Generalidades
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O gesso, tecnicamente denominado sulfato de cálcio hidratado, é um material com propriedades muito úteis para a elaboração de moldes destinados a imobilizar uma parte do corpo, como parte do tratamento de traumatismos osteoarticulares. O gesso é um pó branco que, após absorver água, endurece rapidamente; por isso, as ligaduras de gesso humedecidas são fáceis de moldar, ficando rígidas após secarem, o que permite realizar uma grande variedade de dispositivos imobilizadores adequados às necessidades de cada caso.Entre as principais indicações, destaca-se a utilização deste recurso para a imobilização de fracturas após a redução da lesão, de modo a manter as extremidades ósseas na posição ideal para a sua correcta consolidação, evitando as deslocações que poderiam alterar o processo. Pode ainda ser utilizado no tratamento de entorses e luxações, de modo a proporcionar repouso absoluto à articulação afectada e permitir uma mais rápida reparação dos tecidos danificados no acidente.
Tipos
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De acordo com as necessidades de cada caso, consegue-se produzir um gesso à medida, de modo a imobilizar um sector específico do corpo, sendo assim possível realizar inúmeros tipos de gesso, embora alguns dos mais utilizados tenham denominações específicas.Existem várias possibilidades para o membro superior. Caso seja necessário imobilizar todo o membro, pode-se recorrer a um
gesso toracobraquial, que reveste o tronco e todo o membro afectado até ao pulso, deixando o ombro em abdução a cerca de 900 e o cotovelo em ângulo recto, enquanto que o ombro e a extremidade contralateral ficam livres. No entanto, o tipo mais frequente é a utilização do
gesso braquial, que reveste a raiz do braço até à linha de flexão dos dedos, deixando o cotovelo em ângulo recto. Em caso de problema no pulso, pode-se utilizar um
gesso antebraquial, que apenas reveste o antebraço, deixando o cotovelo livre até à linha de flexão dos dedos, em alguns casos incluindo o polegar.Existem igualmente vários tipos de gesso para o membro inferior. Caso seja necessário imobilizar todo o membro, costuma-se recorrer ao
gesso pelvipodálico, que reveste a anca e o membro inferior até ao pé, deixando apenas livres os dedos. Uma outra possibilidade é utilizar o
gesso cruropodálico, que reveste a coxa até ao pé, deixando livres os dedos, ou um
gesso tibiossural, normalmente denominado "calça, que reveste a coxa até ao tornozelo, deixando o pé livre. Quando o problema se localiza no tornozelo, costuma-se utilizar um
gesso suropodálico, conhecido como "botina", que reveste a perna desde a parte inferior do joelho até ao pé, deixando os dedos livres.
Técnica de colocação
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A elaboração do gesso consiste, em primeiro lugar, num minucioso exame da zona a revestir, com o objectivo de detectar uma eventual presença de feridas ou lesões que necessitem de uma janela no gesso. Depois, deve-se preparar a zona, por exemplo, procedendo-se a uma raspagem, e colocar o paciente na posição ideal antes da colocação das ligaduras. Para se proteger a pele tanto se pode colocar um tecido tubular, um pouco mais longo do que a zona a revestir, com vista a poder dobrar as extremidades e evitar o aparecimento de dor nas extremidades do gesso, como uma ligadura de gaze e, depois, colocar uma almofada de algodão ou outro material suave, sobretudo para proteger as áreas onde existem proeminências ósseas. Posteriormente, colocam-se os rolos de ligaduras de gesso num recipiente com água e, quando se considerar que o gesso se encontra hidratado, aplicam-se as ligaduras sobre a zona a tratar, moldando-a segundo a forma pretendida. Seguidamente, deve-se manter a zona imobilizada durante alguns minutos até que o gesso endureça, embora apenas seque totalmente ao fim de um ou dois dias, durante os quais se deve adoptar as devidas precauções para evitar deformações, enquanto o gesso adquire uma boa solidez.
Complicações
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A colocação de gesso pode gerar várias complicações, nomeadamente se este apertar excessivamente um sector do membro imobilizado, o que provoca a compressão de um vaso sanguíneo ou de um nervo. Por isso, sobretudo nas primeiras 24 horas de colocação, deve-se observar a extremidade distal do membro, de modo a detectar eventuais sinais e sintomas reveladores de algum problema, como palidez, vermelhidão, cianose (coloração azulada), edema (tumefacção), arrefecimento da pele ou perda de sensibilidade, que necessitem de uma imediata consulta médica. Deve-se igualmente consultar um médico, caso se detecte, ao longo do tempo em que se tenha o gesso, o aparecimento de dor na zona coberta pelo gesso ou uma mancha amarela na superfície do gesso, bem como mau odor.
Informações adicionais
O médico responde
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O meu filho tem a perna engessada há 1 semana e, como se queixa de um certo prurido, está sempre a pedir algo que possa enfiar no gesso para coçar a zona, mas acho que não o deve fazer, pois pode magoar-se...
De facto, tem razão, pode ser perigoso. Normalmente, o paciente costuma ter prurido na zona engessada, mas para o aliviar nunca deve introduzir objectos que possam provocar lesões na pele. Caso o prurido seja muito intenso, o melhor é consultar o médico para que este indique o que deve fazer Para além disso, o médico pode dar-lhe algum instrumento, devidamente acolchoado, para que o seu filho se possa coçar por baixo do gesso. De qualquer forma, o mais conveniente é tentar não dar grande importância ao prurido, pois este pode desaparecer espontaneamente.
Higiene
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Dado que o gesso não deve ser molhado, pois pode amolecer e deformar-se, perdendo a sua eficácia em imobilizar a parte lesionada, sempre que a pessoa engessada se lavar ou tomar duche deve protegê-lo com algo impermeável. Embora existam vários protectores específicos para vários tipos de gesso nas farmácias, é suficiente utilizar um saco de plástico, por exemplo fixado à pele com um adesivo, que revista todo o gesso enquanto se toma banho.