Malformações do ouvido

O ouvido pode apresentar muitas malformações congénitas das estruturas internas ou externas, principalmente no pavilhão auricular. Se tiverem repercussões ao nível estético, estes defeitos podem ser corrigidos através da cirurgia plástica.

Causas

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As malformações do ouvido são uma consequência dos defeitos do desenvolvimento do órgão produzidos antes do nascimento. No entanto, por vezes, como acontece com as deformações das orelhas, podem ocorrer mais alterações com o decorrer dos anos. Numa elevada percentagem dos casos são fruto de alterações genéticas, muitas vezes hereditárias - não é raro que a mesma malformação se apresente em vários membros da mesma família. Nos restantes casos, a origem costuma corresponder a doenças ou intoxicações sofridas pela mãe durante a gravidez, como acontece em particular quando se trata de defeitos no desenvolvimento do ouvido interno.

Tipos

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As mais comuns são as malfor- mações menores, que consistem em pequenos defeitos, sobretudo no tamanho e na forma do pavilhão auricular.

A orelha tem uma estrutura complexa, com um esqueleto de cartilagem elástico e mole, revestido por uma fina camada de pele. Desenvolve-se na etapa embrionária e tem já uma forma definida à nascença, embora sofra seguidamente alterações normais. No entanto, as principais alterações ocorrem apenas até aos 3 anos de idade, uma vez que a orelha se limita apenas a aumentar de tamanho, e a partir dos 10 anos de ida- de produzem-se alterações mínimas, crescendo unicamente em comprimento. A cartilagem da orelha pode desenvolver-se de forma anómala já na fase embrionária e, consequentemente, a orelha pode sobressair demasiado da cabeça, com um ângulo aberto para a frente - as conhecidas "orelhas de abano". Claro que o pavilhão auricular pode apresentar outras malformações, sendo a mais habitual, sem dúvida, a sua ausência, malformação conhecida por anotia - contudo, trata-se de um problema muito pouco frequente. Muito mais comuns são os defeitos ligeiros, como pode ser um lóbulo muito mais pequeno ou muito mais comprido do que o habitual, sem qualquer repercussão ao nível da audição e esteticamente com repercussões mínimas.

As grandes malformações do ouvido são raras e, muitas vezes, apresentam-se apenas num lado, numa elevada percentagem dos casos associadas a outros defeitos da cara como, por exemplo, uma mandíbula pequena ou uma notória assimetria facial. Por vezes, estes defeitos implicam um problema de audição, como acontece quando o pavilhão auricular se reduz a um pequeno coto associado a um canal auditivo externo demasiado estreito ou mesmo fechado. Também têm repercussões ao nível auditivo as malformações que afectam a cadeia de ossículos do ouvido médio, cuja alteração dificulta ou impede a transmissão dos estímulos sonoros ao ouvido interno. São também responsáveis por surdez, e eventualmente problemas de equilíbrio, as malformações relativas ao ouvido interno, como a ausência do caracol ou de algum canal semicircular, principalmente quando o defeito é bilateral.

Planeamento da actuação terapêutica

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A necessidade de uma actuação terapêutica depende do tipo de malformação em causa. Quando o problema tem repercussões negativas na audição, sem dúvida que é necessário adoptar todas as medidas adequadas, dentro do possível, para melhorar a capacidade auditiva. Neste sentido, quando se trata de alterações da cadeia de ossículos do ouvido médio, pode-se recorrer a uma intervenção cirúrgica de reconstrução, embora seja habitual aguardar-se até que a criança tenha 6 ou 7 anos de idade. Contudo, as crianças que apresentam malformações que comprometem a capacidade auditiva, independentemente de serem casos sem solução ou susceptíveis de posterior tratamento, podem utilizar aparelhos auditivos desde muito cedo, a partir do primeiro ano de vida, com o objectivo de preservar o desenvolvimento da audição.

Mais problemático é o planeamento terapêutico das malformações correspondentes a defeitos do pavilhão auricular, que apenas têm repercussões estéticas. Há casos em que o defeito é muito perceptível e causa preocupação aos pais, que temem eventuais repercussões psicológicas na criança. Nestes casos, pode-se optar pelo recurso à cirurgia plástica, que deve ser adiada, no mínimo, até cerca dos 5 ou 6 anos de idade. Outras vezes, são defeitos não muito evidentes, mas com repercussões ao nível estético que o próprio indivíduo afectado considera negativas e fonte de complexos. Nestes casos, é o interessado que, ao chegar à adolescência ou mesmo a adulto, solicita uma intervenção de cirurgia plástica - o especialista limitar-se-á a recorrer aos seus conhecimentos científicos e recursos técnicos apropriados para satisfazer os pedidos do paciente.

Informações adicionais

O médico responde

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A minha filha adolescente está muito preocupada porque tem as orelhas um pouco proeminentes e diz que se quer submeter a uma cirurgia plástica. Creio que seja um exagero e, além disso, desconfio dos resultados da operação...

Julgar os sentimentos que cada um tem do seu próprio corpo é muito complexo, sobretudo quando se trata de adolescentes. As preocupações que surgem no campo estético podem ser muito subtis e difíceis de entender, se não nos colocarmos no lugar da outra pessoa. Por vezes, um defeito pouco perceptível, que para os outros é irrelevante, para o próprio constitui uma fonte de ansiedade ou de insegurança que gera problemas de relacionamento e de integração, repercutindo-se em todos os âmbitos da vida. Assim, pouco se pode opinar sobre este tema, a menos que quem o faça seja um especialista que tenha aprofundado o problema. Relativamente aos resultados, a eficácia de uma intervenção de cirurgia estética é sempre julgada em função das expectativas que nela foram postas. Os pacientes, na sua maioria, ficam satisfeitos com a operação, embora possa ser difícil obter um resultado perfeito quando as orelhas são muito proeminentes.

Cirurgia plástica

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A cirurgia plástica permite corrigir malformações das orelhas muito diversas, se bem que a mais comum seja a correcção

as orelhas proeminentes ou "de abano". Esta intervenção costuma ser realizada aos 5 ou 6 anos de idade, altura em que as modificações do pavilhão auricular são mínimas, não existindo de qualquer forma qualquer inconveniente em adiá-la. Nas crianças pequenas, pratica-se sob anestesia geral, exigindo por isso internamento hospitalar, enquanto que quando é levada a cabo na adolescência, é possível efectuá-la sob anestesia local e em regime ambulatório.

As técnicas utilizadas dependem das características de cada caso e, como é lógico, também da escolha do cirurgião, embora o procedimento, em linhas gerais, esteja bastante estandardizado. Em primeiro lugar, o cirurgião pratica uma incisão na pele da parte posterior da orelha e, com instrumentos especiais, actua na cartilagem, raspando-a, de modo a poder dobrá-la para trás, ficando a uma distância do crânio de não mais do que 2 cm, e aplica alguns pontos de sutura para a manter nessa posição. Finalmente, extrai a pele em excesso e sutura a incisão. Os pontos, cuja quantidade depende das características de cada caso, retiram-se ao fim de uma semana, embora seja habitual colocar pontos reabsorvíveis no caso de crianças pequenas. Depois da operação, costuma persistir uma sensação de tensão nas orelhas, devido ao edema da zona operada, e pode-se sentir também, por vezes, formigueiros e picadas. Mas são incómodos ligeiros que acabam por desaparecer ao fim de três ou quatro dias.

Para saber mais consulte o seu Cirurgião Plástico ou o seu Otorrinolaringologista
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