São pequenas cavidades cheias de líquido que se formam no interior do pâncreas como consequência de diversas patologias.
Quistos simples
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São cavidades cheias de líquido, revestidas por um tecido epitelial próprio e muitas vezes rodeadas por uma cápsula de tecido fibroso. Podem surgir um ou vários quistos no nascimento (congénitos) ou, então, desenvolver-se num dado momento da vida (adquiridos). Por vezes, o quisto corresponde a uma única cavidade (unilocular) e noutros casos tem múltiplos compartimentos (multilocular). Os quistos simples, se forem reduzidos, costumam ser assintomáticos. Mas, quando têm uma maior dimensão, manifestam-se através de uma dor contínua ou intermitente no abdómen, por vezes causando incómodos por pressão nos órgãos mais próximos.
Pseudoquistos do pâncreas
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Aparecem como complicações de casos de pancreatite aguda e de traumatismos abdominais relevantes, podendo formar-se no pâncreas cavidades resultantes da agressão do suco pancreático sobre o próprio tecido do órgão. Ao contrário dos verdadeiros quistos, estas cavidades não apresentam um revestimento epitelial próprio - são apenas cavidades derivadas da autodigestão do tecido pancreático.Os pseudoquistos podem ser únicos ou múltiplos e de tamanho pequeno ou relevante, podendo alcançar os 20 cm de diâmetro. As manifestações dependem da sua quantidade e dimensões, pois quando são numerosos ou grandes podem dar lugar a dores abdominais e problemas digestivos. Além disso, podem infectar e originar abcessos (acumulações de pus), com febre elevada, mal-estar geral e risco de extensão do processo.O tratamento corresponde à ex-tracção cirúrgica das lesões, associada a uma terapia antibiótica, caso se desenvolvam infecções.
Fibrose cística do pâncreas
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A fibrose cística é uma grave doença de origem genética (hereditária), caracterizada por uma excessiva viscosidade das secreções produzidas pelo pâncreas e por todas as glândulas exócrinas, como o fígado, as glândulas sudoríparas ou as que se encontram na ramificação brônquica. A excessiva viscosidade das secreções provoca a obstrução dos canais excretores e, consequentemente, a formação de numerosas cavidades císticas no pâncreas, distúrbio esse que lhe dá o nome, mas que não é o único ou o mais relevante das suas repercussões.Manifestações. A doença costuma manifestar-se imediatamente, nos primeiros meses de vida, com sintomas digestivos derivados da patologia do pâncreas, bem como sintomas respiratórios. Por vezes, ocorre uma obstrução intestinal no recém-nascido devido à grande densidade das secreções digestivas (íleo meconial), com distensão abdominal, vómitos e ausência de defecações, um quadro muito grave que requer uma actuação médica urgente para evitar sérias complicações, como uma perfuração intestinal.Noutros casos, os sintomas digestivos são mais progressivos e vão aparecendo ao longo da infância, à medida que a função do pâncreas se vai deteriorando. Das manifestações mais comuns destacam-se as diareias, com frequentes defecações de fezes volumosas, brilhantes e claras que contêm restos de alimentos mal digeridos. Sem o tratamento oportuno, surge um quadro de desnutrição que provoca um atraso no crescimento e múltiplos problemas colaterais que provocam uma variada sintomatologia.O fígado também sofre lesões como consequência da exagerada viscosidade da bílis, com elevado risco de formação de cálculos nas vias biliares e o progressivo desenvolvimento de uma cirrose hepática, presente em 30-40% dos casos logo na adolescência.Os sintomas pulmonares derivam da obstrução da ramificação brônquica por mucosidades espessas, causa de acessos de tosse, dificuldade em respirar e sensação de falta de ar. Como complicações, desenvolvem-se casos de bronquite aguda, bronquite crónica gradual e dilatações dos brônquios (bronquiectasia) com acumulação de secreções no seu interior, um excelente caldo de cultivo para a multiplicação de microorganismos que originam repetidas infecções pulmonares (bronquite aguda, pneumonia).Na realidade, a afecção repercute-se no funcionamento de todo o organismo, com numerosos problemas e complicações que costumam provocar uma morte prematura, muitas vezes na infância ou na adolescência.Tratamento. É necessário um conjunto de medidas destinadas essencialmente a dissimular a insuficiente produção de suco pancreático (administração de preparados com enzimas pancreáticas, suplementos vitamínicos, etc.), a melhorar a função respiratória (administração de fármacos para a fluidez das secreções brônquicas, fisioterapia) e a prevenção ou tratamento das complicações (por exemplo, antibióticos contra as infecções).Até ao momento não existe um tratamento da doença restabelecedor, mas uma atenção regular e individualizada, que muitas vezes exige o internamento hospitalar temporário durante épocas de agudização, permite que a pessoa afectada tenha uma qualidade de vida satisfatória, enquanto as complicações fatais não se desenvolvem.
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O médico responde
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O meu marido tem um irmão que sofre de fibrose cística do pâncreas. Quais as probabilidades de virmos a ter um filho com essa doença?
A fibrose cística deve-se à existência de um gene defeituoso, localizado no cromossoma 7 cuja anomalia impede as glândulas exócrinas de produzirem secreções normais. Mas para ter a doença em questão, a criança tem que herdar o gene defeituoso de ambos os progenitores, porque se apenas o receber do pai ou da mãe não sofrerá da patologia, embora seja portador do gene responsável e possa vir a transmiti-lo aos seus descendentes. A doença apresenta-se numa em cada mil e quinhentas a duas mil pessoas de raça branca, sendo menos frequente na raça negra (um afectado por cada sete mil a nove mil pessoas). E calcula-se que uma em cada vinte a vinte e cinco pessoas de raça branca seja portadora do gene defeituoso, pelo que a probabilidade de que ambos os integrantes de um casal sejam portadores é de 1/500. Neste caso, cada filho do casal tem 25% de possibilidades de herdar o gene anómalo de ambos os progenitores e sofrer da doença. É claro que são apenas probabilidades, porque o mecanismo de transmissão hereditária é complexo. Se têm antecedentes familiares da doença, o melhor é solicitar conselho genético a um especialista, que avaliará os riscos de cada caso, propondo análises para comprovar se o casal é portador do defeito genético e, inclusive, sugerindo a prática de determinados testes diagnósticos nos primeiros meses de gravidez para saber se o feto está afectado ou livre da doença.