocupação seja compreensível, o prognóstico do cancro da próstata costuma ser bastante favorável, caso seja detectado e tratado nas fases iniciais, altura em que o tumor ainda não invadiu outros tecidos e órgãos. Mesmo que o tumor seja diagnosticado em fases mais avançadas, a combinação dos vários tipos de recursos terapêuticos actualmente disponíveis costuma permitir a obtenção de bons resultados e o controlo da doença durante cerca de 10 anos, ao longo dos quais o indivíduo afectado pode desfrutar de uma qualidade de vida satisfatória. Por outro lado, quando a doença é detectada em fases avançadas, como é o caso do seu cunhado, mesmo com a realização do tratamento oportuno, por vezes, o indivíduo afectado acaba por falecer ao fim de algum tempo devido a circunstâncias não relacionadas com o cancro da próstata.

Tratamento

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Dado que o tratamento depende das características do tumor e do seu grau de extensão em cada caso, o planeamento da terapêutica deve ser sempre individualizado. De facto, existem alguns casos, nos quais se descobre acidentalmente um foco de tumor muito diferente na próstata, em que não é necessário efectuar tratamento, submetendo-se o paciente a um controlo regular. Quando se decide efectuar um tratamento, as possíveis actuações são diversas. Na maioria dos casos, opta-se pela cirurgia, procedendo-se à extracção da próstata, urna operação denominada prostatectomia, e à extracção cirúrgica dos gânglios linfáticos da pélvis, de modo a reduzir o risco de metástases. Todavia, em alguns casos, em vez de se remover toda a glândula, a intervenção passa por efectuar a ressecção do tecido do tumor adjacente à uretra. Se o tumor for volumoso, pode-se recorrer à radioterapia antes da cirurgia, a fim de reduzir o volume tumoral, tornando a extracção cirúrgica exequível. Noutros casos, recorre-se à radioterapia após a cirurgia. Existem ainda situações em que o único tratamento consiste na radioterapia, quer para eliminar o tumor primitivo, quer para eliminar determinado tipo de metástases, através da aplicação de radiações desde o exterior ou mediante a aplicação de elementos radioactivos na zona do tumor. Além disso, sobretudo quando se detecta a presença de metástases, pode-se igualmente recorrer à quimioterapia, através da administração de medicamentos anticancerosos.

Um outro procedimento terapêutico extremamente útil para combater o cancro da próstata é a hormonoterapia, pois constatou-se que o desenvolvimento dos tumores malignos que surgem nesta glândula depende, em maior ou menor medida, do efeito da testosterona, a principal hormona masculina. Nestes casos, podem ser administradas hormonas sintéticas do tipo estrogénios, que têm efeito oposto e inibem o desenvolvimento ou provocam a regressão da massa tumoral, atenuam os sinais e sintomas e permitem uma melhoria da qualidade de vida, embora possam originar efeitos secundários. Para além disso, por vezes, tenta-se anular a produção de testosterona por parte dos testículos através de um tratamento hormonal específico que a bloqueie. Nos casos em que se comprove que o desenvolvimento do tumor maligno está directamente relacionado com uma produção excessiva de testosterona, deve-se ponderar a possibilidade de realizar uma extracção cirúrgica dos testículos.

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