Tosse convulsa

Doença muito contagiosa que afecta especialmente as crianças, manifestando-se em particular por intensos ataques de tosse. Embora costume desaparecer sem problemas, ao fim de cerca de dois meses, por vezes provoca complicações graves.

Causas

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A tosse convulsa é provocada pela bactéria Bordetella pertussis, ainda que exista uma reduzida percentagem de casos em que é originada por outro microorganismo distinto, mas do mesmo género - a B. parapertussis.

A infecção transmite-se por contágio directo de pessoa para pessoa, através das secreções respiratórias contaminadas, eliminadas pelas pessoas afectadas ao tossirem, ou pelas reduzidas gotas de saliva que ficam a flutuar no ar após serem expelidas ao falar. O microorganismo penetra por via respiratória e estabelece-se na mucosa que reveste a laringe, a traqueia e os brônquios, onde provoca o desenvolvimento de um processo inflamatório.

Um único contacto com a bactéria responsável é, na maioria dos casos, suficiente para a produção de um contágio.

Manifestações e evolução

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O período de incubação, desde o momento de produção do contágio até ao aparecimento das primeiras manifestações da doença, dura entre uma a duas semanas. Em seguida, sucedem-se três fases típicas: a catarral, a paroxística e a de convalescença.

Fase catarral. Esta fase, que constitui o início da doença, começa com sinais e sintomas típicos de uma constipação comum, tais como secreção nasal e espirros, irritação ocular e lacrimejar, associados a uma sensação de irritação na garganta e tosse seca, que costuma intensificar-se durante a noite. O paciente costuma ser afectado por um estado de mal-estar geral, sente-se débil, perde o apetite e normalmente apresenta, desde o início, uma febre moderada, embora existam casos cm que a temperatura do corpo se mantém quase normal. Esta fase, muito contagiosa, dura cerca de duas semanas.

Fase paroxística. Ao longo desta Fase desaparecem os sinais e sintomas catarrais e a temperatura do corpo tem a tendência para regressar ao normal, enquanto que a tosse torna-se mais intensa e adopta uma forma específica, pois começa a manifestar-se a denominada tosse paroxística, que se caracteriza por vários ataques de tosse consecutivos, terminando com uma inspiração profunda e acompanhada por um som agudo desagradável ou "guincho" típico; em alguns casos, o ataque de tosse acaba com vómitos. Os ataques costumam repetir-se até que a mucosidade viscosa que obstrui as vias respiratórias inflamadas seja expulsa. Embora a frequência destes ataques seja variável, nos casos graves, em especial nos lactentes, repetem-se tantas vezes que não deixam o paciente dormir. Em alguns casos, os ataques são tão intensos que interrompem a chegada de ar aos pulmões durante um período prolongado, fazendo com que a pele adquira temporariamente uma coloração azulada (cianose). Todavia, ao fim de uma ou duas semanas, os ataques começam a ser menos constantes e gradualmente menos intensos, apesar de persistirem por mais algumas semanas e, por vezes, por mais um par de meses.

Fase de convalescença. Ao longo de três ou quatro semanas vão surgindo episódios de tosse isolados, sem ataques paroxísticos, cada vez menos incómodos. O indivíduo afectado costuma recuperar totalmente e a cura da doença, regra geral, não provoca grandes complicações.

Tratamento

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O tratamento baseia-se na administração de antibióticos activos contra o agente causador, como a eritromicina. Embora se possa igualmente recorrer à utilização de medicamentos para eliminar os sinais e sintomas, ou seja, para combater a febre e para fluidificar as secreções brônquicas, não se deve prescrever medicamentos para tentar impedir a tosse, na medida em que este reflexo é extremamente útil para desobstruir as vias respiratórias. Por outro lado, deve-se iniciar uma dieta ligeira, rica em nutrientes de fácil deglutição e com uma ingestão abundante de líquidos para compensar as perdas e também para fluidificar as secreções brônquicas. Por vezes, sobretudo nos casos mais graves, pode-se recorrer a técnicas de fisioterapia, por exemplo à base de pequenos golpes nas costas do paciente, de modo a facilitar a expulsão das mucosidades que obstruam as vias respiratórias.

Informações adicionais

O médico responde

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Como ouvi dizer que a vacina contra a tosse convulsa pode provocar alguns efeitos secundários, tenho receio que faça mal ao meu filho...

Embora a criança possa ser afectada por uma ligeira subida da temperatura e por uma certa irritabilidade ou mal-estar geral alguns dias após tomar a primeira dose da vacina, são problemas ligeiros que não devem causar preocupação. Excepcionalmente, cerca de 1 em cada 300 000 casos é afectado por efeitos secundários mais graves que originam problemas neurológicos como convulsões ou uma encefalite. De qualquer forma, tendo em conta que a tosse convulsa pode ter, de forma natural, uma evolução grave e até fatal, o eventual risco que as crianças correm com a administração da vacina é significativamente mais reduzido do que o padecimento da própria doença.

Complicações

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Embora a tosse convulsa costume ter uma evolução favorável, por vezes, sobretudo quando afecta bebés que não foram devidamente tratados, pode gerar complicações graves. Por um lado, caso um lactente evidencie febre elevada e vómitos muito frequentes, pode ser afectado por um quadro de desidratação. Por outro, é possível que a inflamação brônquica favoreça uma sobreinfecção bacteriana que afecte os pulmões, originando uma broncopneumonia. Para além disso, caso os ataques de tosse paroxística sejam muito prolongados, podem originar episódios de défice de oxigenação cerebral temporários, mas suficientemente longos para provocarem perturbações neurológicas. Perante a possível manifestação de todas estas complicações, deve-se internar o bebé num centro médico para menores de 1 ano de idade afectados por tosse convulsa grave, de modo a controlar regularmente a evolução do problema e para adoptar as medidas terapêuticas oportunas para evitar sequelas significativas.

Prevenção

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A prevenção da tosse convulsa baseia-se na administração de uma vacina elaborada com bactérias mortas responsáveis pela doença, pois embora já não tenham capacidade para infectar, desencadeiam uma reacção imunitária que, na maioria dos casos, garante uma imunidade eficaz contra o problema durante um período de dez anos. Mesmo quando a vacina já não é totalmente eficaz ou após o período de protecção, caso se contraia a infecção, a doença tem um desenvolvimento ligeiro e não gera complicações consideráveis.

Nos países onde a vacina contra a tosse convulsa faz parte do Plano Nacional de Vacinação na infância, costuma ser incluída na vacina DTP ou vacina tríplice, que também protege contra a difteria e o tétano. A vacina deve ser aplicada em três doses aos 3, 5 e 7 meses de idade, com uma dose de reforço aos 18 meses.

Para saber mais consulte o seu Infecciologista ou o seu Pneumologista
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