Surdez

A surdez corresponde a uma diminuição do sentido da audição: pode-se tratar de uma incapacidade total para ouvir ou de uma perda parcial, também denominada hipoacusia.

Generalidades

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O ouvido humano pode captar ondas sonoras que apresentem determinadas características relativamente à frequência e à intensidade. No que se refere à frequência, o ser humano pode captar unicamente sons compreendidos entre 16 e 20 mil hertz (vibrações por segundo), com uma particular sensibilidade aos sons emitidos pela voz humana, principalmente entre mil e 4 mil hertz. Relativamente à intensidade, que depende da amplitude das ondas sonoras, é preciso que os sons alcancem um certo patamar, de cerca de 10 decibéis, abaixo do qual são inaudíveis. Fala-se de hipoacusia quando existe uma diminuição na capacidade de ouvir sons compreendidos dentro do nível normal da audição humana e de surdez total perante uma perda total da percepção de sons.

Deve-se ter em conta que o processo da audição implica duas fases distintas, susceptíveis de alteração: a transmissão e a percepção dos sons.

A transmissão ou condução dos sons corresponde ao percurso das ondas sonoras desde o exterior até ao ouvido interno, onde se encontram as células sensoriais da audição. Esta transmissão produz-se, sobretudo, por via aérea, através do canal auditivo externo, das vibrações do tímpano e da cadeia de ossículos do ouvido médio; em parte, também ocorre através dos ossos da cabeça, uma vez que as vibrações aplicadas sobre o crânio podem chegar ao ouvido interno e ser interpretadas pelo cérebro como provenientes do exterior.

A percepção dos sons inicia-se no ouvido interno, nas células sensoriais do órgão de Corti, as quais traduzem os estímulos sonoros mecânicos por impulsos eléctricos que transmitem ao nervo coclear. Este nervo, que se prolonga no estato-acústico, leva os estímulos ao encéfalo para serem elaborados na área auditiva do córtex cerebral, no lobo temporal, onde se tornam conscientes.

Surdez de transmissão

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Em várias ocasiões, o défice auditivo deve-se a um problema na transmissão das ondas sonoras a partir do exterior para o ouvido interno - o órgão da audição está em perfeitas condições, mas os estímulos sonoros não podem chegar à cóclea. Nestes casos, o problema situa-se no ouvido externo ou no ouvido médio, enquanto que o ouvido interno está intacto.

As causas de uma surdez de transmissão são muito variadas, de natureza diferente e de gravidade diversa: uma obstrução do canal auditivo externo por um tampão de cerúmen ou um corpo estranho ou uma alteração do tímpano (por exemplo, uma perfuração), uma otite média, uma obstrução da trompa de Eustáquio ou uma anquilose na cadeia de ossículos do ouvido médio, como acontece na otosclerose.

Geralmente, as pessoas com uma surdez de transmissão têm dificuldade em ouvir sons de uma determinada intensidade, mas podem captá-los a um volume maior. É característico que a audição pareça melhorar em ambientes ruidosos: o ruído de fundo não incomoda o indivíduo afectado, que não ouve bem, enquanto que obriga o interlocutor a elevar o volume da sua voz. Para solucionar este tipo de surdez, além de se efectuar, sempre que possível, o tratamento adequado da doença de base, é muito útil a utilização de um aparelho auditivo: estes aparelhos limitam-se a recolher e ampliar os sons provenientes do exterior, direccionando-os com um volume maior para o ouvido interno, de modo a que cheguem a alcançar o patamar de percepção sonora.

Surdez de percepção

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Também denominada surdez neuro-sensorial, a causa da diminuição ou perda de audição deve-se, neste caso, a uma lesão na cóclea, onde se encontram as células sensoriais, nas vias auditivas, principalmente no nervo estato-acústico (em raras ocasiões, na área auditiva do cérebro).

A sua origem também pode ser muito variada, quer congénita quer adquirida. A surdez congénita costuma dever-se a um defeito no desenvolvimento embrionário do ouvido interno, seja por causas genéticas ou, o que é mais frequente, por intoxicações ou doenças sofridas pela mãe durante a gravidez, como a rubéola. A surdez adquirida pode ter origens muito diversas: a inflamação do ouvido interno (labirintite), normalmente de natureza infecciosa, perturbações vasculares (arteriosclerose), exposição prolongada a ruídos intensos (surdez profissional), a doença de Ménière, o efeito nocivo de medicamentos e tóxicos (antibióticos, quinina, monóxido de carbono), traumatismos e tumores, como o neurinoma do nervo estato-acústico.

As pessoas com surdez de percepção têm uma dificuldade de audição que não melhora ao elevar o volume dos sons - de nada vale gritar ou pôr a televisão mais alta, porque a falha radica na cóclea ou nas vias auditivas. Por este motivo, nestes casos, os aparelhos auditivos não são eficazes. Pelo contrário, para solucionar a surdez de percepção, pode-se recorrer a um implante da cóclea, técnica moderna que consiste na aplicação de eléctrodos no ouvido interno que recebem os sinais ampliados provenientes do exterior.

Informações adicionais

O problema da surdez profunda

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Denomina-se surdez profunda a associação de surdez e impossibilidade de falar. No entanto, convém destacar que não se trata de uma alteração específica - é a consequência de uma surdez profunda congénita ou surgida pouco depois do nascimento, numa criança que não chegou a aprender a falar. A razão é bem simples: devido à sua deficiência auditiva, a criança não recebe estímulos necessários para a aquisição da linguagem, mas sem que exista qualquer alteração no seu aparelho fonador. Se nada for feito para remediar a situação, uma vez que não tem acesso à linguagem, é natural que isso se repercuta numa afectação global do desenvolvimento intelectual, razão pela qual muitas crianças surdas-mudas tenham sido erradamente consideradas deficientes. Se a surdez for detectada precocemente e se forem activados os meios para a solucionar, por exemplo, através de aparelhos auditivos, a criança poderá ter estímulos sonoros suficientes para aprender a falar. Mesmo quando a surdez não pode ser solucionada, uma educação especializada, iniciada o quanto antes, permitirá à criança a aprendizagem da linguagem, adquirindo algum domínio da fala, dependendo das suas capacidades, ou ainda por outras formas de comunicação, com um adequado desenvolvimento intelectual.

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