A foliculite, o furúnculo e o antraz são três formas evolutivas de uma infecção dos folículos pilosos provocada pela bactéria Staphylococcus aureus.
Foliculite
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A foliculite corresponde a uma inflamação purulenta benigna do folículo piloso, a forma de evolução mais comum da infecção do folículo. Os microorganismos costumam estabelecer-se na porção superficial do folículo (foliculite superficial), ao encontrarem condições favoráveis para a sua proliferação, pois quando a pele se encontra suada e irritada, a humidade e a maceração das células do canal através do qual surge o cabelo constituem o meio eficaz para o seu desenvolvimento. Este fenómeno desencadeia uma resposta do sistema imunitário, que se manifesta através de uma reacção inflamatória e a chegada de células defensivas que atacam os microorganismos. Ainda que este mecanismo costume acabar com a infecção, propicia a formação de pus, material constituído pelos restos das células defensivas e bacterianas destruídas.Este fenómeno manifesta-se através de uma lesão típica, o aparecimento de uma pequena pústula, de conteúdo amarelo, na maioria dos casos com um pêlo no seu centro. A evolução da lesão tanto pode provocar a secagem da pústula e a consequente formação de uma crosta, como a sua abertura, evidenciando uma erosão que se cura em pouco tempo. Caso se elimine o factor que favorece a alteração, por exemplo uma irritação cutânea, não é necessário realizar qualquer tratamento. Contudo, caso apareçam inúmeras lesões numa zona extensa da pele, convém proceder-se à aplicação local de anti-sépticos e antibióticos.Por vezes, a infecção estende-se ao longo do folículo piloso, podendo alcançar a raiz (foliculite profunda). Esta evolução costuma manifestar-se nas zonas do corpo onde os folículos pilosos se encontram mais desenvolvidos, como a região da barba e do bigode. A lesão típica é uma pápula vermelha sobre a qual se forma uma pústula com um pêlo no seu centro. Por vezes, formam-se várias lesões deste tipo, sobretudo no lábio superior.A evolução deste problema costuma ser crónica, já que os microorganismos aglomeram-se na porção profunda dos folículos - por isso, existem épocas em que a manifestação das lesões é intercalada com outras em que as lesões desaparecem. A cura definitiva do problema passa por evitar todos os factores irritantes e pela aplicação local de antibióticos, ainda que, se o problema for recidivante possa ser necessária a administração de antibióticos por via sistémica.
Furúnculo
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O furúnculo corresponde a uma evolução desfavorável de uma foliculite superficial, ao longo da qual a infecção se vai disseminando, provocando a inflamação e a destruição do folículo piloso. Os furúnculos costumam desenvolver-se nas zonas do corpo onde o suor e os atritos sobre a pele criam condições que provocam a proliferação do Staphylococcus aureus, sobretudo na parte posterior do pescoço e nas zonas húmidas, como as axilas e a virilha. Para além disso, as pessoas afectadas por doenças gerais debilitantes, tais como a diabetes, má nutrição ou uma deficiência imunitária, são mais sensíveis a esta alteração.A lesão corresponde a um nódulo de cor amarela e doloroso que, à medida que se vai inflamando, enche-se de pus, o que proporciona o aparecimento de uma pústula amarela na sua superfície. No centro do nódulo, vai-se formando um núcleo duro, constituído por uma acumulação de células mortas. Ao fim de alguns dias, a pústula abre-se, deixando sair o pus e o núcleo para o exterior, provocando a diminuição da dor e da inflamação. Em alguns casos, a lesão é de tal forma grande que destrói a derme, originando a formação de uma cicatriz.O tratamento depende da fase evolutiva. De início, deve-se aplicar regularmente compressas húmidas quentes, de modo a favorecer a maturação da lesão e a sua cicatrização, e um anti-séptico e pomadas antibióticas sobre a zona. Caso o furúnculo seja muito grande e doloroso, deve-se consultar um médico para que este decida o tratamento mais adequado. Para além de receitar antibióticos por via geral, caso considere conveniente, o médico pode igualmente optar por abrir a lesão através de uma incisão com bisturi, sob anestesia local, para drenar o pus e remover o núcleo do furúnculo, o que pode levar à cura. Caso o problema se repita com frequência, por vezes, recorre-se à administração de antibióticos durante um período prolongado. Em alguns casos, pode-se igualmente efectuar uma cultura do conteúdo dos furúnculos para determinar a sensibilidade do microorganismo responsável a vários antibióticos, de forma a seleccionar o mais eficaz para o seu combate.
