Sarna

A sarna é uma infestação cutânea provocada por um parasita de reduzidas dimensões que se estabelece na pele e escava galerias, onde põe os seus ovos, originando um intenso ardor.

Causas

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O agente causador da sarna é o Sarcoptes scabiei, um insecto de reduzidas dimensões pertencente à classe dos aracnídeos, nomeadamente ao grupo dos ácaros, como as carraças. Este pequeno aracnídeo tem um corpo oval, mede entre 0,2 a 0,4 mm de comprimento, é constituído por quatro patas e apresenta uma tonalidade acastanhada.

O habitat natural do Sarcoptes scabiei é a pele humana, onde o parasita encontra as condições ideais para sobreviver. Após copularem, os machos morrem enquanto que as fêmeas penetram na camada córnea da pele e escavam pequenos sulcos ou galerias no interior das quais depositam os ovos. Depois de depositarem os ovos, as fêmeas também acabam por morrer, quatro ou cinco semanas mais tarde. As larvas nascem após um período de incubação de alguns dias e aglomeram-se à volta dos folículos pilosos. Quando se tornarem adultas, repetem o ciclo vital dos seus progenitores.

A transmissão da infestação produz-se quase sempre através do contacto directo com pessoas afectadas, já que estes insectos praticamente não conseguem sobreviver fora do seu habitat natural, a pele humana. Todavia, por vezes, a infestação ocorre através do contacto com objectos infestados, como toalhas, lençóis ou roupa. É preciso referir que, como estes pequenos aracnídeos passam facilmente de uma pessoa para outra, as parasitoses costumam disseminar-se entre as pessoas que partilham a mesma habitação ou até em escolas ou quartéis militares, através de pequenos surtos epidémicos.

Para além disso, a sarna é endémica em inúmeras áreas urbanas e rurais de vários países. Por outro lado, a falta de uma higiene adequada e a aglomeração são factores que favorecem a transmissão e a disseminação desta parasitose, um problema que pode afectar qualquer pessoa, já que, como já foi anteriormente mencionado, transmite-se por contacto directo.

Manifestações

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O principal sintoma é o prurido, que costuma ser muito intenso e surge ao fim de uma ou duas semanas, no máximo seis semanas, após a produção do contágio.  A principal característica deste prurido é o facto de aumentar de intensidade durante a noite, quando a pessoa se deixa dormir, pois as fêmeas aproveitam o aumento da temperatura do corpo produzida nestas circunstâncias para escavar as galerias e depositar os ovos.

De início, o prurido concentra-se nas zonas onde se encontra o parasita. Todavia, à medida que vai evoluindo, a reacção alérgica provocada pela presença do aracnídeo e dos seus ovos, provoca a disseminação do ardor a praticamente qualquer área da superfície do corpo.

A lesão característica da sarna é o sulco ou galeria acarina, uma pequena saliência de forma sinuosa, com cerca de 3 a 5 mm de largura e até 1,5 cm de comprimento, escavada pelas fêmeas para, como já foi anteriormente mencionado, depositarem os ovos. Embora as galerias tenham uma cor semelhante ou ligeiramente mais escura do que a pele circundante, costumam ser facilmente observadas a olho nu, pois apresentam elevações sinuosas e é possível constatar, num dos lados das extremidades, através do qual o parasita avança, a formação de uma pequena proeminência por vezes coroada por uma pequena vesícula de aspecto perolado. Embora a localização das galerias seja variável, na maioria dos casos, concentram-se em determinadas regiões do corpo, sobretudo nas axilas, pregas do cotovelo, pulsos, entre os dedos das mãos, à volta dos mamilos e umbigo, nas nádegas e nos genitais.

As manifestações da doença são maioritariamente provocadas pelos parasitas, mas também podem ser originadas por uma reacção alérgica desenvolvida pelo paciente perante vários produtos elaborados pelo ácaro ou que estejam presentes no seu organismo. Visto que a intensidade do ardor depende da gravidade e extensão da infecção e das características do indivíduo, nos casos em que as lesões sejam mínimas, o ardor é muito intenso; noutros casos, sucede justamente o contrário, o que justifica o facto de o prurido persistir até algumas semanas após se ter completado o tratamento. De qualquer forma, convém sempre evitar coçar a lesão - embora, inicialmente, proporcione uma certa sensação de alívio, o ardor acaba por aumentar de intensidade. Para além disso, o tecido cutâneo pode ser de tal forma danificado que as lesões podem sangrar, favorecendo igualmente o desenvolvimento de infecções bacterianas que podem complicar o problema.

Por outro lado, quando a reacção alérgica é significativa, observa-se o desenvolvimento de nódulos arredondados, pequenos, duros e de tonalidade amarela ou castanha, muito

 distribuídos ao longo de praticamente toda a superfície cutânea.

Caso se permita a sua evolução natural, a doença irá manter-se indefinidamente. Todavia, caso se proceda ao seu tratamento oportuno, costuma-se obter facilmente a eliminação dos parasitas e o desaparecimento das lesões.

Informações adicionais

Tratamento e higiene

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Dado que, actualmente, existem várias substâncias escabicidas, ou seja, substâncias que actuam contra os parasitas responsáveis, de elevada eficácia e fácil aplicação, o tratamento da sarna é relativamente simples. Entre estas substâncias, incluem-se o hexacloreto de gamaben- zeno, o benzoato de benzilo e a permetrina, aparentemente a mais eficaz. Estas substâncias estão, na maioria dos casos, presentes em loções ou pomadas, que devem ser ministradas de 24 em 24 horas, de forma profusa ou homogénea sobre toda a superfície do corpo, duas ou três vezes consecutivas. Ao fim de cerca de dez dias, deve-se repetir o procedimento, de modo a garantir a eliminação de todos os ovos e linfas do parasita.

Deve-se igualmente efectuar uma série de simples medidas higiénicas, com vista a prevenir o contágio das pessoas que convivem com o paciente e um novo contágio do próprio indivíduo afectado. De facto, convém mudar de roupa, toalhas e lençóis sempre que se aplicar o tratamento local e lavar a roupa e os restantes elementos utilizados com água quente, passando-as depois por vapor. Para além disso, todas as pessoas que convivam com o paciente devem submeter-se ao mesmo tratamento e respeitar as mesmas regras higiénicas.

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