No fígado podem desenvolver-se diversos tipos de tumores benignos, geralmente assintomáticos ou pouco incómodos, mas também tumores malignos originados no próprio órgão ou, com maior frequência, secundários a um cancro de diferente localização e de prognóstico grave
Tumores benignos
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O tumor benigno mais frequente do fígado é o angioma, originado a partir das células dos numerosos vasos sanguíneos do órgão. Geralmente, trata-se de um único tumor e pequeno, mas não é invulgar a formação de vários tumores de tamanho reduzido ou um só tumor de grandes dimensões.Outro tipo, também habitual ainda que menos frequente do que o anterior, é o adenoma, originado a partir das próprias células hepáticas (hepatócitos). Costuma-se tratar de uma massa tumoral única, rodeada por uma cápsula de tecido fibroso e de tamanho limitado, raramente superior a cerca de 5 cm de diâmetro. A sua origem relacionou-se com factores hormonais, já que tem uma maior incidência nas mulheres que tomam contraceptivos orais durante um longo período de tempo.
Tumores malignos
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No fígado podem desenvolver-se tumores malignos primitivos ou primários, surgidos originalmente no órgão, assim como tumores malignos secundários, ou seja, metástases procedentes de um cancro localizado noutro órgão (por exemplo, no pulmão ou na mama). De facto, os tumores hepáticos secundários são muito mais frequentes do que os primitivos.O tumor primário do fígado mais frequente é o carcinoma hepatocelular ou hepatocarcinoma, originado a partir dos hepatócitos. Pode-se tratar de um tumor único, ainda que seja mais habitual que se formem diversas massas tumorais espalhadas pelo órgão. Embora não se conheça a sua causa íntima, determinaram-se alguns factores que predispõem o seu aparecimento. O mais importante é a cirrose hepática de grande evolução, pelo abuso de álcool (antecedente habitual deste cancro hepático) ou por uma hepatite viral crónica. Também pode ser precedido por um adenoma hepático benigno que, por razões desconhecidas, às vezes sofre um processo de malignização.Outro tipo de cancro hepático é o colangiocarcinoma, originado a partir das células dos canalículos e de pequenos canais biliares que recolhem as secreções do fígado. Este tumor é um pouco mais frequente em quem sofre de afecções crónicas das vias biliares, que dificultam a normal evacuação da bílis e a sua retenção no fígado.
Manifestações e evolução
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Os tumores benignos costumam ser assintomáticos e, muitas vezes, até são descobertos casualmente ao efectuar um exame ao fígado por outros motivos. Dão lugar a manifestações apenas quando alcançam um grande tamanho e especialmente se exercem pressão sobre os órgãos vizinhos: dores abdominais difusas ou sensação de peso na parte superior direita do abdómen, perda de apetite, problemas digestivos, náuseas e vómitos.Os tumores malignos também podem ser assintomáticos durante muito tempo, inclusive vários anos, até que aumentam muito e o seu desenvolvimento infiltra os tecidos saudáveis do órgão, alterando a sua função. Quando existem antecedentes de outra patologia hepática, como uma cirrose, apresentar-se-ão previamente as manifestações próprias de tal doença.O sintoma mais comum do cancro hepático corresponde a uma dor contínua e de intensidade crescente na parte superior direita do abdómen. Também se pode revelar como um vulto nessa zona, se o crescimento tumoral provocar um aumento de volume relevante do fígado.O crescimento do tumor canceroso, por vezes lento, mas sempre progressivo, acaba por afectar o funcionamento global do fígado e dá lugar, então, a um quadro de insuficiência hepática grave e a uma séria deterioração do estado geral.Como complicação, por vezes produz-se uma hemorragia digestiva resultante da ruptura de um vaso sanguíneo do próprio tumor e, por vezes, a massa tumoral infecta e constitui um foco a partir do qual os microorganismos acedem à circulação geral e originam um quadro de choque tóxico. Por outro lado, as células cancerosas tendem a propagar-se através do sangue até outros órgãos, como os ossos, o cérebro ou os pulmões, originando tumores secundários ou metástases com uma sintomatologia específica conforme a localização.
Tratamento
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Os tumores benignos nem sempre exigem tratamento, como acontece quando se trata de pequenos angiomas que não dão lugar a problemas. O caso dos adenomas é diferente, já que são susceptíveis de sofrer uma degeneração maligna com o passar do tempo e, por isso, o médico pode aconselhar a sua extracção mediante uma intervenção cirúrgica. Se os tumores são múltiplos e a sua extracção cirúrgica acabar por ser complexa ou praticamente impossível, pode-se recorrer à radioterapia (aplicação de radiações), método que muitas vezes consegue eliminá-los ou, pelo menos, diminuir as suas dimensões. Os tumores malignos costumam requerer cirurgia, para extrair a massa cancerosa e um sector do tecido hepático adjacente, com o complemento da quimioterapia.A intervenção nem sempre é possível, porque às vezes o cancro já está demasiado alargado, as massas turnorais são múltiplas ou as alterações cirróticas prévias tornam muito perigosa a operação. Nestes casos, resta apenas proceder a um tratamento de quimioterapia ou, então, se o estado geral do paciente o permitir, proceder a um transplante de fígado.
Informações adicionais
Prognóstico
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O prognóstico do cancro do fígado é reservado, sobretudo porque costuma ser diagnosticado em fases avançadas da sua evolução - a sobrevivência média é de cerca de 6 meses.
Biopsia hepática
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Para se saber com exactidão a natureza do tumor, o procedimento idóneo é a obtenção de uma amostra da lesão e a sua posterior análise microscópica no laboratório. Assim, pode-se determinar se a massa tumoral corresponde a uma proliferação de células que conservam características normais (tumor benigno) ou se é formada por células atípicas próprias dos cancros (tumores malignos). A amostra obtém-se através de vários procedimentos, mas um dos mais utilizados, simples de realizar e apenas incómodo para o paciente é a punção aspirativa com uma agulha fina.