As filaríases, endémicas nas zonas quentes e húmidas do planeta, são provocadas por vermes que parasitam a pele e os gânglios linfáticos, originando complicações graves.
Causas
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As filaríases são provocadas por várias espécies de filárias, pertencentes aos helmintes ou vermes, sendo parasitas finos e cilíndricos de ambos os sexos, podendo medir entre 2 e 30 cm de comprimento, enquanto adultos. O ciclo biológico das filárias depende dos seres humanos, pois é no nosso organismo que habitam as formas adultas do parasita, e de uma série de insectos vectores que transmitem a doença, tais como os mosquitos, moscas e moscardos, nos quais desenvolvem as suas larvas.O contágio efectua-se quando um insecto infestado pica uma pessoa e inocula nu seu sangue as larvas do parasita - após estabelecerem-se no tecido subcutâneo ou nos vasos e gânglios linfáticos, estas vão amadurecendo até se tornarem adultas. Embora as filárias adultas consigam viver nestas condições durante vários anos, apenas se reproduzem se existirem machos e fêmeas suficientes. Nestes casos, as fêmeas são fertilizadas e começam a expulsar abundantes quantidades de microfilárias, ou larvas prematuras. Estas formas reduzidas do parasita são as causadoras das manifestações e complicações mais graves - ao distribuírem-se pela linfa ou pelo sangue, conseguem alcançar vários tecidos.Por outro lado, a contaminação dos insectos efectua-se quando picam uma pessoa infestada e absorvem microfilárias presentes no seu sangue. Ao fim de um determinado tempo, estas acabam por amadurecer, altura em que estão preparadas para infestar outra pessoa, reiniciando-se o ciclo biológico do parasita.As filaríases são endémicas em inúmeras zonas quentes e húmidas da América, África e Ásia, tanto rurais como urbanas, onde abundam os insectos que transmitem a doença. Todavia, apenas costumam afectar os habitantes das ditas zonas e, em casos muito raros, os turistas ou visitantes ocasionais, pois a doença apenas se desenvolve e manifesta quando se inoculam inúmeras larvas de ambos os sexos, o que apenas acontece após várias picadas dos insectos vectores.
Filaríases linfáticas
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A
filaríase de Bancroft e a
filariase malaia, provocadas respectivamente por helmintes denominados Wurbereria bancrofti e Brugia malayi, cujas larvas são transmitidas ao ser humano através das picadas de determinados mosquitos, afectam mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo.As manifestações são essencialmente provocadas pela disseminação das microfilárias através dos vasos linfáticos, cuja função é drenar microorganismos, resíduos e excessos de líquido intercelular dos tecidos. Durante a primeira fase do problema, a manifestação mais característica consiste no aparecimento de episódios agudos e repetitivos de linfangite, ou seja, inflamação dos vasos linfáticos, sobretudo nas virilhas, braços, escroto e mamilos. Ao longo destes episódios, que costumam ser acompanhados por febre, os gânglios da zona tornam-se tumefactos e dolorosos, enquanto que os próprios vasos linfáticos ficam de tal forma inflamados que são perceptíveis como cordões rosa por baixo da pele.Caso o problema não seja tratado oportunamente, tem a tendência para se tornar crónico, o que faz com que os vasos linfáticos fiquem, mais tarde ou mais cedo, obstruídos, provocando a interrupção da circulação da linfa e determinando a acumulação do líquido linfático nas zonas do corpo afectadas, que consequentemente aumentam de tamanho de forma considerável. Este fenómeno, designado
elefantíase, afecta com maior frequência um dos membros inferiores ou um dos testículos, que chegam a adquirir um volume várias vezes superior aos seus pares saudáveis.
Oncocercose
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A oncocercose, provocada pelo helminte Onchocerca volvulus, é uma filaríase muito frequente, pois de acordo com dados estatísticos afecta mais de 20 milhões de pessoas, sobretudo na África Tropical, América Central e na Península Arábica.A doença costuma ser transmitida através de moscas pertencentes ao género Simulium, que habitam nas proximidades dos rios de águas bravas e cujas picadas proporcionam a inoculação das larvas do parasita sob a pele da vítima. Já no seu estado adulto, as filárias unem-se para formarem nódulos subcutâneos, localizados preferencialmente na cintura, couro cabeludo e ombros. Estes nódulos, que provocam um intenso prurido, vão crescendo progressivamente, o que faz com que a pele que os reveste fique mais fina, chegando até a desunir-se.As manifestações mais graves do problema são provocadas pelas microfilárias libertadas pelas fêmeas adultas, que penetram na circulação sanguínea e invadem tecidos. As consequências mais graves evidenciam-se nos globos oculares, pois provoca em muitos casos uma cegueira irreversível. Deve-se referir que a oncocercose é normalmente conhecida como "cegueira dos rios", porque é uma das principais causas da perda de visão nas zonas endémicas e, como já foi mencionado, a mosca que a transmite habita normalmente nas proximidades dos rios.
Informações adicionais
Loiase
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A loiase é uma filaríase provocada pelo verme Loa loa, sendo endémica nas regiões tropicais de África. Os vermes, cujas larvas são inoculadas no ser humano através de picadas de moscas e moscardos, desenvolvem-se no tecido subcutâneo, através do qual se deslocam livremente, tanto pelo rosto e tronco como pelos membros, onde a sua presença costuma provocar tumefacções denominadas "edemas de Calabar'.
O parasita costuma igualmente afectar a conjuntiva do olho, provocando lacrimejar, vermelhidão no olho e sintomas visuais. A administração de dietilcarbamazina serve para tratar os indivíduos afectados, mas constitui igualmente uma forma de prevenção para as pessoas que pretendam viajar pelas zonas endémicas.
Dracunculose
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Adracunculose é uma filaríase provocada pelo helminte Dracunculus medinensis, igualmente conhecido como verme da Guiné ou filária de Medina, que vive em toda a zona tropical do planeta e é endémico, sobretudo, em algumas regiões pantanosas de África, Ásia e Caraíbas.
O contágio efectua-se através da ingestão de água ou alimentos constituídos por crustáceos microscópicos contaminados com as larvas do parasita. Depois de entrarem no tubo digestivo, as ditas larvas atravessam a parede intestinal e estabelecem-se nos tecidos vizinhos até se transformarem em vermes adultos. Nessa altura, vermes de ambos os sexos copulam, provocando a morte do macho e o início da migração da fêmea para os membros inferiores, onde se estabelece e cresce no tecido subcutâneo, podendo alcançar cerca de 70 cm de comprimento.
De início, as manifestações do problema consistem essencialmente em reacções alérgicas provocadas pela presença do parasita. Todavia, nas fases mais avançadas, altura em que as fêmeas fecundadas já se encontram alojadas nos membros inferiores, perfuram a pele que as reveste com o seu membro, originando úlceras que se localizam preferencialmente na zona dos tornozelos, as quais podem, por vezes, ser perceptíveis a olho nu. As fêmeas expulsam milhares de larvas para o exterior, através das úlceras, fenómeno desencadeado, em particular, quando uma pessoa infestada introduz os seus membros inferiores na água, o que proporciona a continuação do ciclo biológico do parasita, pois as larvas são ingeridas por crustáceos microscópicos, cujo consumo determina a infestação das outras pessoas.