Os mecanismos da visão são complexos e apenas parcialmente conhecidos, já que é através dos mesmos que os olhos detectam os estímulos luminosos e os transformam em impulsos nervosos, por sua vez transmitidos pelas vias visuais para o cérebro, onde as imagens são elaboradas.
Refracção ocular e mecanismo de acomodação
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Os raios luminosos provenientes dos objectos situados no campo visual penetram no interior do olho através da córnea, passam pela pupila e atravessam o cristalino, que os projecta sobre a superfície da retina. É nesta membrana sensível que os raios luminosos são transformados em impulsos nervosos, de modo a chegarem, através das vias visuais, ao cérebro, local onde a informação é descodificada e onde as imagens visualizadas são elaboradas.Sucintamente, pode-se afirmar que o olho funciona como uma câmara fotográfica, um aparelho cujos componentes podem ser comparados aos do globo ocular. Segundo esta perspectiva, a esclerótica corresponde ao bastidor da máquina fotográfica, a íris actua como diafragma ao alterar o diâmetro da pupila, de modo a regular a entrada de luz, enquanto que o cristalino desempenha o papel da lente e projecta os raios luminosos sobre a retina, sensível aos estímulos como uma película fotográfica. Visto que os raios luminosos provenientes dos diversos ângulos seguem a sua direcção, acabam por se cruzar entre si, de modo a formarem uma imagem invertida sobre a retina, posteriormente interpretada na sua posição original pelo cérebro.O sistema óptico do olho é composto por vários elementos que permitem a refracção dos raios luminosos, ao desviarem a sua trajectória para que sejam projectados sobre a retina na área de maior acuidade visual, correspondente à zona da mancha amarela, de modo a permitir a formação de uma imagem nítida. Todavia, o poder de refracção dos elementos oculares apenas ocorre naturalmente com os raios luminosos provenientes dos objectos afastados, situados a uma distância superior a 5 m do olho, pois caso não se produza qualquer alteração, os objectos situados mais próximos são observados de forma turva. Todavia, este inconveniente é ultrapassado através do mecanismo de acomodação do cristalino, uma propriedade que permite à lente do olho, sob a acção do músculo ciliar, modificar a sua forma, de modo a que possa alterar o seu poder de refracção, permitindo que os raios luminosos provenientes dos objectos próximos sejam projectados sobre a superfície da retina de forma perfeita.
Funcionamento da retina
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O olho humano apenas é capaz de assimilar os raios luminosos compreendidos no espectro visível, com uma extensão de onda compreendida entre os 780 e os 360 nm ( nanómetros ). Ao chegar à retina, estes raios luminosos provocam um estímulo sobre os fotorreceptores, cones e bastonetes, compostos por determinados pigmentos sensíveis à sua acção, a iodopsina e a cianopsina para os primeiros e a rodopsina para os segundos. A degradação destes pigmentos perante o impacto da luz provoca uma alteração no metabolismo dos fotorreceptores, que propicia o desencadeamento de estímulos eléctricos transmitidos posteriormente para as células da retina cujos prolongamentos constituem o
nervo óptico. Todavia, para funcionarem correctamente, os pigmentos degradados têm que se regenerar, o que cria condições para que os fotorreceptores recebam novos estímulos.
Vias visuais
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Para chegarem ao cérebro, local onde as percepções são elaboradas, os impulsos nervosos produzidos nos fotorreceptores da retina após o impacto com os raios luminosos têm que percorrer uma complexa trajectória. De facto, os prolongamentos das células mais superficiais da retina agrupam-se e saem do globo ocular pelo pólo posterior, constituindo as fibras correspondentes ao nervo óptico. Ambos os nervos ópticos, cada um deles proveniente do respectivo olho, sulcam na face inferior do cérebro e unem-se na sua base, num ponto próximo à glândula hipófise, onde se encontra o
quiasma óptico, zona onde se cruzam as fibras nervosas de ambos os nervos ópticos. É igualmente no quiasma óptico que nascem as
fitas ópticas, que chegam ao
tálamo óptico, nomeadamente aos corpos geniculados externos, de onde partem as
fitas ópticas de Gratiolet, que se estendem até ao córtex cerebral do lobo occipital - aqui encontra-se a área visual, na qual os impulsos nervosos provenientes dos olhos se transformam em sensações visuais.
Informações adicionais
Campo visual
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Cada olho apenas pode receber os raios luminosos provenientes dos objectos situados numa determinada margem de espaço, já que a capacidade de percepção é limitada na parte superior pela sobrancelha, na interna pelo nariz e nas partes externa e inferior pelos rebordos da órbita ocular, o que proporciona um campo visual que, no sentido horizontal, abrange os 1800, enquanto que no sentido vertical compreende os 1400. Ao longo deste espaço, é possível distinguir o campo visual central, correspondente à imagem projectada sobre a mácula látea, a zona da retina com maior concentração de fotorreceptores e onde a visão é consequentemente mais nítida, e o campo visual periférico, correspondente às áreas com menor número de fotorreceptores e onde a visão é menos nítida a maior distância da mácula lútea.
Ao olharmos com os dois olhos, os campos visuais de ambos sobrepõem-se parcialmente na parte central, correspondente ao campo visual binocular. Todavia, existe uma zona, correspondente ao campo visual monocular, que apenas é perceptível por um olho e que fica fora do alcance do outro, o que justifica o facto de o campo visual variar consoante se mantenham os dois olhos abertos ou caso se feche um ou o outro.