Otite externa

É o nome dado à inflamação do canal auditivo externo, que costuma ser consequência de uma infecção e, em geral, manifesta-se através de dor e supuração no ouvido infectado.

Causas

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Embora as causas de uma possível inflamação sejam diversas, a otite externa é quase sempre provocada por uma infecção causada por microorganismos provenientes do exterior. Os microorganismos que provocam o processo infeccioso são, na maioria dos casos, bactérias como a Pseudomonas aeruginosa e o Staphylococcus aureus, mas também se pode tratar de fungos, normalmente a Candida albicans.

Em geral, a patologia surge quando, por algum motivo, falham os mecanismos defensivos locais. Em condições normais, a pele do canal auditivo externo mantém-se íntegra e dispõe de uma determinada quantidade de cerúmen que a protege. No entanto, várias circunstâncias podem alterar estas barreiras defensivas e favorecer, assim, uma infecção do canal auditivo externo, como é o caso das pequenas lesões que resultam de se tentar coçar ou retirar o cerúmen ou a utilização de cosméticos com substâncias demasiado irritantes. Também é prejudicial a exposição excessiva à humidade, sobretudo a penetração de água; de facto, este problema é bastante comum em pessoas que tomam frequentemente banho em piscinas ou na praia, pelo que se fala muitas vezes em "otite do nadador": a maceração da pele do canal auditivo externo provocada pelo contacto prolongado com a água cria condições favoráveis a uma infecção.

Noutros casos, a inflamação do canal auditivo externo faz parte das manifestações de uma dermatite atópica ou de uma dermatite seborreica. Nestes casos, a actuação terapêutica deverá considerar-se como parte da terapêutica do problema de base.

Tipos

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Distinguem-se basicamente duas formas de otite externa dependendo da sua extensão. Pode-se tratar de uma otite externa circunscrita, muito localizada, que corresponde, na realidade, à infecção de um folículo piloso da pele do canal auditivo externo, onde se acumula pus e se forma um abcesso; por outras palavras, corresponde a um furúnculo localizado no ouvido.

Também se pode tratar de uma otite externa difusa, que é a forma mais comum e corresponde à inflamação de uma ampla zona do canal auditivo externo, por vezes até ao pavilhão auricular.

Manifestações

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Os sinais e sintomas mais habituais são prurido, dor, por vezes intensa, e supuração do ouvido infectado.

O mais habitual é que a infecção afecte um ou ambos os canais auditivos externos de forma difusa. Neste caso, a primeira manifestação é uma sensação de irritação que depressa se transforma num prurido incómodo, acompanhado de dor, que é quase constante e, por vezes, aumenta mediante qualquer movimento do pavilhão auricular. Paralelamente, surge uma supuração, que costuma ser ligeira, líquida e pouco densa, fétida e de tonalidade esverdeada. Por outro lado, ao observar à vista desarmada o ouvido afectado, pode-se verificar que o canal auditivo se encontra inflamado e avermelhado. Se a inflamação for muito intensa e o pus bloquear o canal auditivo externo, pode ocorrer uma diminuição passageira da capacidade auditiva, mas isto acontece em casos raros, mantendo-se geralmente uma audição normal.

Com menor frequência, a infecção concentra-se numa área circunscrita de um canal auditivo externo, formando um abcesso ou furúnculo, cujos sinais e sintomas são semelhantes aos provocados por esta patologia em qualquer outra localização. Neste caso, a dor aumenta progressivamente ao mesmo tempo que o abcesso evolui e se torna cada vez mais intenso até que se abre, deixando sair uma pequena quantidade de secreção sanguinolenta e purulenta.

Diagnóstico e tratamento

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O médico não tem grandes dificuldades em diagnosticar a otite externa - basta observar o canal auditivo externo com a ajuda de um otoscópio, pequeno aparelho dotado de um sistema de iluminação a pilhas e num dos lados de um funil (espéculo) com uma lupa que se in-troduz no ouvido. Por vezes, retira uma amostra de secreções para enviar para o laboratório, de modo a identificar qual o microorganismo responsável pela infecção e determinar o antibiótico mais eficaz para o combater.

O tratamento da otite externa difusa costuma ser simples. Em primeiro lugar, o médico aspira todas as secreções presentes no interior do canal auditivo externo, para o limpar e deixar seco, o que só por si alivia algumas dores. Quando a dor é intensa, além de receitar analgésicos, o médico pode recomendar a aplicação de calor local, por exemplo, com um saco de água quente ou uma almofada eléctrica. Por outro lado, para combater os microorganismos e diminuir a inflamação, é indicada a aplicação local de antibióticos e anti-inflamatórios através de gotas no canal auditivo externo afectado. Por vezes, se a infecção for grave, pode ser conveniente administrar antibióticos por via oral. Até que a otite esteja curada, é de máxima importância manter o ouvido seco, evitando que o canal auditivo seja molhado.

Quando o problema corresponde a uma otite externa circunscrita, o tratamento é semelhante ao de qualquer furúnculo, incluindo a drenagem cirúrgica do abcesso, se as dores forem muito intensas e demorar a abrir espontaneamente.

Informações adicionais

Prevenção

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A melhor maneira de prevenir esta patologia é colocar em prática uma série de medidas destinadas a manter a integridade das barreiras protectoras naturais do canal auditivo externo. Estas medidas são especialmente recomendadas a pessoas que sofram de otite externa com alguma frequência.

• Não utilizar sabonetes irritantes na limpeza do ouvido.

• Secar os ouvidos cuidadosamente depois do banho.

• Não tentar extrair a cera dos ouvidos, excepto por indicação de um especialista.

• Não introduzir objectos pontiagudos no ouvido, como palitos, com a intenção de limpar o canal auditivo externo.

• Evitar coçar a parte interna do ouvido para aliviar uma comichão ou para extrair cera.

Tampões de ouvidos

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Muitas pessoas, com a intenção

de prevenir uma otite externa, optam por utilizar tampões para os ouvidos quando tomam banho na piscina ou na praia. Pensam que desta forma impedirão a entrada de água no canal auditivo externo e que, assim, o manterão protegido. No entanto, o uso de tampões para os ouvidos é um tema controverso - - muitos especialistas são da opinião de que é contraproducente. A verdade é que, embora exista uma grande variedade de tampões, de diferentes materiais e formas, a maioria dificilmente impede por completo a entrada de água nos ouvidos e, o que é pior, a sua utilização comporta um efeito contrário ao pretendido: mantém a pele do canal auditivo externo húmida e favorece a sua maceração, criando um terreno propício para o desenvolvimento de micróbios. Caso haja antecedentes de otite externa pode utilizar-se, a título profiláctico, um algodão embebido em glicerina ou outra substância impermeabilizadora. Ao colocar esse algodão (sem introduzi-lo demasiado) pode evitar-se a entrada de água no ouvido externo, prevenindo-se a recorrência deste tipo de infecções. Nunca devem ser utilizadas gotas ou quaisquer outras substâncias não prescritas pelo médico.

Para saber mais consulte o seu Otorrinolaringologista
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