Esquistossomíase

É uma doença provocada por vermes que conseguem viver como parasitas em vários órgãos humanos, constituindo uma das principais causas de sofrimento e mortalidade nas zonas tropicais do planeta.

Causas

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A esquistossomíase é provocada por várias espécies de helmintes do género Schistosoma, sendo os mais importantes o S. baematobium, o S. japonicum,  o S. mansoni e o S. intercalatum, normalmente conhecidos como esquistossomas ou aduelas sanguíneas, vermes pertencentes ao grupo dos trematodes, com um corpo longo e plano, não segmentado e géneros sexuais diferentes,

Estes vermes desenvolvem o seu ciclo biológico no organismo dos seres humanas e de várias espécies de moluscos de água doce. Os machos adultos, que medem cerca de 10 a 20 mm de comprimento de acordo com a espécie, são um pouco mais espessos do que as fêmeas e vivem no interior da parede intestinal e da bexiga dos seres humanos infestados. São compostos por um sulco ventral, onde albergam as fêmeas adultas durante boa parte da sua vida, que costuma durar, em média, cerca de dois a cinco anos, embora ocasionalmente ultrapasse os vinte a trinta anos. Tanto os machos como as fêmeas alimentam-se do sangue que absorvem dos capilares sanguíneos da mucosa intestinal ou vesical onde residem. As fêmeas adultas expulsam regularmente ovos microscópicos, os quais são eliminados através das fezes ou urina, contaminando o meio aquático que os rodeia, como lagoas e rios, onde conseguem manter a sua capacidade de infestação durante algumas horas. O ciclo biológico do parasita prossegue se os ovos forem, ao longo do período de tempo em que ficam submersos, ingeridos por vários caracóis aquáticos, visto que no interior destes últimos os ovos brotam e as larvas libertadas continuam o seu crescimento até serem expulsas novamente no meio aquático sob a forma de larvas maduras, denominadas cercárias.

O contágio ao ser humano efectua-se quando uma pessoa submerge os pés descalços em águas contaminadas - as larvas conseguem penetrar na pele através de pequenas feridas cutâneas. Uma vez no interior do organismo humano, as larvas são arrasadas através da circulação sanguínea até se estabelecerem no fígado, onde os parasitas se transformam em adultos e copulam. Em seguida, os machos, transportando as fêmeas nos seus sulcos ventrais, nadam no sentido inverso através do sangue até ao intestino e bexiga, em cuja parede acabam por residir definitivamente.

O ciclo biológico do parasita chega ao fim com a colocação dos ovos, já que uma parte deles são arrastados, como já foi mencionado, para fora do organismo juntamente com as fezes e a urina. Todavia, um dos aspectos específicos do ciclo biológico destes parasitas é o facto de os restantes ovos terem outro destino: alguns permanecem na parede intestinal ou vesical onde foram colocados pelas suas mães, outros são arrastados pela circulação sanguínea até outros órgãos, como o fígado ou os pulmões. Por último, os ovos que não forem evacuados do organismo provocam o desenvolvimento de pequenos granulomas nos tecidos onde residem, originando boa parte das manifestações características do problema.

Manifestações e evolução

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Embora as primeiras fases do problema costumem ser assintomáticas, existem casos em que se evidencia, imediatamente após o contágio, uma reacção alérgica passageira semelhante a uma urticária. De qualquer forma, um a três meses após o contágio, costuma-se manifestar uma outra reacção alérgica transitória, provocada pela primeira colocação de ovos dos parasitas adultos, designada síndrome de Katayama, que se evidencia por febre, erupção cutânea semelhante a uma urticária, tosse, dor abdominal e inflamação do fígado e baço.

As manifestações mais características evidenciam-se nas fases avançadas do problema e são provocadas, como já foi referido, pelos granulomas desenvolvidos pela presença de ovos do parasita nos diversos tecidos. Esta diferente localização dos granulomas, em parte devido à espécie de esquistossoma responsável, origina uma grande variedade de formas de aparecimento e evolução da doença que, na maioria dos casos, se evidenciam de forma combinada.

A esquistossomíase urinária evidencia-se através de problemas e dor ao urinar, emissão de urina com sangue, aparecimento de constantes infecções e obstrução das vias urinárias. Para além disso, um número proporcionalmente elevado das pessoas com este tipo de esquistossomíase correm o perigo de serem, a longo prazo, afectadas por um cancro da bexiga. A esquistossomíase intestinal caracteriza-se pelas frequentes dores abdominais e rectais, diarreia e presença de sangue nas fezes. A esquistossomíase hepática manifesta-se através de dor abdominal e distensão da cavidade abdominal. A esquistossomíase cardiopulmonar costuma provocar o desenvolvimento de uma fibrose ou enfisema pulmonar e de uma progressiva insuficiência cardíaca. Por último, a esquistossomíase do sistema nervoso pode proporcionar complicações tão diferentes como meningite, encefalite e compressão da medula espinal.

Informações adicionais

Incidência e distribuição geográfica

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A esquistossomíase é uma das doenças parasitárias mais frequentes do planeta, pois estima-se que afecta mais de 200 milhões de pessoas que vivem nas zonas endémicas da América, África e Ásia, nomeadamente nas zonas quentes e de abundante vegetação, em cujas águas doces habitam os moluscos que actuam como hospedeiros intermediários dos parasitas. A incidência do problema tem vindo a aumentar nos últimos anos entre os países do Terceiro Mundo que colocaram em prática planos de irrigação, o que, para além dos seus evidentes benefícios, favorece a concentração da população e a sua extensão às áreas endémicas.

Embora o problema possa afectar qualquer pessoa, as principais vítimas são as crianças e as pessoas que realizam regularmente determinadas actividades em que ficam em contacto com água potencialmente contaminada pescar, tomar banh, lavar a roupa, efectuar abluções religiosas, pastorear, entre outras. O contágio, ainda que se possa efectuar a qualquer momento do dia, realiza-se com maior frequência durante as horas de maior luminosidade e temperatura, já que nessas Condições as larvas movem-se com maior destreza.

Tratamento

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O tratamento consiste essencialmente na administração de vários medicamentos antiparasitários, como o praziquantel ou metrifonato, que devem ser tomados em várias doses elevadas, separadas por um intervalo de alguns dias. Para além disso, pode ser necessário recorrer-se à realização de uma intervenção cirúrgica para se extrair os granulomas que comprimam algum órgão e para reparar os tecidos danificados ou desobstruir as vias urinárias afectadas.

Para saber mais consulte o seu Infecciologista ou o seu Médico Internista ou o seu Especialista em Medicina Tropical
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