Polimialgia reumática e arterite temporal

São duas doenças que costumam atacar os pacientes em simultâneo, a primeira caracterizada por dores musculares acompanhadas por uma perturbação do estado geral, enquanto a segunda corresponde a uma inflamação da artéria temporal

Polimialgia reumática

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Esta doença manifesta-se através de dores musculares difusas, nomeadamente no pescoço, ombros, braços, anca e coxas. Embora as dores não sejam acompanhadas de debilidade muscular, proporcionam sensação de debilidade e uma determinada rigidez articular. Estas manifestações têm uma intensidade variável mas, na maioria dos casos, são muito intensas e dificultam bastante a realização dos movimentos, até os mais comuns, como vestir-se ou comer.

Para além das características dores musculares, a doença também provoca uma deterioração do estado geral, com cansaço, perda de apetite (que, a longo prazo, se traduz em emagrecimento), febre ligeira e tendência para a depressão.

Ainda não se conhecem as causas desta doença, mas pensa-se que existe uma certa predisposição genética para o seu padecimento. Além disso, em muitos casos, a doença é associada a problemas de tipo auto-imune, como por exemplo a arterite temporal, visto que se evidencia numa elevada percentagem dos casos associada à polimialgia reumática.

A forma de aparecimento da doença é variável, tendo em conta que, em alguns casos, começa de forma súbita e, noutros, como acontece geralmente, evolui de forma gradual e progressiva. As dores musculares e a rigidez articular são mais intensas durante a manhã, obrigando o paciente a fazer um grande esforço para se levantar da cama.

A evolução da doença é igualmente variável, na medida em que, por vezes, desaparece de forma espontânea ao fim de alguns anos, enquanto que, noutros casos, tem uma evolução crónica, com eventuais episódios em que os sinais e sintomas da doença aumentam de intensidade. Caso não se efectue o tratamento adequado, a persistência da doença por vários anos pode provocar uma grave invalidez.

Arterite temporal

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Esta doença caracteriza-se por uma inflamação das paredes da artéria temporal, um ramo da artéria carótida que sulca de forma superficial a fonte e a parte ânterolateral do crânio, com vista a irrigar a cabeça.

A patologia é facilmente identificável através do aparecimento de uma linha vermelha proeminente e sinuosa ao longo do trajecto da artéria temporal. Para além disso, costuma provocar dores de cabeça persistentes, normalmente em apenas um dos lados, e manifestações clínicas semelhantes às da polimialgia reumática, nomeadamente dores musculares, cansaço, febre e mal-estar geral. À semelhança da polimialgia reumática, com a qual pode coincidir, a sua evolução é variável, embora tenha, na maioria dos casos, uma evolução crónica e persista durante muito tempo.

Noutros casos, a arterite temporal afecta, para além da artéria temporal, outros vasos arteriais de médio calibre, como os que irrigam os olhos e os músculos da face, o que provoca respectivamente alterações da visão e dificuldades na mastigação.

Caso não se efectue o devido tratamento, a doença pode provocar a perda total da visão, a complicação mais temível da arterite temporal.

Diagnóstico e tratamento

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Diagnóstico. É muito difícil proceder-se ao diagnóstico da polimialgia reumática nas fases iniciais da doença, tendo em conta que as suas manifestações são inespecíficas e semelhantes às produzidas por muitas outras doenças. No entanto, regra geral, surgem sinais e sintomas característicos: cefaleias (habitualmente unilaterais) e uma proeminência da artéria temporal, que se torna quente, rígida e dolorosa à palpação. Podem ainda ocorrer alterações visuais potencialmente reversíveis com a instituição imediata do tratamento.

O médico deve começar por interrogar detalhadamente o paciente, com vista a investigar a evolução dos sinais e sintomas e, depois, efectuar um exame clínico completo. Para além disso, costuma solicitar a realização de análises ao sangue, através das quais é possível detectar um aumento da velocidade da sedimentação dos glóbulos, de análises à urina e, por vezes, de exames complementares, para averiguar o envolvimento de outras patologias. Por vezes, deve-se proceder à realização de uma biopsia muscular, que consiste na extracção de uma amostra de músculo afectado e sua posterior observação através do microscópio, sobretudo para comprovar se as dores têm outra origem, já que no caso de polimialgia reumática os resultados serão normais. Quando a doença é acompanhada por uma arterite temporal, o médico pode solicitar a realização de uma biopsia do vaso afectado, através da qual é possível verificar algumas alterações características.

Tratamento. O tratamento baseia-se na administração de corticóides, potentes anti-inflamatórios que proporcionam uma grande diminuição da intensidade dos sinais e sintomas ao fim de alguns dias. Esta terapêutica é de tal forma eficaz que, caso o paciente não melhore ao fim de uma semana, se pode concluir que os sinais e sintomas não são provocados por uma polimialgia reumática. As doses utilizadas variam consoante cada caso específico, sendo mais baixas quando apenas se manifesta uma polimialgia reumática e mais elevadas quando o problema é originado por uma arterite temporal.

Embora o tratamento seja normalmente prolongado, entre vários meses até um ano, as doses de corticóides vão sendo progressivamente reduzidas, já que estes medicamentos podem provocar vários efeitos secundários quando são utilizados durante muito tempo. Caso os sinais e sintomas desapareçam por completo, o tratamento pode ser interrompido, embora seja conveniente efectuar consultas regulares, pois pode surgir uma recaída que coloque em risco a melhoria alcançada.

Informações adicionais

Polimialgia reumática e depressão E

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Embora não se saiba a origem da doença, a polimialgia reumática pode ser acompanhada por um estado depressivo. Em alguns casos, a depressão advém das dificuldades provocadas pela polimialgia reumática na vida quotidiana, pelos problemas em realizar as habituais actividades devido aos problemas musculares, ao cansaço, à falta de repouso, entre outros factores. Por vezes, a depressão corresponde a um problema que faz parte da própria doença. Neste caso, deve-se proceder ao oportuno diagnóstico e tratamento, sob a supervisão de um psiquiatra, com a administração de medicamentos específicos e através da devida ajuda psicológica. É preciso enfrentar o problema com os meios mais eficazes, pois o tratamento do paciente permitirá o bem-estar físico e psíquico, bem como uma melhoria da sua qualidade de vida.

Exercício físico

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A s dores musculares e o cansaço obrigam os pacientes com polimialgia reumática a reduzir a sua actividade física, o que se pode tornar muito prejudicial, pois pode provocar um enfraquecimento da musculatura, propiciando um aumento dos sinais e sintomas. Por outro lado, a prática de exercícios físicos moderados e regulares permite o fortalecimento dos músculos, tornando-os menos sensíveis e protegendo-os da rigidez articular. Para além disso, como o exercício físico permite uma melhoria do estado de espírito, diminui o stresse, abre o apetite e facilita o sono, costuma-se recomendar aos pacientes que tentem manter uma boa forma física através da prática de alguma actividade que não necessite de grandes esforços, como a realização de caminhadas, andar de bicicleta ou a prática de natação.

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