A hepatite viral provoca uma inflamação e alteração funcional do fígado que, normalmente, desaparece ao fim de algumas semanas, embora existam casos em que adopta uma evolução crónica e persistente, tendo até a tendência para se agravar com o passar dos anos.
Causas
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A hepatite viral costuma ser provocada por vários tipos de vírus com uma especial afinidade pelo tecido hepático. Até à data, identificaram-se vários tipos de hepatite, designados com as letras do alfabeto: A, B. C. D, E F e G. Embora cada um destes vírus se transmita através de um modo especifico e origine um tipo de hepatite particular, deve-se referir que se conhece com maior precisão o meio de transmissão e o tipo de vírus da hepatite A, B, C, D e E, responsáveis mais comuns pelo problema, do que os dos vírus da hepatite F e G, mais desconhecidos. Para além disso, o vírus da hepatite D apenas pode infectar pessoas previamente infectadas com o vírus da hepatite B.Dado que os vírus da hepatite A (VHA) e da hepatite E (VHE) são eliminados através das fezes das pessoas infectadas, o contágio costuma efectuar-se por via fecal-oral. O contágio pode ocorrer por contacto directo. Como sucede quando uma pessoa não lava bem as mãos após o acto defecatório e, depois, toca outra pessoa que, por sua vez, leva os dedos à boca, algo muito frequente entre as crianças. O contágio pode igualmente ocorrer através da ingestão de água ou alimentos contaminados com restos de matéria fecal infectada, o que justifica o facto de os episódios epidémicos serem frequentes.Os vírus da hepatite B (VHB), hepatite C (VHC) e hepatite D (VHD) transmitem-se através do sangue, saliva, sémen, secreções vaginais ou outros fluidos corporais das pessoas infectadas. Os mecanismos de contágio mais frequentes destes tipos de hepatite correspondem às relações sexuais sem protecção. à partilha de utensílios pessoais contaminados (copos, talheres, escovas de dentes, lâminas de barbear, entre outros) e à utilização de seringas já utilizadas, uma prática bastante habitual entre os toxicodependentes de drogas de administração intravenosa. Por outro lado, deve-se referir que, embora até há alguns anos estes vírus também fossem transmitidos através de transfusões de sangue ou produtos derivados, actualmente existem métodos de detecção e desactivação dos vírus que tornam estes procedimentos terapêuticos seguros.
Manifestações e evolução
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O período de incubação varia bastante consoante o tipo de hepatite. Nas hepatites A e E, costuma oscilar entre as duas e as seis semanas; na hepatite C, dura entre duas a quinze semanas; nas hepatites B e D, compreende entre dois a seis meses.Os primeiros sintomas costumam ser pouco específicos: mal-estar geral, debilidade, falta de apetite, uma discreta subida da temperatura do corpo, dor de cabeça, náuseas e vómitos, desconforto e dor abdominal, ardor cutâneo, diarreia e, talvez o mais característico, rejeição aos alimentos gordos, sobretudo carnes gordas, chocolate e fritos.Embora estes sinais e sintomas iniciais tenham a tendência para, ao fim de cerca de cinco a sete dias, diminuírem de intensidade ou desaparecerem, depois, costumam apresentar-se outras manifestações específicas que evidenciam a afectação do fígado. A mais típica e frequente é a icterícia ou coloração amarelada da pele e das mucosas, particularmente perceptível na face interior das pálpebras e na esclerótica (o branco do olho), sobretudo quando são observados à luz natural. Outros sinais de afectação hepática frequentes são a colúria, ou seja, a coloração escura da urina, que adopta uma tonalidade semelhante a refrigerantes do tipo cola, e a acolia, ou seja, a coloração clara das fezes, que adquirem um aspecto semelhante a massa de vidraceiro. A intensidade destas manifestações é variável. Por vezes, são tão ligeiras que não são detectadas, enquanto que noutros casos são muito intensas e evidentes. A sua duração é igualmente variável, embora dure entre uma a três semanas.Após o desaparecimento das principais manifestações, o paciente entra numa fase de convalescença que dura algumas semanas, nas quais é perceptível uma intensa sensação de cansaço e debilidade muscular. Depois da cura da hepatite viral, os pacientes ficam imunizados para o resto da vida contra a infecção proporcionada pelo mesmo tipo de vírus, embora possam voltar a ser afectados pela doença, caso a mesma seja provocada por outro tipo de vírus de hepatite.
