O sarampo é uma doença muito contagiosa que se manifesta através de uma erupção cutânea característica e, embora tenha uma evolução benigna, pode provocar complicações que, por vezes, originam graves sequelas.
Causas e frequência
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O sarampo é provocado por uni vírus específico. pertencente à família Picornavírus. O contágio deste vírus processa-se essencialmente através de gotas de saliva que os pacientes expelem ao espirrar, tossir ou simplesmente ao falar, as quais são inaladas ou alcançam as conjuntivas dos olhos das pessoas que os rodeiam. Embora o contágio, na maioria dos casos, aconteça quando se permanece próximo de um paciente infectado, também se pode produzir a unia certa distância, na medida em que as pequenas gotas de saliva contaminadas podem ser arrastadas através das correntes de ar - os vírus mantém a sua capacidade de infecção até que a dessecação ou o calor a desactivem.Nos países cm que se efectua unia vacinação infantil sistemática, o sarampo é cada vez menos frequente e afecta, sobretudo, crianças entre os 5 e os 9 anos de idade que, por alguma razão, não foram vacinadas. Todavia, nos países em que a vacinação não é aplicada de forma regular, como acontece actualmente em muitas regiões subdesenvolvidas do mundo, a doença continua a ser bastante frequente e afecta principalmente as crianças entre 1 e 5 anos de idade. De qualquer forma, é preciso ter em coma que a doença pode incidir em pessoas de qualquer idade e até pode afectar aquelas que foram vacinadas, embora neste último caso os sinais e sintomas sejam mais ligeiros.O sarampo costuma evidenciar-se sob a forma de episódios epidémicos que ocorrem cada dois ou três anos ou de forma esporádica, sendo particularmente frequentes ao longo da Primavera e Inverno.
Evolução, sinais e sintomas
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O período de incubação do sarampo compreende cerca de dez dias. De facto, a doença tem, na maioria dos casos, uma evolução muito característica que compreende três fases - no total, dura entre sete a dez dias.A primeira fase, que precede a erupção e dura cerca de três a quatro dias, começa por se manifestar através da irritação das conjuntivas dos olhos e uma inflamação generalizada das mucosas nasal, faríngea, laríngea e brônquica. Os olhos apresentam-se inchados, vermelhos e doridos e o paciente evidencia um intenso lacrimejar e uma considerável intolerância à luz. Por outro lado, a inflamação das mucosas respiratórias manifesta-se através de secreções nasais abundantes, espirros, rouquidão e afonia, dificuldade em engolir e tosse seca, a qual, embora não seja acompanhada pela emissão de expectoração, provoca dores ao nível do tórax. Para além disso, dois ou três dias após o início das manifestações dos sinais e sintomas, observa-se um aumento moderado da temperatura do corpo, acompanhado por debilidade muscular, dor de cabeça, mal-estar geral e perda de apetite.A segunda fase, que apenas costuma durar um ou dois dias, caracteriza-se pelo aparecimento de uma erupção muito típica que reveste o céu da boca e a face interna das bochechas. São lesões muito pequenas e esbranquiçadas, denominadas manchas de Koplick, que se localizam preferencialmente junto ao ponto de união dos molares e, em contraste com a mucosa avermelhada, adquirem o aspecto de grãos de areia. Embora ao longo desta fase as outras manifestações persistam durante um determinado período de tempo, a febre costuma descer temporariamente.A terceira fase dura cerca de cinco a sete dias e manifesta-se através do aparecimento de uma erupção cutânea muito típica, um exantema que se evidencia por manchas vermelhas de 2 a 3 mm de diâmetro que embora originem ardor, não são dolorosas. O mais característico desta erupção é o facto de ter um padrão descendente, ou seja, iniciar-se na face e por trás das orelhas e alastrar-se rapidamente ao tronco e aos membros superiores e inferiores, incluindo as palmas das mãos e as plantas dos pés. Normalmente, este processo leva cerca de dois a três dias, ao longo dos quais é possível observar um aumento da febre. Todavia, após a erupção se estender a todo o corpo, começa a desaparecer na mesma ordem em que apareceu e sem deixar marcas ou cicatrizes, enquanto que os restantes sinais e sintomas desaparecem.
Tratamento
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O tratamento baseia-se nos sinais e sintomas e consiste essencialmente no repouso absoluto, dieta de alimentos ligeiros e abundante ingestão de líquidos, enquanto persistem as manifestações. Caso seja necessário, deve-se proceder, ao mesmo tempo, à administração de medicamentos anti-piréticos, colírios para diminuir a intensidade dos problemas oculares e xaropes contra a tosse. Contudo, caso o ardor na pele seja muito intenso, recomenda-se a aplicação de loção de calamina para atenuar o problema.
Informações adicionais
Complicações
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Entre as crianças com má nutrição, pessoas com defesas imunitárias fracas e também nos bebés não vacinados, o sarampo pode originar vários tipos de complicações graves. potencialmente mortais.
Estas complicações são. na maioria dos casos, provocadas pelo facto de o próprio problema reduzir a capacidade defensiva do organismo, o que facilita a invasão de outros órgãos e tecidos por parte dos mesmos vírus ou outros microorganismos.
A complicação mais grave é a encefalite. unia inflamação do encéfalo, provocada pela infecção do vírus do sarampo, que se manifesta através de um aumento da febre e do aparecimento de vómitos e convulsões. Traia-se de uma complicação perigosa, já que pode originar paralisia e provocar lesões neurológicas permanentes como sequela.
Uma outra complicação grave é a pneumonia, que pode ser causada pelo próprio vírus do sarampo ou por vários tipos de bactérias, manifestando-se através do aparecimento de febre, tosse, dor torácica e uma evidente dificuldade em respirar. Por vezes, esta complicação tem uma evolução desfavorável e pode provocar a morte.
Nas pessoas com uma certa predisposição para as complicações, é muito importante controlar atentamente a evolução do problema. pois caso se detecte alguma irregularidade, como por exemplo um aumento da febre após a erupção cutânea ter sido curada, deve-se consultar imediatamente um especialista.
Prevenção
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A principal medida preventiva contra o sarampo é a vacinação. Em vários países, aplica-se sistematicamente em todos os bebés a vacina tripla viral, que proporciona protecção contra o sarampo, rubéola e parotidite. Esta vacina é aplicada numa única dose, por volta de 1 ano de idade, altura em que as defesas que a criança tem provenientes do organismo da mãe começam a deixar de actuar. Embora a vacina costume proporcionar imunidade face ao sarampo ao longo de toda a vida, existem casos em que pessoas previamente vacinadas são afectadas por formas ligeiras da doença.
Apesar de a vacinação praticamente não originar efeitos adversos significativos, por vezes, desencadeia uma febre ligeira que persiste durante um ou dois dias. Para além disso, como é elaborada à base de vírus vivos, embora atenuados, encontra-se contra-indicada nas mulheres grávidas, pessoas imunodeprimidas, bebés com menos de 1 ano de idade e pessoas alérgicas a determinadas substâncias.
Uma outra medida profiláctica importante e muito útil para proteger as pessoas não vacinadas ou imunodeprimidas, em caso de episódios epidémicos ou de proximidade com pacientes portadores de sarampo, consiste na imunização passiva através da administração de gamaglobulina humana específica.