Resposta imunitária

Caso o organismo seja invadido por agentes estranhos, o sistema imunitário reage através de uma resposta inata e, caso esta seja insuficiente, através um ataque especifico contra os invasores, de modo a neutraliza-los ou destrui-los.

Imunidade inata

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A imunidade inata, igualmente denominada imunidade natural, é constituída por uma série de mecanismos de defesa contra os agentes infecciosos presentes desde o nascimento. Esta resposta imunitária é efectuada por vários tipos de leucócitos e algumas proteínas presentes no sangue que, em conjunto, constituem o denominado sistema de complemento.

Fagócitos. As células que participam na imunidade inata realizam a sua acção através do mecanismo da fagocitose, ou seja, ao detectarem qualquer elemento estranho no organismo, consideram-no potencialmente nocivo e ingerem-no, introduzindo-o num espaço para o qual libertam substâncias que o conseguem digerir. No entanto, embora estas células, denominadas fagócitos, destruam os microorganismos ou partículas estranhas que tenham penetrado no organismo, acabam igualmente por serem destruídas ao longo dessa missão. Como alguns fagócitos percorrem o organismo ao circularem no sangue e outros saem dos vasos sanguíneos, ao atravessarem as paredes vasculares, para se estabelecerem nos diferentes tecidos, o seu campo de acção estende-se a todo o corpo. Perante o aparecimento de um foco infeccioso, os fagócitos são atraídos. através de um processo denominado quimiotaxia, por substâncias químicas constituídas por elementos bacterianos ou elaboradas por outros leucócitos, deslocando-se até ao lugar do ataque, de modo a exercer a sua acção em maior número.

Sistema de complemento. O soro sanguíneo é constituído por cerca de vinte proteínas que participam no mecanismo imunitário como parte do denominado sistema de complemento. Ao entrarem em contacto com a superfície de determinados micróbios, algumas destas proteínas séricas são activadas, o que origina uma reacção em cadeia com diferentes consequências. Por vezes, esta reacção provoca a destruição dos microorganismos, devido à ruptura da sua parede celular. Noutros casos, os componentes do sistema de complemento activados atraem fagócitos para essa zona, de modo a que as células imunitárias destruam os microorganismos. Por último, existem outras proteínas que se unem à parede das bactérias, originando um processo denominado opsonização, através do qual os fagócitos que chegam a essa zona reconhecem instantaneamente os agressores e actuam de imediato contra eles.

Imunidade adaptativa

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Caso os mecanismos descritos não consigam travar uma eventual invasão microbiana, o organismo desencadeia uma reacção de imunidade adaptativa contra o agente agressor específico. Como esta imunidade é adquirida (ausente no nascimento), necessita de tempo para se desenvolver e baseia-se na capacidade que alguns linfócitos adquirem de reconhecerem determinados elementos estruturais do agente estranho, denominados antigénios, o que os leva a activarem uma série de mecanismos celulares e humorais com vista a destrui-los ou desactivá-los.

Resposta imunitária celular. É realizada pelos linfócitos T e destina-se a combater as infecções provocadas por vírus. Alguns linfócitos reconhecem os antigénios do agente invasor, expostos sobre a superfície das células infectadas, e segregam substâncias químicas que accionam o "alarme" na zona. Este alarme propicia a vinda de linfócitos T colaboradores que, depois de identificarem o antigénio estranho, estimulam a acção dos linfócitos T citotóxicos ou células K (do inglês "killer", ou seja, "assassino"), os quais atacam, por diferentes recursos, as células anómalas, de modo a destruí-las, ao mesmo tempo que proliferam para que a acção defensiva se multiplique.

