A dermatite atópica é um problema crónico da pele, que normalmente se manifesta durante a infância, desaparecendo espontaneamente ao fim de alguns anos, e que é caracterizado pelo aparecimento de zonas inflamadas, com vários tipos de lesões e intenso prurido.
Causas
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A causa do problema ainda não é conhecida, mas já foram identificados vários factores que contribuem significativamente para o seu aparecimento e evolução.Em primeiro lugar, considera-se que existe uma certa predisposição genética, hereditariamente transmissível, para se ser afectado por dermatite atópica, já que cerca de 70% dos indivíduos afectados têm antecedentes familiares desta doença. De facto, o problema constitui uma forma específica de alergia, ou seja, é provocado por uma reacção anómala do sistema imunitário, que responde de forma exagerada perante o contacto com uma grande variedade de substâncias ou perante circunstâncias consideradas inofensivas pelo resto da população. Por essa razão, cerca de 60 a 80% das pessoas afectadas por dermatite atópica são igualmente afectadas por outros problemas alérgicos, nomeadamente rinite alérgica, ou febre dos fenos, e asma brônquica.Para além disso, existem inúmeros dados que revelam a existência de um funcionamento atípico do sistema imunitário nos indivíduos afectados. Por um lado, é possível constatar, em inúmeros casos, níveis elevados de vários tipos de anticorpos envolvidos nas reacções alérgicas, as denominadas imunoglobulinas E; por outro lado, costuma haver um défice de determinadas células defensivas, os denominados linfócitos T helper, o que provoca uma especial sensibilidade para as infecções cutâneas.Importa ainda salientar que as alterações bruscas de temperatura afectam significativamente a evolução da doença. De facto, como a dermatite atópica costuma evoluir através de episódios de aumento de intensidade dos sinais e sintomas alternados com períodos de relativa acalmia, as alterações bruscas de temperatura, como a repentina exposição ao frio ou ao calor ambiental ou a chegada do Outono e da Primavera, podem desencadear novos episódios ou a exacerbação dos sinais e sintomas pré-existentes. Para além disso, o contacto da pele, muito sensível, com substâncias químicas irritantes ou com tecidos de seda, lã ou fibras sintéticas também pode provocar o desencadeamento de um novo episódio.Por fim, considera-se que alguns factores de natureza psicológica, tais como a existência de situações de stress ou de estados de ansiedade, também podem desencadear a manifestação dos sinais e sintomas ou, até mesmo, o seu agravamento.
Manifestações e evolução
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A doença costuma evoluir ao longo de vários anos, durante os quais costuma alternar períodos de aumento de intensidade dos sinais e sintomas com períodos de relativa acalmia ou até ausência total dos sinais e sintomas. Apesar de, na maioria dos casos, as primeiras manifestações se evidenciarem entre os 2 e os 6 meses de vida, em alguns casos, surgem na idade escolar ou durante a puberdade.O principal sintoma, e igualmente o mais comum, é um prurido muito intenso em várias zonas cutâneas. Para além deste prurido, é também muito comum a inflamação das zonas afectadas, o que provoca o aparecimento de várias lesões, sobretudo pápulas, vesículas e crostas, nos períodos de manifestação dos sinais e sintomas, sendo igualmente frequente o desenvolvimento de infecções, na sua maioria originadas pelo próprio problema ou por traumatismos e contaminação provocados pelo coçar no intuito de aliviar o prurido. Por outro lado, também se verifica uma típica secura da pele em determinadas partes do corpo, especialmente evidente nos cotovelos, joelhos e pregas da pele, sobretudo durante o Inverno.Embora a localização e características das manifestações sejam muito variadas, na maioria dos casos, acabam por seguir um padrão relacionado com a idade do indivíduo afectado.Nos bebés, o prurido e as lesões costumam manifestar-se inicialmente nas bochechas, na fronte e no couro cabeludo, irradiando para outras zonas do corpo. Para além disso, os períodos de aumento de intensidade dos sinais e sintomas costumam coincidir com o nascimento dos dentes. É preciso referir que, em cerca de metade dos casos, a doença desaparece espontaneamente até aos 2 ou 3 anos de vida.Caso o problema surja durante a infância ou se prolongue desde os primeiros anos de vida, o prurido e as lesões localizam-se principalmente nas pregas da pele, nomeadamente na face anterior dos joelhos, pescoço, pulsos e tornozelos. Embora estas zonas costumem evidenciar áreas ou placas vermelhas de pele espessa, o aparecimento de vesículas e a formação de crostas são muito menos comuns do que nos bebés. O problema tanto pode desaparecer de forma espontânea antes da puberdade como persistir por mais alguns anos.Quando a dermatite atópica persiste ou apenas se manifesta nos adolescentes, jovens e adultos, o prurido e as lesões afectam essencialmente as mãos e os pés, o couro cabeludo, as costas e os ombros. As lesões predominantes são as zonas de pele espessa.Numa percentagem significativa dos casos, o problema pode desaparecer de forma espontânea antes dos 20 anos de idade, embora por vezes dure mais alguns anos, sobretudo quando existem antecedentes familiares, quando as manifestações começam a evidenciar-se nos primeiros anos de vida e quando os sinais e sintomas são muito intensos.
Informações adicionais
Medidas preventivas
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• Evitar as alterações bruscas de temperatura e humidade, em especial nos bebés após o banho.
• Utilizar roupas adequadas ao clima, de modo a evitar o excesso de calor ou a exposição ao frio.
• Evitar os banhos com água quente durante os períodos de manifestação dos sinais e sintomas.
• Evitar o contacto da pele com roupas de seda, lã e fibra sintética ou com qualquer substância irritante.
• Utilizar roupa de linho ou de algodão.
• Evitar coçar as lesões; nos bebés, convém assegurar que as unhas estão sempre bem cortadas, sendo igualmente recomendável a utilização de luvas caso tenham tendência para se coçarem muito.
• Evitar a lavagem das lesões com água e sabonetes comuns, preferindo as emulsões lipídicas ou de pH ligeiramente ácido.
• Convém lubrificar as zonas cutâneas afectadas com loções hidratantes ou cremes prescritos pelo médico.
Tratamento
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O tratamento baseia-se numa série de medidas preventivas e higiénicas, de modo a evitar o aparecimento dos episódios e das complicações infecciosas, e na administração de vários tipos de medicamentos para aliviar os sinais e sintomas.
Geralmente, os medicamentos mais utilizados, e por vezes os únicos, são os anti-histamínicos, medicamentos administrados por via oral, que diminuem a sensação de prurido e proporcionam uma sedação que pode ser muito eficaz em particular nos bebés ou nos pacientes muito ansiosos.
Por vezes, sobretudo nos casos mais graves, são igualmente indicados medicamentos corticosteróides para reduzir a reacção inflamatória, independentemente de serem aplicados localmente nas crises agudas ou administrados por via oral durante um período de tempo variável. De qualquer forma, nestas situações, convém que o paciente respeite rigorosamente as instruções do médico; caso contrário, poderá aumentar o risco de aparecimento dos inúmeros efeitos adversos que estes medicamentos provocam.
Por fim, em alguns casos, podem ser receitados antibióticos para combater as complicações infecciosas cutâneas ou indicadas outras medidas complementares, que o médico entenda adequadas (habitualmente, os medicamentos contendo alcatrão são utilizados no tratamento da psoríase).