Poliarterite nodosa

Doença caracterizada por uma inflamação das paredes arteriais, que provoca várias manifestações de acordo com a localização dos vasos afectados e graves complicações consequentes de uma insuficiência na irrigação dos órgãos que devem nutrir.

Causas

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Esta doença, pertencente às doenças difusas do tecido conjuntivo, deve-se ao desenvolvimento de um processo inflamatório e degenerativo nas paredes das artérias de médio e pequeno calibre de várias partes do organismo, provocando uma redução ou interrupção da circulação sanguínea ao longo dos vasos afectados. Por esse motivo, surgem lesões nos tecidos e órgãos por eles irrigados, proporcionando inúmeros sinais e sintomas e uma elevada probabilidade de aparecimento de complicações graves e, até mesmo, fatais.

Embora a origem da inflamação das paredes vasculares ainda seja desconhecida, considera-se que pode ser provocada por uma alteração auto-imune em que o sistema imunitário ataca os componentes do próprio organismo. Ainda que se pense que esta reacção imunitária anómala é, em alguns casos, originada por uma infecção viral, como é o caso da hepatite B, na maioria dos casos, não é possível detectar qualquer factor etiológico, ou seja, qualquer factor precipitante da doença.

Apesar de as alterações vasculares, inicialmente, apenas se manifestarem na camada média das artérias afectadas, onde é possível observar-se um edema e um infiltrado inflamatório, vão progressivamente estendendo-se à camada íntima e à adventícia. Isto provoca a deterioração do tecido e o aparecimento de lesões cicatriciais que debilitam a parede dos vasos, o que na maioria dos casos propicia a obstrução do seu lúmen, impedindo a irrigação dos órgãos que alimentam.

Manifestações

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As manifestações possíveis da poliarterite nodosa são muito variadas, na medida em que estão dependentes, consoante os casos, da localização do processo inflamatório vascular e dos órgãos privados da adequada irrigação sanguínea. De facto, teoricamente, a poliarterite nodosa pode, de acordo com a intensidade, a localização da arterite e a extensão da consequente alteração circulatória, provocar manifestações e complicações consequentes a qualquer sistema orgânico.

A doença costuma evidenciar-se através de manifestações pouco específicas, tais como febre, cansaço, dores articulares e musculares, perda de apetite e emagrecimento. Estes sinais e sintomas são persistentes, as dores articulares são inconstantes e os músculos esqueléticos têm tendência para ficar débeis. Por vezes, nomeadamente quando os vasos que irrigam o tubo digestivo são afectados, o início da doença caracteriza-se pelo aparecimento de dores abdominais, náuseas, vómitos e diarreia, por vezes sanguinolenta.

Para além dos músculos esqueléticos e do aparelho digestivo, os órgãos mais afectados pela doença são os rins, o coração, o sistema nervoso e a pele. Caso os rins sejam afectados, a doença costuma provocar hipertensão arterial, que muitas vezes evolui para insuficiência funcional dos órgãos, manifestando-se através de uma evidente diminuição ou, até mesmo, paragem da produção de urina e de todas as consequências provocadas por uma deficiente filtração do sangue (insuficiência renal). Caso as artérias coronárias sejam afectadas, a poliarterite nodosa costuma provocar alterações cardíacas que se manifestam através de dores no tórax e que se podem complicar com o aparecimento de arritmias ou um enfarte do miocárdio. A inflamação das artérias que irrigam o sistema nervoso periférico costuma proporcionar o aparecimento de formigueiros, dores em várias zonas do corpo, enquanto que, em alguns casos, origina uma perturbação do sistema nervoso central, com crises de dor de cabeça, ataques convulsivos, problemas ao nível do comportamento ou até quadros psicóticos. Se os vasos que irrigam a pele forem afectados, a doença costuma manifestar-se através de alterações típicas, nomeadamente ulcerações cutâneas ou nódulos subcutâneos.

Tratamento

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Não existe nenhum tratamento capaz de curar a doença, mas actualmente estão disponíveis várias terapêuticas, como por exemplo a utilização de corticóides, potentes anti-inflamatórios que podem proporcionar um alívio das manifestações e, por vezes, travar a evolução da doença. Embora a administração prolongada de altas doses de corticóides seja bastante eficaz no resolução do problema, como estes medicamentos têm inúmeros efeitos secundários, é preciso adaptar a terapêutica à evolução de cada paciente e efectuar inúmeras consultas regulares. Em alguns casos, podem ser utilizados medicamentos imunossupressores, já que são bastante eficazes no combate à actividade anómala do sistema imunitário, ainda que provoquem igualmente consideráveis efeitos adversos.

Por outro lado, é preciso aplicar o tratamento adequado para se controlar ou solucionar as possíveis complicações, através de medicamentos contra a hipertensão arterial ou insuficiência cardíaca, mediante o recurso à diálise, em caso de insuficiência renal, ou até mesmo intervenções cirúrgicas, se houver perfuração de víscera oca do aparelho digestivo. Por último, é muito importante que os pacientes realizem exercícios de fisioterapia, com o objectivo de prevenir sequelas osteoarticulares provocadas pelas limitações consequentes das dores articulares e da debilidade muscular.

Informações adicionais

Aneurismas

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A deterioração das paredes arteriais, consequente da poliarterite nodosa, costuma provocar a formação de aneurismas, ou seja, dilatações circunscritas em alguns sectores dos vasos afectados, o que pode ser muito perigoso, já que um aneurisma pode romper-se a qualquer momento e originar uma hemorragia, com diferentes repercussões de acordo com a intensidade da perda sanguínea e a sua localização - por vezes, é tão grave que pode ser fatal. As possibilidades de ruptura de um aneurisma aumentam em caso de hipertensão arterial, uma complicação frequente nesta doença, que deve ser alvo de um tratamento adequado.

Prognóstico

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A poliarterite nodosa é uma doença considerada grave, já que a sua evolução é, na maioria dos casos, desfavorável, pois costuma provocar a morte a curto ou médio prazo, devido a complicações como uma insuficiência renal, enfarte do miocárdio ou hemorragia digestiva. Caso não se efectue o tratamento, a evolução da doença é de tal forma grave que, 5 anos após o diagnóstico, apenas 10 a 15% dos pacientes sobrevivem. Todavia, as expectativas de vida melhoraram com as modernas terapêuticas farmacológicas e o rigoroso controlo das principais complicações, através dos quais se pode obter a sobrevivência de 50% dos pacientes, 5 anos após o diagnóstico da doença.

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