Problemas das glândulas sudoríparas

A actividade das glândulas sudoríparas é essencial para a manutenção da temperatura do corpo dentro de determinados limites, na medida em que, por vezes, existem vários factores que a tornam excessiva ou alterada.

Hiper-hidrose: suores excessivos

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A produção de suor constitui um dos principais mecanismos que o organismo dispõe para controlar a temperatura do corpo, adaptando-a às alterações internas ou externas, para que não ultrapasse determinados limites. A actividade das glândulas sudoríparas é controlada por um centro termorregulador situado no hipotálamo que, através do sistema nervoso autónomo, determina, entre outras respostas, um aumento da secreção de suor quando a temperatura do corpo aumenta em demasia, devido a factores internos ou a uma temperatura ambiente muito elevada. A febre e os esforços físicos provocam um aumento generalizado do suor, igualmente perceptível quando a temperatura externa ultrapassa os 25 °C.

Existem imensas situações que proporcionam um suor significativo, independentemente de se evidenciar por todo o corpo ou apenas em determinadas regiões do corpo com abundantes glândulas sudoríparas, nomeadamente nas palmas das mãos, nas plantas dos pés, nas axilas, nos sulcos inframamários ou nas virilhas.

De facto, existem algumas infecções crónicas, como a tuberculose, e alguns tipos de cancro, sobretudo os hematológicos, que costumam proporcionar, como parte dos sintomas, suores generalizados abundantes, muitas vezes durante a noite, enquanto que determinados problemas do sistema nervoso central podem ser acompanhados, igualmente, por um aumento da sudação. Também existem determinadas disfunções hormonais, como por exemplo o hipertiroidismo, que originam suores generalizados excessivos. O mesmo pode ocorrer perante o consumo de determinados medicamentos que, entre os seus efeitos secundários, proporcionam suores excessivos. Por fim, o stress também pode provocar suores significativos, normalmente localizados nas mãos e nos pés.

Perante um quadro de suores excessivos, deve-se sempre consultar um médico, para que este determine a sua origem e estabeleça o tratamento mais adequado consoante o caso.

Hiperhidrose juvenil. A principal característica desta doença são os suores excessivos, independentemente de serem generalizados ou, o que é mais típico, localizados nas palmas das mãos, plantas dos pés e axilas que, por motivos ainda desconhecidos, se evidencia durante a puberdade e persiste durante tempo variavel, diminuindo de intensidade por volta dos 25 anos. O suor é importante, independentemente da temperatura ambiente, e não está relacionado com o esforço físico, embora seja mais evidente em situações de tensão emocional ou durante o Verão, época em que o problema costuma piorar. As principais consequências são o incómodo consequente do facto de se ter sempre as mãos húmidas, entre outras coisas, e o problema provocado pelo intenso odor do corpo devido ao exagerado suor dos pés e das axilas. Para além disso, é preciso referir a maior sensibilidade a infecções bacterianas e micóticas nas zonas afectadas.

O diagnóstico baseia-se fundamentalmente na eliminação de qualquer doença responsável pelo problema. Caso se pretenda diminuir os incómodos, para além da aconselhável utilização de roupa e calçado de materiais naturais absorventes, pode-se recorrer à utilização local de produtos como o cloreto de alumínio ou à administração de anticolinérgicos, medicamentos que reduzem a produção de suor, apesar de terem vários efeitos secundários.

Hidradenite supurativa

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Este problema, provocado pela retenção de suor nas glândulas sudoríparas, caracteriza-se por uma erupção de inúmeras vesículas cutâneas com aspecto semelhante a grãos de milho, o que justifica o facto de ser igualmente denominada miliária. A hidradenite supurativa é um problema muito comum que se evidencia em pessoas de pele delicada, nomeadamente crianças, após um suor abundante, independentemente de ser provocado por um acesso de febre ou por uma temperatura ambiente elevada. O problema é igualmente frequente nas pessoas obesas que suam bastante, nos trabalhadores expostos a temperaturas elevadas (fogueiros, fundidores) e em inúmeros indivíduos durante o Verão nos países tropicais.

O problema costuma ser provocado pela obstrução dos canais excretores das glândulas sudoríparas, provocada pela maceração das células dos seus septos devido à humidade e ao calor, factores que favorecem a proliferação bacteriana. As glândulas sudoríparas repletas de suor dilatam-se de tal forma que a secreção transborda para os tecidos vizinhos da derme e hipoderme, provocando uma irritação.