Antraz
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O antraz corresponde a um conjunto de vários furúnculos que estão ligados entre si em toda a profundidade da pele. Normalmente, começa como um simples furúnculo que, se encontrar as condições favoráveis para a proliferação do Staphylococcus aureus (diabetes, imunossupressão), se irradia aos folículos pilosos adjacentes, onde produz novos furúnculos ligados ao primeiro. A lesão evidencia-se como uma placa inflamatória dolorosa, de cor vermelha ou roxa, que apresenta na sua superfície várias pústulas correspondentes aos furúnculos, que podem provocar cicatrizes após a cura da lesão. Ainda que, por vezes, as pústulas acabem por se romper espontaneamente, provocando a saída de um pus amarelo para o exterior e, ocasionalmente, a cura da lesão, na maioria dos casos, costumam permanecer microorganismos que, se não forem devidamente tratados, podem manter a infecção activa durante muito tempo.Apesar de o tratamento ser semelhante ao dos furúnculos, neste caso é indispensável a administração de antibióticos por via geral. Para além disso, quando o antraz não se drena, mesmo que cicatrize espontaneamente, deve-se proceder à sua drenagem, através da realização de uma abertura da lesão, com vista a extrair-se a sua parte central.
Informações adicionais
O médico responde
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Por vezes, aparecem-me furúnculos e tenho a tentação de rebentá-los para os curar imediatamente, mas o meu irmão, que estuda Medicina, afirma que isso pode ser perigoso. É verdade?
Sim, o conselho do seu irmão é correcto e é importante que o respeite. Os furúnculos costumam ter uma evolução favorável, já que a reacção inflamatória cria uma barreira defensiva que impede a extensão da infecção. Todavia, caso se tente rebentar a pústula, através da sua compressão para que o pus saia, a dita barreira defensiva pode romper-se, existindo o risco de a infecção se propagar aos tecidos vizinhos ou, ainda mais perigoso, de os microorganismos alcançarem os vasos sanguíneos da zona, introduzirem-se na circulação sanguínea e chegarem a determinados sectores mais ou menos afastados do organismo, constituindo novos focos infecciosos. O principal perigo é originado pela manipulação de um furúnculo localizado no rosto, sobretudo na zona compreendida entre o nariz, lábio e queixo, pois existe o risco de a sua compressão, em vez de provocar a sua saída para o exterior, pressionar um vaso que transporte sangue para o cérebro, originando complicações neurológicas que podem pôr em perigo a vida do paciente.
Staphylococcus aureus
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O Staphylococcus aureus é uma bactéria de reduzidas dimensões, aproximadamente 1 mícron de diâmetro, com uma forma arredondada (a forma típica de todas as bactérias denominadas "cocos"), que se manifesta através da formação de aglomerações com a forma de cachos. Este microorganismo encontra-se habitualmente no organismo de pessoas saudáveis, sobretudo nas fossas nasais, virilhas, axilas e umbigo, sem provocar qualquer alteração. Todavia, nos inúmeros casos em que Penetra num folículo piloso, sobretudo em condições de humidade e calor, encontra o meio ideal para a sua proliferação e transforma-se num patógeno, provocando um processo infeccioso que, de acordo com a sua evolução, poderá dar origem a uma foliculite, furúnculo ou antraz.