Embora a poliomielite costume ter uma evolução benigna, pode originar graves complicações neurológicas e provocar paralisia como sequela. Apesar de, actualmente, ser muito menos frequente devido à vacinação, continua a ser endémica em algumas zonas do planeta.
Causas
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A poliomielite é provocada por um vírus específico pertencente à família Picornavírus, conhecido como paliovirus, do qual se conhecem três subtipos denominados 1, 2 e 3. Estes vírus encontram-se presentes na saliva das pessoas afectadas, sendo eliminados maioritariamente através das fezes. Dado que o contágio se produz por via digestiva, a sua forma mais habitual de transmissão corresponde à via fecal-oral, como por exemplo quando uma pessoa não lava bem as mãos após o acto defecatório (facto muito comum nas crianças), contaminando seguidamente as mãos de outra pessoa ou determinados objectos, tais como alimentos ou talheres, que a pessoa leva à boca. Uma outra forma de contágio relativamente frequente refere-se à saliva das pessoas infectadas, na qual a transmissão se produz de maneira indirecta através de utensílios, como copos ou talheres. que se levam à boca ou mediante a absorção das pequenas gotas de saliva contaminadas, expelidas pela pessoa infectada ao falar, tossir ou respirar. Por fim, o contágio pode igualmente produzir-se de forma indirecta através da ingestão de água contaminada com vírus provenientes da matéria fecal de pessoas infectadas.Após a produção do contágio, os vírus estabelecem-se nas mucosas do aparelho digestivo e contaminam a saliva durante três a quatro semanas e a matéria fecal durante cinco a sete semanas. Deve-se referir que todas as pessoas infectadas, independentemente de manifestarem ou não sinais e sintomas de forma evidente, podem transmitir a doença.
Manifestações e complicações
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Apesar da sua "má fama", a evolução da poliomielite é totalmente assintomática e não provoca qualquer tipo de sequela em cerca de 95% dos casos. Para além disso, na maioria dos casos em que gera sinais e sintomas, a sua evolução é igualmente benigna, já que normalmente apenas se manifesta através de febre moderada, vermelhidão e dor de garganta, desconforto ou dores musculares, náuseas e vómitos, sinais e sintomas que geralmente desaparecem ao fim de dois ou três dias, sem provocarem qualquer complicação ou sequela.De facto. os vírus apenas invadem o tecido nervoso, originando uma meningite, ou seja, a inflamação das membranas que revestem o encéfalo e a medula espinal, em aproximadamente 1% dos casos. Este problema, que pode ser considerado uma complicação da doença, evidencia-se através de febre, aparecimento de vómitos, que não são precedidos por náuseas, e a presença de outras manifestações, nomeadamente dor de cabeça, contracturas musculares, tonturas e intolerância à luz forte, que em conjunto caracterizam a afectação das meninges. Felizmente, estas manifestações são ligeiras, na maioria dos casos, e desaparecem ao fim de alguns dias.Apenas num em cada cem a mil casos de poliomielite, os vírus invadem a medula espinal e/ou o encéfalo, originando uma meningite que pode deixar sequelas neuromusculares permanentes - esta forma da doença denomina-se de
poliomielite paralítica. Todavia, como é possível deduzir pelo que foi anteriormente dito, é uma complicação extremamente rara, já que apenas aflige uma em cada dez mil a cem mil pessoas afectadas por poliomielite. Embora esta complicação tenha a tendência para se manifestar antes do desaparecimento dos sinais e sintomas da meningite, normalmente, apenas se começa a evidenciar alguns dias depois, sobretudo nos bebés. Apesar de, na maioria dos casos, o problema afectar os músculos dos membros inferiores, também pode evidenciar-se nos do tronco, pescoço ou ombros, por vezes em dois ou mais destes grupos musculares em simultâneo. Ainda que, inicialmente, o paciente apenas sinta uma sensação de formigueiro nos músculos afectados, com o passar dos dias, esta sensação vai sucessivamente transformando-se em debilidade muscular e paralisia, impossibilitando qualquer tentativa de movimento do segmento afectado, que fica completamente flácido. Na maioria dos casos, a infecção desaparece ao fim de cerca de duas semanas, mas pode provocar a paralisia irreversível dos grupos musculares afectados como sequela. Por outro lado, como este tipo de paralisia afecta o desenvolvimento esquelético e muscular dos bebés, com o passar do tempo, é muito comum que se comecem a evidenciar assimetrias, posições anómalas, rigidez e deformações nos segmentos corporais afectados. Por exemplo, é habitual que as pessoas afectadas por este tipo de sequela apresentem um membro inferior muito mais fino e curto do que o outro, uma pronunciada contractura de um pé ou um joelho constantemente flectido.
Tratamento
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Apenas é necessário proceder ao tratamento quando a poliomielite manifesta sinais e sintomas, devendo-se hospitalizar o paciente, de modo a que sejam adoptadas as medidas adequadas para solucionar eventuais complicações agudas e prevenir sequelas. Para além disso, pode-se recorrer à aplicação de gesso ou outros dispositivos, com vista a corrigir contracturas musculares. Após se ultrapassar a fase aguda da poliomielite paralítica, costuma-se proceder à realização de fisioterapia, com o objectivo de recuperar, o máximo possível, a força dos músculos afectados e, caso seja necessário, realizar várias técnicas cirúrgicas para corrigir deformações esqueléticas.
Informações adicionais
O médico responde
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O meu irmão foi afectado por poliomielite quando era pequeno e tiveram que o hospitalizar de emergência porque não Conseguia respirar bem e asfixiava... O que provocou estes sinais e sintomas?
Embora não ocorra, felizmente, com muita frequência, os vírus da poliomielite podem infectar o centro nervoso que controla a respiração, situado no bulbo raquidiano. Ou as raízes dos nervos responsáveis pela mortalidade do diafragma e dos restantes músculos respiratórios, responsáveis pela expansão da caixa torácica durante a ventilação. Essa situação pode ser detectada quando o paciente sentir dificuldade em respirar, sensação de falta de ar e asfixia. É preciso referir que, nestas condições, é muito importante o internamento do indivíduo afectado num hospital o mais rápido possível, pois caso a situação piore, é preciso recorrer-se à aplicação imediata de respiração assistida com um ventilador mecânico ou até proceder-se à realização de uma traqueostomia.
Prevenção
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A prevenção da poliomielite consiste na vacinação. Existem dois tipos de vacinas antipoliomielíticas. A primeira a ser utilizada foi a vacina Salk, composta por vírus mortos e aplicada através de uma injecção subcutânea. A outra, que à excepção de raras ocasiões é a que se utiliza actualmente, corresponde à vacina Sabin ou antipoliomielítica oral trivalente, elaborada com os três subtipos de poliomielite atenuados e administrada por via oral sob a forma de gotas, na maioria dos casos dissolvidas num torrão de açúcar. Em inúmeros países, esta vacina é aplicada de forma sistemática em três doses aos 3, 5 e 7 meses de idade, com uma dose de reforço aos 18 meses e outra entre os 4 e os 6 anos. Por vezes, deve-se indicar uma revacinação, nomeadamente se existir um risco especial de se contrair a infecção, por exemplo ao longo de uma epidemia ou antes de se viajar para uma área onde a doença é endémica.