O problema costuma evidenciar-se nas zonas da pele cobertas pela roupa, sobretudo nas áreas em contacto com roupas impregnadas de suor. A erupção costuma adoptar várias formas, pois por vezes manifesta-se através de pequenas bolhas, de 1 a 2 mm de diâmetro, de conteúdo claro, enquanto que noutros casos as vesículas inflamam-se e ficam rodeadas por uma coroa vermelha, acompanhada de ardor.

O tratamento consiste em lavar frequentemente a pele das zonas afectadas com água fria, proceder à sua cuidadosa secagem e colocar pó de talco no final. O tratamento pode ser complementado com a permanência em ambientes frescos e secos, com a utilização de roupas ligeiras de fibras naturais e em mudar com frequência de roupa interior. Caso o problema provoque um ardor muito intenso, o tratamento passa pela aplicação de loções antipruriginosas tanto para aliviar o incómodo como para evitar as lesões provocadas pelo coçar, já que dessa forma podem infectar. Se houver infecção, é necessário administrar antibióticos. Nos casos mais graves, quando estão envolvidas grandes extensões de pele e após falha da antibioterapia, pode ser mesmo necessário recorrer a uma intervenção cirúrgica.

Informações adicionais

Antitranspirantes

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Embora existam vários procedimentos para evitar os suores intensos, o mais aconselhável consiste no recurso aos métodos "fisiológicos", ou seja, lavagem com água fria, roupas leves de material absorvente, aplicação de pó de talco... Apesar de existirem produtos de utilização externa que podem ser aplicados localmente, por exemplo nas axilas, de modo a reduzirem a transpiração, a sua eficácia é moderada, caso se sue bastante. Se estes procedimentos forem ineficazes, pode-se recorrer à utilização de produtos antitranspirantes, como os anticolinérgicos, que bloqueiam a acetilcolina, o mediador químico através do qual o sistema neurovegetativo estimula a actividade das glândulas sudoríparas. Todavia, a utilização destes produtos pode provocar alguns efeitos secundários, pois pode originar uma diminuição de outras secreções, como a saliva, e representa um perigo para quem sofre, entre outras coisas, de determinadas patologias oculares (glaucoma) ou prostáticas (hipertro- fia da próstata). Em suma, a utilização de produtos por via geral para combater os suores, mesmo que a sua venda nas farmácias não necessite de receita, deve ser sempre supervisionada por um médico.

Outras alterações do suor

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• Hipo-hidrose e anidrose: diminuição ou eliminação do suor, respectivamente. Podem evidenciar-se em determinadas patologias da pele (psoríase, es- clerodermia), alterações hormonais (hipotiroidismo, diabetes), do sistema neurovegetativo e em determinados problemas neurológicos (acompanhado por paralisia) e intoxicações. Embora o tratamento corresponda ao da doença de base, em alguns casos, recorre-se à administração de medicamentos que estimulem a produção de suor.

• Bromidrose: suor de mau odor, sobretudo nas axilas, pés e região inguinal, que costuma ser provocado pela acção das bactérias que habitam na superfície cutânea, ao gerarem e ao decomporem o suor através da libertação de produtos odoríferos. O tratamento corresponde a uma rigorosa limpeza da zona, comple-mentada com a utilização de desodorizantes especiais. Quando o problema se localiza nas axilas, estas devem ser depiladas. Em alguns casos especiais, pode-se proceder à extracção das acumulações de glândulas sudoríparas na zona. É igualmente característico o intenso odor do suor dos urémicos.

• Cromidrose: secreção de suor colorido. Umas vezes provocada pela acção de bactérias cromogénas, como acontece em trabalhadores de algumas indústrias químicas, e outras originada pela ingestão de determinadas substâncias, como por exemplo o típico suor esverdeado da intoxicação por cobre, o azulado (cianidrose) provocado pela ingestão excessiva de ferro ou o suor amarelo da intoxicação por ácido pícrico. Ainda que, por vezes, se evidencie um suor encarnado, provocado pela acção de determinadas bactérias, este não deve ser confundido com o suor do sangue (hematidrose), de existência duvidosa.

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