Os protozoários, para além de serem os seres mais primitivos do reino animal, são organismos unicelulares dos quais se conhecem mais de 20 000 espécies, embora apenas cerca de 30 sejam capazes de agir como parasitas do ser humano e provocar doenças.
Estrutura
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Como apenas são constituídos por urna única célula, todos os protozoários são considerados unicelulares. Para além disso, apresentam uma forma longa ou oval, com um tamanho que, de acordo com as espécies, oscila entre os 2 e os 150 mícrones, o que justifica o facto de apenas serem perceptíveis através de microscópio. Todavia, a evolução de alguns protozoários pode proporcionar-lhes formas que alcançam um tamanho de 1 a 2 mm, o que os torna visíveis a olho nu.Ao contrário da célula bacteriana, do tipo procarioto, a célula que constitui um protozoário é do tipo eucarioto, ou seja, semelhante às que compõem os organismos animais superiores, incluindo o ser humano. Em suma, trata-se de uma célula completa, com um núcleo diferenciado, onde se encontra o material genético rodeado por uma membrana nuclear, por vezes com mais de um núcleo. O citoplasma no qual o núcleo se encontra imerso é igualmente constituído pelos organelos presentes nas células dos organismos superiores, incluindo as mitocôndrias responsáveis pela produção de energia, ausentes no citoplasma das bactérias. À volta do citoplasma existe urna membrana citoplasmárica, por sua vez rodeada por uma fina película, que proporciona uma maior protecção face ao meio externo.
Meios de locomoção. A maioria dos protozoários apresenta uma característica especial que é a capacidade para Se deslocarem de maneira autónoma, sobretudo quando se encontram num meio líquido. Alguns conseguem-no através de pseudópodes, formações compridas da superfície celular projectadas para o exterior, muito flexíveis e móveis, que lhes permitem deslocar-se, como se fossem "pés", e englobar partículas pára se alimentarem. Outros são constituídos por flagelos, apêndices longos e ondulados que também lhes proporcionam muita mobilidade. E outros, ainda, dispõem na sua superfície de cílios, apêndices mais curtos e finos do que os anteriores.
Ciclo vital
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Embora varie bastante conforme o caso, o ciclo vital dos protozoários é bastante complexo e compreende várias fases, algumas das quais apenas se podem desenvolver no interior do organismo de outros seres, o que os torna parasitas. Para além disso, caso enfrentem condições adversas, ao longo da sua fase de evolução, podem transformar-se em quistos, formas resistentes que lhes permitem suportar durante um tempo variável a situação desconfortável. Enquanto alguns se reproduzem simplesmente por cissiparidade ou por divisão celular, outros dividem-se em formas femininas e masculinas, de modo a reproduzirem-se sexualmente.Ao longo do estado de amadurecimento, ou seja, quando se podem desenvolver e reproduzir, os microorganismos são denominados trofozoítos, embora por vezes tenham denominações mais específicas. Dado que todos os protozoários passam por esta etapa, podem ocorrer duas coisas: reproduzirem-se ou transformarem-se em quistos.Caso as características físicoquímicas sejam desfavoráveis à reprodução, convertem-se em quistos, revestindo-se de uma membrana resistente que os isola do exterior, no interior da qual pode existir apenas um ou vários trofozoítos que permanecem em espera. A partir do momento em que as condições ambientais se tornam favoráveis, o septo abre-se e deixa sair os protozoários, que reiniciam o ciclo vital.Quando os protozoários se reproduzem por mecanismos assexuados, independentemente de ser por cissiparidade ou simplesmente por divisão celular, originam formas imaturas denominadas merozoítos ou esquizontes. Antes de prosseguirem o seu ciclo vital, os merozoítos tanto podem amadurecer, de modo a transformarem-se em trofozoítos, como tornarem-se quistos temporários.Quando os protozoários se reproduzem sexualmente, primeiro diferenciam-se em gâmetas masculinos e femininos. A união de ambos os tipos de gâmetas origina um ovo ou zigoto, que se transforma em quisto, revestindo-se com uma cápsula protectora, cujo conteúdo se multiplica no seu interior, originando várias células. A abertura do quisto revela as formas imaturas, denominadas esporozoítos, que o mesmo contém, as quais maturam para se transformar em trofozoítos que, por sua vez, reiniciam o ciclo vital, ao longo do qual a evolução do parasita pode provocar uma doença humana.
Informações adicionais
Mecanismos de contágio
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Os protozoários encontram-se amplamente distribuídos na natureza, embora estejam concentrados de forma específica nos meios aquáticos, no húmus e nos solos húmidos. Muitas das milhares de espécies conhecidas adaptaram-se à vida parasitária e habitam de tal forma no interior de plantas ou de animais que cerca de trinta espécies são parasitas do ser humano. Alguns dos protozoários parasitas humanos encontram-se difundidos por todo o mundo, enquanto que outros apenas se encontram nas regiões amenas e tropicais do planeta, onde são responsáveis por doenças que afectam milhões de pessoas.
O contágio de alguns protozoários produz-se por via oral, através da ingestão de água ou alimentos contaminados com os microorganismos em alguma das diferentes fases do seu ciclo vital. Contudo, o desenvolvimento de parte do ciclo vital de alguns protozoários necessita que estes permaneçam um certo tempo no interior do organismo de determinados insectos, que se transformam em vectores, para poderem contagiar o ser humano através das suas picadas: um mosquito, em caso de paludismo, um percevejo na doença de Chagas ou uma mosca na doença do sono.
São raros os protozoários cujo contágio se efectua através do contacto directo com uma pessoa parasitada, como é o caso da Trichomonas vaginalis, transmissíveis através de relações sexuais, ou eventualmente o da toxoplasmose, pois quando o agente responsável por esta patologia entra no organismo de urna mulher grávida pode atravessar a placenta e chegar até ao feto.