Embora a varicela seja uma doença eruptiva típica da infância com uma evolução benigna, quando se manifesta nos adultos pode originar sinais e sintomas mais evidentes, sendo perigosa em pessoas imunodeprimidas e nas grávidas.
Causas e frequência
Topo 
A varicela é provocada pelo vírus varicela-zóster (VVZ), agente assim denominado por ser o causador de duas doenças infecciosas distintas: a varicela c o herpes zóster (esta doença é descrita no volume dedicado à pele).
A varicela é a doença que se desenvolve após o primeiro contacto com o VVZ, o que costuma ocorrer na infância. Após a cura desta doença, que apenas afecta o paciente uma vez na vida, é possível que uma determinada quantidade de vírus sobrevivam adormecidos em alguns tecidos do organismo, sem provocar qualquer sinal ou sintoma. Todavia, após uns período de tempo mais ou menos prolongado, normalmente na idade adulta ou até na velhice, este vírus pode ser reactivado uma ou mais vezes, por exemplo, devido a uma redução temporária das defesas, o que permite o desenvolvimento do herpes zóster.
O vírus causador da varicela transmite-se de pessoa para pessoa por via aérea, através das pequenas gotas de saliva contaminadas, expelidas pelos pacientes ao falarem, ou através do líquido presente nas lesões cutâneas que tanto provocam esta doença como o herpes zóster.
Dado que não existe uma vacina eficaz para a prevenir, a varicela continua a ser um problema muito frequente em todos os países, evidenciando-se normalmente nas crianças entre os 2 e os 9 anos de idade. Calcula-se que urna proporção muito significativa da população adulta já foi afectada pela mesma, embora muitas pessoas não o recordem ou não o saibam porque a doença tens, na maioria dos casos, uma evolução muito ligeira ou praticamente não manifesta sinais ou sintomas.
Manifestações e complicações
Topo 
A varicela tem um período de incubação de uma a três semanas partir do momento do contágio. A doença começa por se manifestar através de sinais e sintomas gerais inespecíficos como febre, mal-estar e perda de apetite. Ao fim de um a três dias, estas manifestações intensificam-se, proporcionando a erupção cutânea característica da varicela,
De início, evidenciam-se pequenas manchas de cor vermelha, com cerca de 2 a 5 mm de diâmetro, muito pruriginosas, que revestem em grande número toda a superfície do corpo, embora se concentrem em particular na face, tronco e base dos membros. No entanto, ao fim de algumas horas, as lesões adquirem um ligeiro volume e transformam-se em vesículas, repletas de um líquido amarelado. Alguns dias depois, as vesículas rebentam e o líquido seca, propiciando a formação de crostas que acabam por cair. É preciso referir que, como as lesões vão surgindo ao longo dos primeiros dias da fase eruptiva, o facto de cada uma delas seguir todo o processo propicia a coexistência de máculas, pápulas, vesículas e crostas.
Por outro lado, o aparecimento de lesões na mucosa da boca é igualmente comum, embora neste caso a abertura das vesículas proporcione pequenas manchas esbranquiçadas de aspecto semelhante às aftas bucais.
Estas lesões geram ardor, nomeadamente quando se ingerem alimentos salgados, ácidos ou duros, e em alguns casos são tão incómodas que dificultam ou chegam mesmo a impedir a deglutição da saliva.
Ao fim de cinco a sete dias, tanto a erupção como as restantes manifestações desaparecem. As lesões cutâneas curam-se espontaneamente e, caso não tenham sofrido uma sobreinfecção bacteriana, não deixam cicatrizes. É preciso referir que as manifestações costumam ser mais ligeiras nas crianças, por vezes mínimas ou até inexistentes, sendo por outro lado mais significativas nos adultos.