Resposta imunitária humoral. Este tipo de resposta imunitária é efectuada pelos linfócitos B. A actividade destes linfócitos baseia-se na elaboração de imunoglobulinas, ou gamaglobulinas, que actuam como anticorpos específicos contra determinados antigénios. Existem inúmeros linfócitos B que circulam pelo organismo, cada um deles preparado para ser activado perante a presença de um determinado antigénio. Quando os linfócitos T colaboradores accionam o "alarme", os linfócitos B correspondentes são activados, começam a multiplicar-se e diferenciam-se em células plasmáticas com capacidade para elaborarem anticorpos específicos contra o antigénio em questão. De facto, a união destes anticorpos ao antigénio faz com que as células imunitárias presentes na zona ataquem o agente agressor até o destruírem. Após eliminarem a infecção, os linfócitos B activados reduzem a produção de anticorpos, mesmo que alguns se mantenham activos e memorizem o antigénio responsável, de modo a que a resposta humoral seja, em caso de nova invasão, muito mais rápida e eficaz, o que justifica que algumas doenças apenas surjam uma vez na vida.

Informações adicionais

Inflamação

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O aparecimento de uma ferida, sobretudo se alguns microorgarnismos patogénicos presentes no ambiente penetrarem no organismo através dela, provoca uma reacção inflamatória localizada, que visa impedir o desenvolvimento de uma infecção ou, no mínimo, evitar a sua propagação. Nesta reacção, deve-se destacar o papel de algumas células imunes que libertam substâncias químicas com capacidade para provocarem determinadas alterações locais típicas, sobretudo os mastócitos, que libertam histamina, uma substância que provoca uma vasodilatação local e aumenta a permeabilidade dos capilares, o que intensifica a circulação e proporciona o aparecimento de um maior número de leucócitos na zona afectada, com o objectivo de se oporem à agressão e de repararem os tecidos danificados. Ao longo da reacção, a zona fica vermelha e quente, devido à dilatação vascular, tumefacta, como consequência da passagem de líquido dos vasos para os tecidos, e também dolorosa, pela irritação das terminações nervosas sensitivas da área.

Anticorpos

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Os anticorpos são imunoglobulinas (Ig), ou seja, proteínas do tipo gamaglobulinas que participam na resposta imunitária. Embora existam vários tipos de imunoglobulinas, todos os anticorpos têm uma estrutura semelhante, pois são compostos por dois pares de cadeias polipeptídicas que adoptam a forma de um Y, cujos braços têm uma configuração muito variável, da qual depende o seu funcionamento. De facto, cada anticorpo acaba sempre por se unir a um determinado antigénio, sendo por isso que tem uma forma complementar tal como uma chave em relação a uma fechadura.

As IgG são as mais abundantes, pois representam cerca de 70 a 75% do total de anticorpos. Como estão distribuídas ao longo de todos os líquidos orgânicos, constituem os principais anticorpos a intervir na resposta imunitária humoral, pois são as únicas que conseguem atravessar a barreira da placenta durante a gravidez, de modo a chegarem ao organismo do feto.

As IgA, que correspondem a 15 ou 20% do total de anticorpos, encontram-se presentes essencialmente nas secreções seromucosas: saliva, lágrimas, secreções geniturinárias, secreções respiratórias, colostro e leite matetno. Constituem a primeira linha defensiva em caso de invasão microbiana e são extremamente importantes na defesa orgânica do lactente, que as recebe ao mamar.

As IgM representam cerca de 10% do total, sendo as mais complexas e as de maior peso molecular. Localizam-se no espaço extravascular e desempenham um papel fundamental na resposta imunitária contra microorganismos complexos ao nível de antigénios.

As IgD, que apenas correspondem a 1% do total, encontram-se normalmente adjacentes à superfície dos linfócitos circulantes e a sua função, pouco clara, parece estar relacionada com a activação e diferenciação destes mesmos linfócitos perante um contacto com o antigénio correspondente.

As IgE são imunoglobulinas menos numerosas, já que a sua concentração em soro normal é muito reduzida, encontrando-se adjacentes à superfície de determinados leucócitos, como os basófilos e mastócitos. Embora a sua função específica consista em actuar contra os agentes parasitas do tipo helmintes, destacam-se mais pelo papel que desempenham no desencadeamento das reacções alérgicas.

Para saber mais consulte o seu Hematologista ou o seu Imunoalergologista ou o seu Imuno-Hemoterapista
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