Glaucoma

O glaucoma é um problema caracterizado por um aumento da pressão no interior do olho que, caso não seja devidamente tratado, pode provocar a perda irreversível da visão.

Causas

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Em condições normais, a pressão interna do globo ocular mantém-se em determinados limites, à volta dos 15 mm Hg, embora oscile entre os valores-limite de 10 e 21 mm Hg, um requisito indispensável para assegurar a forma esférica do olho e garantir o seu correcto funcionamento. Embora existam vários factores que contribuem para a manutenção da pressão intra-ocular nos valores ideais, é possível destacar a produção de humor aquoso, um líquido de composição semelhante ao do plasma sanguíneo, que ocupa a parte anterior do olho entre a córnea e o cristalino, estruturas que, como não são constituídas por vasos sanguíneos, têm que ser nutridas pelo humor aquoso. Nesta zona, é possível distinguir dois compartimentos ligados entre si pela pupila: a câmara anterior, entre a córnea e a íris, e a câmara posterior, entre esta e o cristalino. O humor aquoso é elaborado constantemente através de um processo de filtração do sangue realizado pelos corpos ciliares, de modo a desaguar na câmara posterior, a partir da qual circula e passa através da pupila para a câmara anterior, onde é drenado, na mesma proporção, por pequenos canais situados no ângulo formado entre a íris e a córnea, que o levam para um canal (canal de Schlemm) que se encarrega de o conduzir para a circulação venosa, de modo a voltar a integrar o sangue. Enquanto a produção e a drenagem do humor aquoso permanecerem equivalentes, a pressão intra-ocular mantém-se nos valores normais.

O glaucoma é provocado por um aumento da pressão intra-ocular, podendo ser provocado por dois possíveis factores: por um aumento da produção de humor aquoso ou, o que é mais frequente, devido à diminuição da sua drenagem e circulação, originada por uma obstrução dos canais de drenagem. Os inúmeros casos em que se desconhece o motivo deste problema têm a denominação de glaucoma primário, enquanto que nos restantes casos em que é provocado pela existência de outra alteração intra-ocular (malformações, traumatismos, tumores, etc.) têm a denominação de glaucoma secundário.

Tipos e manifestações

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É possível distinguir várias formas de glaucoma, com mecanismos de produção diferentes, evolução característica, manifestações típicas e consequências específicas sobre a visão.

Glaucoma crónico simples ou de ângulo aberto. É a forma mais comum de glaucoma, provocada por um defeito na drenagem do humor aquoso, sem que seja perceptível qualquer anomalia evidente da estrutura anatómica do olho, já que este defeito, ao provocar a secreção de uma quantidade mais elevada de humor aquoso, excedendo a capacidade de drenagem, aumenta significativamente a pressão intra-ocular, o que indirectamente origina a compressão da retina e do nervo óptico, alterando a visão. Todavia, caso a alteração se manifeste sem provocar dor nem evidenciar vermelhidão no olho, numa primeira fase, apenas provoca uma diminuição do campo visual periférico que o paciente pode levar muito tempo a detectar, durante a qual tropeça em objectos que deveria ter visto e não viu ou, quando vai ao cinema, não vê as margens da tela. À medida que o problema avança, o campo visual vai de tal forma diminuindo que o paciente vê através de um túnel e, quando o campo visual central é afectado, a perda de visão é perceptível. Nesta altura, pode-se proceder a um tratamento para evitar que a perda visual avance; caso já se tenha produzido, a mesma é irrecuperável. Se não se travar a evolução, com o decorrer do tempo, o olho afectado pode perder a visão. Para além disso, visto que na maioria das vezes o problema afecta ambos os olhos, caso não seja devidamente tratado, pode provocar uma cegueira total e definitiva.

Glaucoma agudo por encerramento angular. Neste caso, o aumento da pressão intra-ocular é bruscamente provocado por um súbito encerramento do ângulo iridocorneano, devido a uma insuficiência repentina do sistema de drenagem do humor aquoso. Embora o problema tenha tendência para se evidenciar através de um ataque súbito, por vezes, é precedido, durante algumas horas, por visão manchada, percepção de coroas de cores à volta dos focos luminosos e uma dor moderada nos olhos. O desencadeamento da crise provoca manifestações típicas: perda visual quase total, vermelhidão e dor intensa no olho afectado, muitas vezes acompanhada por náuseas e vómitos. Embora estes sinais e sintomas diminuam, na maioria dos casos, de maneira espontânea ao fim de algumas horas, por vezes podem originar, como sequela, a perda definitiva de uma parte mais ou menos extensa do campo visual. Dado que é muito habitual que as crises se repitam após intervalos variáveis no olho afectado e também que se evidenciem ataques no outro olho, caso não seja devidamente tratado, o problema pode chegar a provocar cegueira total e irreversível.

Glaucoma crónico de ângulo fechado. Neste caso, o facto de o ângulo iridocorneano ser estreito e dificultar a drenagem do humor aquoso proporciona uma pressão intra-ocular mais elevada do que o normal, o que provoca a perda insidiosa e progressiva do campo visual. Todavia, o principal perigo consiste na produção de bruscos aumentos da pressão interna do olho, que se manifestam como crises agudas, com as suas lamentáveis consequências.

Informações adicionais

Glaucoma congénito

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Este problema evidencia-se à nascença ou ao longo dos primeiros meses de vida, devido a um defeito no desenvolvimento do ângulo iridocorneano, que impede a drenagem do humor aquoso. Costuma afectar os dois olhos, que sobressaem da órbita, e se não for devidamente tratado pode originar uma cegueira total.

Tratamento

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O tratamento do glaucoma baseia-se na normalização da pressão intra-ocular que, de acordo com a fase de evolução do problema, passa pela utilização de medicamentos ou pela realização de uma cirurgia.

Glaucoma crónico simples. Neste caso, o tratamento inclui a utilização de colírios mióticos, que mantêm a pupila contraída, de modo a facilitar a drenagem de humor aquoso, associada à administração de medicamentos, em forma de colírios ou por via geral, que diminuam a produção do líquido. Visto que os produtos utilizados são muito diferentes e alguns podem perder a sua eficácia com o passar do tempo, deve-se proceder à realização de controlos regulares para comprovar os resultados, através da medição da pressão intra-ocular, e para ajustar as doses ou alterar os medicamentos de acordo com as necessidades de cada caso. Apenas se recorre à cirurgia quando o tratamento não conseguir travar o avanço da patologia.

Glaucoma agudo. O tratamento de uma crise aguda de glaucoma constitui uma emergência e necessita da hospitalização do paciente, pois é necessário normalizar a pressão intra-ocular o mais rapidamente possível, de modo a evitar a perda irreversível da visão. Numa primeira fase, a terapêutica visa diminuir a pressão intra-ocular com a aplicação de colírios e com produtos administrados gota a gota; todavia, caso não se consiga ao fim de algumas horas solucionar o problema, deve-se recorrer à cirurgia. A operação é relativamente simples e, embora restabeleça a adequada drenagem do humor aquoso, não consegue recuperar a visão já perdida. Mesmo que o ataque tenha sido solucionado sem que tenha sido necessário realizar uma operação de emergência, algumas vezes importa proceder à realização de uma intervenção cirúrgica, para evitar que os ataques se repitam, e até operar o olho não afectado, de modo a prevenir um eventual ataque no futuro.

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