Tratamento
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Enquanto os sinais e sintomas principais persistirem, o tratamento consiste basicamente em repouso e na adopção de uma dieta equilibrada e pobre em gorduras. Nos casos graves ou nas pessoas debilitadas, pode ser necessário proceder-se à hospitalização do paciente ou à administração de medicamentos anti-virais.
Informações adicionais
Prevenção
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Embora a medida preventiva mais eficaz seja a vacinação, actualmente, apenas existem vacinas contra a hepatite A e a hepatite B. Todavia, estas vacinas ainda não estão incluídas nos planos de vacinação infantil sistemática, embora já comecem a ser utilizadas em alguns países, sendo especialmente indicadas nas pessoas com risco elevado de contraírem a doença. Por exemplo. a vacina contra a hepatite B é particularmente recomendável para as pessoas com hábitos sexuais promíscuos, pessoal sanitário dos hospitais e parceiros de pessoas infectadas. Por outro lado, as pessoas que convivem com um paciente com hepatite devem ter em conta algumas medidas, de modo a prevenirem o contágio, como por exemplo não partilharem os utensílios pessoais utilizados pelo indivíduo afectado, nomeadamente os talheres e a roupa da cama, e desinfectarem a casa de banho com lixívia sempre que o paciente a utilizar.
Hepatite crónica
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Em alguns casos, por razões ainda não completamente conhecidas, a hepatite não desaparece ao fim de algumas semanas, mantendo-se activa e até progredindo ao longo de vários anos ou décadas. Todavia, este tipo de evolução, felizmente, apenas ocorre em 5 a 10% dos casos de hepatite B, em cerca de 20 a 40% dos casos de hepatite C e numa percentagem igualmente elevada dos casos de hepatite D. Por outro lado, as hepatites A e E nunca têm uma evolução crónica.
Embora a hepatite crónica evolua durante muito tempo sem evidenciar quaisquer sintomas, por vezes, gera algumas manifestações, normalmente ligeiras, como por exemplo sensação de cansaço e debilidade, digestões pesadas ou, mais raramente, dor na zona superior e direita do abdómen. O prognóstico do problema é muito variável, tendo em conta que, por vezes, desaparece ao fim de alguns meses ou anos, independentemente de ser de forma espontânea ou com a ajuda do tratamento adequado, enquanto que noutros casos provoca lesões hepáticas que avançam progressivamente, ao longo de muitos anos, sem originarem complicações graves. Entre estas consequências destaca-se a cirrose hepática, um problema irreversível que pode, por sua vez, conduzir a uma insuficiência hepática. Para além disso, alguns pacientes com hepatite crónica desenvolvem, a longo prazo e por mecanismos ainda não totalmente conhecidos, um tumor maligno do fígado.
Dada a extrema importância da realização do diagnóstico de hepatite crónica o mais depressa possível, de modo a prevenir as possíveis consequências a longo prazo, as pessoas que ultrapassaram um episódio de hepatite viral aguda devem submeter-se a controlos periódicos, nos quais devem solicitar análises de sangue e outros exames.
O tratamento da hepatite crónica consiste em levar uma vida o mais saudável possível, nomeadamente através de uma dieta equilibrada, da não ingestão de bebidas alcoólicas e repouso. Para além disso, deve-se proceder à administração de vários tipos de medicamentos anti-virais, como interferon e ribavirina, através dos quais se podem obter resultados satisfatórios.