A doença costuma prolongar-se durante, no máximo, dez dias e normalmente não origina complicações. Todavia, caso o sistema defensivo do paciente se encontre muito debilitado, como acontece, por vezes, em caso de desnutrição, SIDA e outras doenças graves, a varicela pode originar diversas complicações graves. Uma das mais graves é a pneumonia, que se manifesta uma semana após o início da fase eruptiva e, embora seja assintomática inicialmente, mais cedo ou mais tarde acaba por evidenciar febre elevada e uma evidente dificuldade em respirar. Uma outra complicação adicional é a encefalite, cujos sinais e sintomas começam a evidenciar-se alguns dias após o fim da erupção cutânea e consistem basicamente em dor de cabeça, vómitos, rigidez na nuca e uma progressiva perda da consciência, que pode conduzir a um estado de coma.
Tratamento
Topo 
O tratamento, que apenas é necessário quando o problema manifesta sinais e sintomas, consiste basicamente em repouso, alimentação equilibrada e abundante ingestão de líquidos.
Um aspecto muito importante do tratamento é procurar aliviar o ardor e prevenir o coçar, que pode provocar uma sobreinfecção das lesões. Para tal, deve-se recorrer à aplicação de loções de calamina ou pós de talco e, em alguns casos, à administração de medicamentos sedativos e anti-histamínicos. Por outro lado, deve-se procurar que as crianças tenham as unhas bem cortadas, limadas e limpas; no caso dos bebés, pode ser conveniente tapar as mãos com luvas. Estas medidas devem ser complementadas com uma higiene diária com abundante água e sabonete. Por outro lado, caso seja necessário, pode-se administrar medicamentos antipiréticos, embora se deva evitar a utilização de ácido acetilsalicílico, pois pode gerar uma considerável reacção desfavorável.
Informações adicionais
Varicela e gravidez
Topo 
Quando se contrai a varicela ao longo dos três primeiros meses de gestação. os vírus causadores podem atravessar a placenta e infectar o embrião, provocando uma varicela intra-uterina. Esta infecção costuma ter graves consequências, já que algumas vezes provoca a morte do embrião e um aborto espontâneo, enquanto que noutras, em cerca de 10% dos casos, origina lesões que provocam como sequelas malformações cranianas, surdez, atraso mental ou extensas cicatrizes cutâneas.
Por outro lado, caso se contraia a infecção nos dias anteriores ao parto, o feto pode ser contagiado no momento do nascimento e desenvolver uma forma grave da doença que, por vezes, tens consequências fatais.
Como não existe uma vacina contra a varicela, a melhor maneira de 215 mulheres grávidas, que não foram afectadas ou não se recordem de terem tido a doença, prevenirem o contágio consiste em evitarem o contacto com pacientes portadores dessa doença ou de herpes zóster. Caso já tenha existido este tipo de contactos e desde que não tenham passado mais de três dias, pode-se recorrer a um tratamento alternativo, que consiste na aplicação de anticorpos específicos contra o vírus varicela-zóster, através dos quais se pode prevenir eficazmente o desenvolvimento da doença.
Evite coçar
Topo 
A varicela pode ser muito incómoda, pois como as pequenas vesículas que revestem todo o corpo são muito pruriginosas podem levar o paciente a coçar-se. Todavia, deve-se travar este impulso, visto que, em primeiro lugar, o coçar apenas alivia o ardor temporariamente, reaparecendo depois com maior intensidade. Além disso, deve ser evitado porque as unhas, através do coçar, podem provocar arranhões e arrastar outros micróbios e bactérias até às lesões, o que pode piorar a situação. Caso não se tenha este factor em conta, as lesões podem sofrer uma infecção bacteriana e tornarem-se incómodas ou provocar uma situação ainda mais grave, na medida em que a cura das lesões infectadas provoca o aparecimento de cicatrizes na pele, marcas que permanecem durante toda a vida, por vezes com um aspecto bastante feio, sobretudo quando se evidenciam no rosto. Em suma, convém conter a vontade de se coçar, pois caso o paciente aguente, o prurido das lesões desaparece e as mesmas curam-se ao fim de alguns dias, sem deixarem marca