Otite média

A inflamação do ouvido médio, muito frequente especialmente nas crianças, costuma ser provocada por uma infecção e manifesta-se, em geral, através de dores, saída de secreções e diminuição da capacidade auditiva do ouvido afectado.

Tipos e causas

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Tendo em conta a sua causa e forma de evolução, distinguem-se quatro tipos de otite média.

Na otite média aguda, o tipo mais frequente, o problema deve-se a uma infecção que persiste durante alguns dias ou um par de semanas, embora possa prolongar-se e até provocar complicações mais prolongadas na ausência de tratamento. Os microorganismos costumam chegar ao ouvido médio através da trompa de Eustáquio, provenientes de algum processo infeccioso localizado nas vias respiratórias altas, por exemplo, na mucosa nasal ou na faringe. Geralmente, trata-se de diversos tipos de bactérias, mas em muitos casos são infecções virais. Esta forma de otite média é particularmente frequente nas crianças.

A otite média crónica benigna deve-se a uma infecção persistente e costuma ser uma complicação da existência de uma perfuração no tímpano, a fina membrana que separa o ouvido externo do ouvido médio, produzida como consequência de uma otite média aguda. De facto, a otite média aguda pode provocar uma perfuração na zona central do tímpano que, na maioria dos casos, cicatriza espontaneamente ao fim de algum tempo, mas também pode ficar como sequela durante muitos anos, permitindo a entrada de microorganismos no ouvido médio a partir do canal auditivo externo.

Na otite serosa, que costuma evoluir de forma aguda e manifesta-se por uma súbita sensação de peso ou pressão no ouvido, a causa da inflamação não é uma infecção, mas uma falha funcional ou uma obstrução da trompa de Eustáquio, o canal que drena as secreções e regula e pressão interna do ouvido médio. Nestes casos, a pressão interna do ouvido médio torna-se excessivamente negativa e isso implica uma tracção do tímpano que, se for muito intensa, provoca a sua perfuração. As causas mais frequentes de falha funcional ou obstrução das trompas de Eustáquio, e por isso de otite serosa, são as constipações repetidas, as vegetações adenóides e as alterações bruscas da pressão externa, muito habituais na prática de actividades submarinas e nos desportos de altitude.

Na otite crónica colesteatomatosa, a inflamação do ouvido médio deve-se à proliferação de uma massa de células procedentes da epiderme do canal auditivo externo, denominada colesteatoma. A causa mais frequente deste processo é a existência de uma perfuração do tímpano provocada por uma otite serosa, que não se resolve espontaneamente, nem se trata rapidamente. Nestes casos, a perfuração do tímpano alcança as zonas mais periféricas da membrana, o que favorece a entrada de microorganismos a partir do canal auditivo externo e provoca, por razões desconhecidas, a invasão da mucosa do ouvido médio por parte de células que formam o colesteatoma. A otite crónica colesteatomatosa é a forma mais grave de aparecimento do problema, já que esta massa celular, devido à sua evolução natural, tende a crescer indefinidamente e acaba por alterar a anatomia e a função do ouvido médio. De facto, a otite crónica colesteatomatosa é uma das causas mais habituais da diminuição permanente da capacidade auditiva.

Manifestações e tratamento

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Os sinais e sintomas variam consoante o tipo de otite, mas os mais constantes são uma sensação de peso ou pressão, dor, secreções e diminuição da capacidade auditiva do ouvido afectado.

A otite média aguda costuma apresentar-se de forma súbita, com dor intensa, acompanhada de diminuição da audição e febre, verificando-se uma subida da temperatura corporal que, normalmente, ultrapassa os 38°C. Além disso, nas crianças mais pequenas, costuma originar um intenso mal-estar geral e, por vezes, vómitos e diarreia. Se não for tratado oportunamente nesta fase inicial, a inflamação e a dor continuam a aumentar até que a acumulação de pus no ouvido médio provoca a perfuração do tímpano; então, a dor desaparece ou torna-se menos intensa e começa a drenar do ouvido uma secreção abundante, sanguinolenta e de aspecto seroso, que depois se torna mucosa e purulenta. Regra geral, ao fim de alguns dias, os sinais e sintomas param e a perfuração timpânica cicatriza completamente depois de algumas semanas ou meses.

O tratamento oportuno consiste basicamente na administração de antibióticos e analgésicos. Contudo, por vezes, se a dor for muito intensa, o médico pode optar por efectuar uma incisão no tímpano para facilitar a drenagem do pus acumulado no ouvido médio.

A otite serosa também costuma apresentar-se de forma súbita; nestes casos, predomina a sensação de peso e a diminuição da capacidade auditiva. Geralmente, evolui de forma favorável e termina ao fim de pouco tempo, depois de solucionado o factor causal, mas se não for tratada oportunamente pode persistir e favorecer o aparecimento de otites médias agudas, de uma otite média crónica benigna ou, até mesmo, de uma otite crónica colesteatomatosa. O tratamento baseia-se na administração de anti-inflamatórios, além de antibióticos, se existir um componente infeccioso. Também se deve proceder à correcção do problema subjacente, por exemplo, de vegetações adenóides. Por vezes, o médico pode recorrer a algum procedimento para tentar desobstruir uma trompa de Eustáquio, através da insuflação de ar com uma sonda introduzida pelo nariz, ou pode optar por aplicar uma drenagem permanente através de uma pequena incisão no tímpano para facilitar a evacuação de secreções e manter o ouvido médio bem ventilado.

Na otite crónica benigna, os sinais e sintomas estabelecem-se muito lentamente: predominam a diminuição da audição e a saída de secreções do ouvido afectado, que nestes casos costumam ser mucopurulentas, abundantes e fétidas. O tratamento baseia-se numa adequada higiene das secreções e na administração de antibióticos, que geralmente se aplicam localmente. Por outro lado, em muitas ocasiões, recorre-se a uma simples intervenção cirúrgica para fechar a perfuração timpânica que favorece a entrada de microorganismos no ouvido médio.

Na otite colesteatomatosa, o sinal inicial mais importante corresponde à saída de uma secreção escassa e de odor muito intenso do ouvido afectado. Se não for tratada nas suas fases iniciais, é muito habitual que se produzam repetidos episódios de otite média aguda e que, à medida que se destroem os tecidos do ouvido médio, se instale uma surdez progressiva e irreversível do ouvido afectado. O tratamento é cirúrgico e consiste na extracção do colesteatoma. Além disso, pode ser necessário proceder a uma reconstrução cirúrgica dos ossículos ou outras estruturas danificadas do ouvido médio.

Informações adicionais

O médico responde

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O meu filho de 6 meses não pára de chorar, tem vómitos e diarreia. Mas o pediatra disse-me para não me preocupar, pois trata-se apenas de uma otite média aguda...

Por vezes, uma otite média aguda, tão frequente nos lactentes, causa grande inquietação aos pais porque as suas manifestações podem confundir-se com as de muitas doenças típicas das crianças. Há que ter em conta que os bebés não podem expressar com clareza o que lhes dói, de maneira que, independentemente da inflamação do ouvi do, chamam mais a atenção o choro, a dificuldade em dormir, a febre, a falta de apetite, os vómitos e a diarreia. Felizmente, na maior parte dos casos, o especialista pode identificar o problema através de uma simples observação dos ouvidos, o que é suficiente para solucionar as inquietações dos pais.

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